Cláudio Messias*
A estratégia continua a mesma, típica de país que anteontem vivia afundado na inflação e tirava, pasmem, proveito daquilo. Basta a economia do país desequilibrar e o setor de combustíveis, que literalmente abastece as finanças nacionais, dá seus sinais de domínio e lucro. Ou seria coincidência o preço principalmente da gasolina ficar 'congelado' nos últimos anos de pseudo estabilidade econômica e agora, com a inflação mostrando novamente a cara, voltar a subir?
Na semana passada a Petrobrás deu sinal ao mercado e à equipe econômica do governo sobre a situação insustentável de suas contas. Fecha no vermelho há meses, pois compra petróleo, lá fora, mais caro do que revende aqui, no mercado interno. Fruto, claro, da conversa fiada chamada Bacia Tupi, que já em 2013, dizia Lula em 2007, daria a tão sonhada auto-suficiência nacional em petróleo. Não saímos do pré-sal e, agora, nos vemos como a bola da vez, ou seja, a próxima economia a quebrar no cenário mundial.
Mas, cá de volta à realidade da Sucupira do Vale, os preços da gasolina desenferrujaram nas últimas semanas. Estacionados desde o início do ano, quando houve o primeiro reajuste real desde que Lula saiu fisicamente do governo, os preços médios desse derivado do petróleo estão subindo sensivelmente, aos poucos. Garanto que você, proprietário de carro movido a gasolina, nem havia percebido que alguns centavos a mais tiveram de sair do seu bolso a cada passagem pelo posto.
Percebi a diferença de preço quando abastecia em um posto tradicional da cidade. Na costumeira conversa com os frentistas a pauta passou por Papa Francisco, futebol, Assisense, geada e aumento da gasolina. Opa! Como assim, aumento da gasolina? A resposta veio em forma de cara de descontentamento. Sabem bem os frentistas que quando têm de alterar o preço da gasolina nas bombas é porque algo não vai bem no conjunto geral do Brasil. E veio o comentário complementar: e vai subir muito mais até o final do ano.
Cheguei em meu escritório e logo fui ao levamento de preços feito pela Agência Nacional de Petróleo. E os frentistas tinham, como sempre, razão. Lá estavam os centavos a mais incluídos no preço médio final da gasolina. Em um mês, ou seja, 4 semanas, o total incluído passou de R$ 1. Quatro altas consecutivas e o sinal de alerta ligado. Afinal, o governo nem sinalizou, ainda, com autorização de reajuste no setor. Ou seja, caso a Petrobrás seja atendida no pedido de reajuste real de 6%, esse índice incidirá sobre o preço atual, e não retroativo ao que era praticado quatro semanas atrás.
Nos 24 postos de Assis monitorados pela ANP o preço médio da gasolina era de R$ 2,74 no período correspondido a 14 a 20 de julho. Lá, o preço mais barato cobrado pelo litro era de R$ 2,56 e o maior, R$ 2,89. Hoje, preços mínimo e máximo continuam os mesmos, porém o médio subiu para R$ 2,75. Com o prenúncio de que nas próximas renovações de estoque já venham os novos preços.
Já o etanol mantém o comportamento típico de instabilidade de preços. Mesmo após o início da safra, em abril, o preço do litro do álcool combustível só tem subido. Em quatro semanas de monitoramento da ANP o valor médio do litro em Assis passou de R$ 1.73 para 1,74. Do mínimo de R$ 1,57 para a R$ 1,89 entre os 24 postos revendedores locais.
Preço da Gasolina (Fonte: Agência
Nacional de Petróleo – ANP)
Cidade
|
Período
Coleta
|
Preço
Médio
|
Menor preço
|
Maior preço
|
Assis
|
14 a 20/07
|
2,744
|
2,569
|
2,899
|
Assis
|
21 a 27/07
|
2,748
|
2,569
|
2,899
|
Assis
|
28 a 03/08
|
2,754
|
2,569
|
2,899
|
Assis
|
04 a 10/08
|
2,758
|
2,569
|
2,899
|
*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.
Nenhum comentário :
Postar um comentário