segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O atraso é das mangueiras ou do tempo?

Cláudio Messias*

Há, definitivamente, algo errado com o tempo. E quando refiro a tempo entro na complexidade do étimo, com seus múltiplos significados. Apropriando daquilo que enunciavam os mais antigos, olho para o tempo e não vejo somente passado, presente e futuro; vejo chuva chegando ou prenúncio de estiagem. Enxergo, por exemplo, que em 2013, já quase passado, muitas foram as manifestações de que o clima, denominação mais contemporânea para o tempo natureza, esteve anormal. Está fora do normal,

No final da década de 1990 acompanhei o professor Ronaldo Cicciliato, do colégio Xereta, a uma das expedições que fazia com seus alunos nos arredores do rio Paranapanema. De conversa boa e um jeito doidão, estabanado, Ronaldo é uma das pessoas a que chamo de figuraças. E naquele ano - talvez, 1997 -, dentro de um barco a motor, eu e o fotógrafo Lúcio Coelho registrávamos, em reportagem, o contato dos estudantes, em uma aula legítima e literalmente prática de geografia, com o encontro entre os rios Cinza e Paranapanema, cada qual com sua coloração específica. E dentro do barco Ronaldo dizia, na nossa conversa paralela, sobre alguns dos impactos que os lagos das usinas hidrelétricas de Canoas I e II trariam para o Médio Vale.

O professor de geografia e ambientalista advertia para o fato de o impacto ambiental do complexo Canoas ser muito mais amplo do que as adjacências que estavam sob a mira do Ministério Público, do Ibama, enfim, do Estado. Naquele ano as comportas começariam a fechar nas duas usinas, formando definitivamente os lagos, já quase cheios. E como consequência, prenunciava Cicciliato, viriam dias mais quentes e noites mais amenas. Em regiões próximas a lagos artificiais, observava o ambientalista, costumam bater brisas noturnas, principalmente na transição entre noite e madrugada. Mais precisamente, a partir das 23 horas, no caso da região.

Tudo bem, pode ser que a brisa das 23 horas sempre tenha batido em Assis, mesmo antes da vinda do capitão Francisco de Assis Nogueira, mais de um século atrás. Mas, pouco tempo depois de ter ouvido aquela observação de Ronaldo Cicciliato, já formados os lagos de Canoas I e II, lá vem a brisa noturna das 23 horas. A noite pode estar quente, abafada, com o ar aparado, dando aquela sensação de insuportabilidade típica daqui, do Médio Vale, mas em Assis, cravada a meia-noite, está batendo uma brisa. Você, raro e exceto leitor que mora ou está em Assis, faça o teste. A brisa a que me refiro vem do sentido Cândido Mota>Assis, ou seja, sopra na direção Sul>Norte, bem de leve.

Se há, realmente, alteração no clima regional como teorizou Ronaldo Cicciliato ela decorre de intervenção humana, já que os lagos do complexo Canoas são, obviamente, artificiais. No macro, contudo, creio que seria promover demais a raça humana dizer que o planeta como um todo está mudando em decorrência de nossa curta passagem cá por esse solo que nada mais é do que um ponto isolado e perdido no Universo (fosse o contrário, receberíamos marcianos, venusianos e outros extra-terrestres para as festas de fim-de-ano, aniversários, batizados, etc, sem contar que muitos exemplares masculinos daqui pagariam pensões em outras galáxias, etc).

É essa mudança macro, no clima, que me instiga ultimamente. Já citei aqui, no Blog, meu estranhamento a um Natal, na década passada, em que tivemos, em casa, de recorrer a parentes e vizinhos para dar conta de acomodar a todos os visitantes, à noite, com... cobertores. Era 23 de dezembro de 2004, em um início de verão cinza, que mais parecia outono. Nuvens baixas, garoa e temperatura abaixo dos 20 graus. Agora, neste exato momento em que escrevo, o relógio marca 12h02 de 30 de dezembro, o céu está cinza e a temperatura ambiente é de 25 graus.

Minha avó materna, Ana Rosa de Oliveira, uma descendente de portugueses que casou com Stefano Sussel, austríaco chegado ao Brasil em 1898, passou 2/3 da vida na Água da Cruz, próximo ao Tabajara, berço da maioria dos causos que aqui registro no Blog. Dizia ela, já morando na cidade, mais precisamente na vila Adileta, que em ano que dá pouca manga, no pé, a geada no inverno seguinte é certa. Fruto, isso, de frequentes e atentas observações no tempo, no comportamento das nuvens, na formação nebulosa ao redor da Lua.

Quem ainda se dá ao luxo de pegar o carro e, mesmo não tendo parentes proprietários de sítios nos arredores da cidade, sai em busca de contato direto com o mato ou com o cheiro de bosta de vaca sabe as mangueiras deram, por essas semanas, o maior golpe naqueles que apreciam chupar o fruto pegando-o direto no pé. Sim, as mangueiras atrasaram a safra neste ano. Costumamos ter manga madura já no final de novembro. As mangas rosa e a coquinho costumam dar primeiro, depois vindo a espada, a manteiga a bourbom, a coração-de-boi, enfim, as maiores e mais suculentas. Aqui, na região, passado o Ano Novo os manguerais ficam repletos de frutos caídos, maduros, no raio de suas densas sombras. A fartura é tanta que por mais bonito e no-ponto que esteja uma manga caída ao chão, prefere-se apanhar uma 'in natura', no galho, dada a fartura.

Domingo, dia 22, fui com a esposa até uma propriedade que pertence a conhecidos, situada entre Assis e Paraguaçu Paulista. Garrafas d´água e facas à mão, decepcionamos ao chegar às mangueiras. Cada um chupou uma manga, ainda assim, mais puxada para verde do que madura. As mesmas mangueiras que há anos visitamos desde o final de novembro tinham, dez dias atrás, mangas verdes ao ponto de sequer atingir o tamanho ideal para começar a madurar. E em relação aos anos anteriores, menos frutos por pé. Logo, vem à lembrança os prenúncios de vó Ana, criando expectativas para o inverno de 2014.

As mangueiras dão florada normal, todo ano. O que determina a quantidade de mangas por pé é o vento. De maio, na florada, até o auge do verão, quando os frutos cessam, quanto mais ventos fortes der com as mangas já formadas, mais frutos cairão. A sabedoria popular diz que esses frutos caídos pela influência do vento são, na realidade, aqueles que seriam menos doces, mais frágeis. Logo, na lei da natureza, a manga que estiver madura e em fase de maturação, hoje, passou pelos testes de qualidade da mãe natureza e tem selo ISO de garantia.

Mas, o que dizer das gabirobas, então? As gabirobas são típicas da vegetação do cerrado e ficam reduzidas, em roça, a cada queimada de inverno ou a cada ação de 'esperteza' de fazendeiros que anualmente ampliam suas propriedades a partir da gradual falência do pequeno produtor rural não só de Assis, mas do país como um todo. O grande latifúndio reduz a áreas insignificantes os campos de gabiroba, porém não é essa intervenção humana que faz com que a safra atrase como atrasou em 2013.

Peço desculpas ao raro e exceto leitor que também não aventura-se a sair da cidade periodicamente e cotejar a natureza em seu berço legítimo, o campo, mas tenho que dizer que somente quem assim o faz sabe que as gabirobas também atrasaram. O tempo de maturação ideal costuma incidir em novembro, mês em que os apreciadores da fruta a esperam na feira-livre ou nas acomodações das sorveterias. Nem feira, nem sorveteria. Novembro foi um mês em branco, sem gabiroba. A fruta só contemplou os apreciadores a partir da segunda semana de dezembro, ainda assim em safra pequena se comparada a anos anteriores.

As explicações para tais fenômenos carecem de um tipo de pesquisa que a biologia ou a biotecnologia condicionam a anos de investigação. Podem, claro, não dar em nada e apontar para o fato de isso ser um mero detalhe, atípico para a nossa finita e curta passagem por esse solo e normal para a infinita e longa passagem do planeta pelo vasto Universo. Mas, nós, humanos imediatistas, que priorizamos o agora em detrimento do que aconteceu e miramos o porvir, por mais que queiramos ter a sensação de que está tudo normal, parafraseamos nossos antepassados e ratificamos o básico enunciado de 'continuar com a pulga atrás da orelha', pois que há algo errado no clima, no tempo, ah, isso há!


*Professor universitário, historiador e jornalista, e´mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.


sábado, 28 de dezembro de 2013

FISCALIZAÇÃO ELETRÔNICA - 28/DEZ



SÓ NA SAUDADE

Fiquei mais de 10 anos sem ir ao parque de exposições "Jorge Alves de Oliveira", recinto da antiga Ficar. Ia, antes, para trabalhar, ora cobrindo eventos como jornalista, ora dando assessoria de imprensa àquele que foi, disparado, o maior evento anual da cidade, assim como do Médio Vale. Retornei ao parque na ocasião dos preparativos para o Assis Country Fest, evento cancelado em meio a uma gama de incertezas.

SÓ NA SAUDADE II

O que vi lá, no parque de exposições, é digno de dar dó. Instalações abandonadas e a sensação, para quem lá já esteve na tríade antes>durante>depois de uma edição da Ficar, de que trata-se de um ambiente de cidade fantasma. Sem a Ficar o recinto morreu. E organizar qualquer evento, lá, é como revirar o defunto, já enterrado, no caixão. Cada ano sem Ficar representa um tipo novo de depredação ao patrimônio público.

SÓ NA SAUDADE III

Observando o parque em sua parte externa, ou seja, a partir da cerca que deveria separá-lo enquanto espaço público sob a égide do município, deduzi que com um evento da magnitude com que o Assis Country Fest fora anunciado poderia haver problema. E problema sério. Com o quê? Segurança. Afinal, como conter o avanço de dezenas de milhares de pessoas que, impossibilitadas de pagar ingresso, quisessem adentrar ao parque fora do acesso pelas portarias?

SÓ NA SAUDADE IV

Com um 'grande' show por noite a Ficar colocou 35 mil pessoas no recinto em sua oitava edição, em 1995, na apresentação da hoje extinta dupla João Paulo & Daniel, em plena terça-feira. Em ano seguinte, Sandy & Júnior teriam levado mais de 60 mil pessoas ao recinto. Era uma época em que os considerados bons shows vinham à cidade no período da Ficar, ganhando críticas de pessoas que não queriam ver seus artistas preferidos no aperto em que se transformava o parque de exposições durante os 9 dias de realização da feira. Segundo os críticos, a vida cultural de Assis se resumia à semana da Ficar.

SÓ NA SAUDADE V

Há uma década sem Ficar, Assis perdeu os grandes shows. Nem entro no detalhe se 'grande' é sinônimo de 'bom'. E na carência de realização anual da Ficar ficou a expectativa pelos caros espetáculos que ora vêm cá, na Sucupira do Vale, em apertados ambientes cujos projetos não previam grandes ou boas apresentações. Daí o risco que vi na realização do evento de uma semana atrás. Dezembro, férias, final de ano, assisenses de fora retornando em visita a familiares e a possibilidade de dezenas de milhares de expectadores se dirigirem a um parque de exposições sem estrutura para comportar tal demanda.

SÓ NA SAUDADE VI

A responsabilidade, também chamada de irresponsabilidade, no caso, é toda do poder público. A Polícia Militar fez a parte dela, como é do conhecimento de todos. Para determinado contingente de público há necessidade de um efetivo de segurança, sendo uma parte de policiais e a grande maioria, no interior do recinto, de caráter privado. Mas, com o abandono do parque de exposições enquanto extensão do patrimônio do município, a Prefeitura é culpada desde a época de Carlos Nóbile, passando duplamente por Ezio Spera e seus dois mandatos e, agora, caindo no colo de Ricardo Pìnheiro. Que o susto tenha servido de exemplo e algo seja feito.

FÓRMULA VENCIDA

Organizar feiras agropecuárias de grande magnitude tem se tornado algo raro, e complicado. O primeiro evento sepultado foi a Examar, de Marília, no final dos anos 1990. Depois, vieram ExpoPardo, de Santa Cruz do Rio Pardo, e Ficar, de Assis. Mais recentemente, com a despedida ao empresário Fernando Quagliato, há dúvidas quanto ao destino da Fapi, de Ourinhos. Os motivos são sempre os mesmos: quem organiza, seja município, sindicato rural ou outras instituições representativas, fecha o evento com o saldo no vermelho, enquanto quem participa sai necessariamente no lucro, desde o público até os expositores.

TRAGÉDIA EMINENTE

No final da tarde de Natal levei meu pai e família de volta a Martinópolis, no trajeto Paraguaçu Paulista>Quatá>Rancharia. Com o testemunho da esposa, contabilizei quase uma dezena de circunstâncias em que motoristas visivelmente embriagados quase provocaram acidentes na rodovia, em trajeto de 100 km. Na totalidade dos casos, motoristas alcoolizados colocando em risco famílias inteiras, pois os veículos continham crianças como passageiros.

EM TEMPO

Semanas atrás cometi o lapso de grafar 'embriaguês' cá, no Blog, em artigo replicado (no sentido transitivo direto) no Jornal da Segunda Online. Confesso que quando escrevia o texto vi o destaque, em vermelho, do corretor ortográfico do Blogger (plataforma do Google que hospeda os blogs) e cheguei a tirar o circunflexo e, pasmem, colocar "i", de 'imbriaguês', na tentativa de verificar uma forma possível de correção. Os raros e excetos leitores contribuem, sempre, para que erros e equívocos sejam corrigidos. E de leitor paraibano veio a advertência: embriaguez. Sem acento circunflexo e com 'z'. Aprendendo depois dos 43 e levando uma surra da convicção.

FORA DO TEMPO

O jornalismo online ainda carece de aprimoramento em Assis e na região. Na pressa de formalizar o furo, o que é normal, alguns textos são lançados por sites de notícias da cidade e da região sem muita preocupação com a correção de equívocos ortográficos. O que não é normal é ignorar a necessidade de aprimoramento dos textos, depois de lançada a notícia. O resultado é uma avalanche de internautas postando comentários e/ou, pior, replicando as barbeiragens ortográficas via redes sociais. Sim, ainda exite o pior do pior: sites já tradicionais, mesmo criticados por quem os lê, permanecem omissos aos próprios equívocos. Triste e constrangedor.

SÓ NA MEMÓRIA

Todo final de ano incorporo meu lado 'Craudomiro' e faço pequenos reparos necessários para que a casa funcione. Craudomiro é o nome imaginário que dou ao personagem Cláudio Messias pedreiro/encanador/eletricista/marceneiro e, por que não, destruidor, pois nem sempre o resultado final corresponde àquilo que fora planejado na residência.

SÓ NA MEMÓRIA II

Compro meus materiais na Trevo, na avenida Dom Antônio. E como o combustível de Craudomiro é etílico, sempre faço o trajeto de volta passando... na loja da Rede Avenida da avenida Dom Antônio, onde... comprava um fardo de cerveja Antártica Subzero em lata. Que triste quando nos damos conta de que um ponto comercial com a tradição de um bairro está desativado. Sim, a loja da Rede Avenida na Dom Antônio já não funciona mais, passando por reforma, como já anunciado aqui, no Blog, mais precisamente nessa coluna, para receber a central de panificação da rede supermercadista.

RETROCESSO

A totalidade dos assisenses ficou sem opção para assistir, na TV, as meninas do handebol do Brasil se tornarem campeãs mundiais, domingo passado. Não bastava ser assinante de qualquer das operadoras, como Sky, Net, Claro,Vivo ou Oi, muito menos ter SkyGato, pois em nenhum deles há a opção do canal Esporte Interativo. Pior ainda para aqueles que assinam a Cabonnet. O canal Esporte Interativo não chega a Assis na TV aberta, nem na Cabonnet e está fora das grades das hegemônicas operadoras de TV paga do país. Rico, pobre, enfim, todos ficaram chupando os dedos na cidade, tendo de suportar a chatice dominical que as emissoras oferecem às vésperas de Natal.

VETADO

O estádio Tonicão sequer foi sondado pela Federação Paulista de Futebol para receber jogos da Copa São Paulo de Futebol Júnior, que começa semana que vem. Com a interdição do Abreuzão, em Marília, a Federação negociou com a prefeitura de Osvaldo Cruz, que mantém o pequeno e simpático estádio "Breno Ribeiro do Val', por sua vez correspondente à metade do Tonicão, mas em condições para receber jogos importantes. Lá, o estádio tem arquibancada coberta, gramado de boa qualidade e sistema de iluminação. Detalhe: Osvaldo Cruz corresponde a 1/3 de Assis, política e economicamente falando. Pequeno no tamanho, grande na eficiência e na competência.

VETADO II

Vigora há um mês relatório com os novos apontamentos feitos para que o Tonicão seja enquadrado nas normas que permitem receber jogos da Federação Paulista de Futebol em 2014. Nesse ano o estádio foi liberado na semana em que o Assisense estreou na Segunda Divisão, depois de, às pressas, ser instalado sistema de pára-raios, ainda assim sob intervenção direta da iniciativa privada.

RETORNO

Por falar em Segundona, o conselho técnico que definirá calendário e clubes participantes na temporada 2014 ocorrerá em 22 de janeiro. Sabe-se que a fórmula de disputa será mantida, com fases de grupos. A novidade será a alteração no calendário do torneio, compensando a parada de um mês para a Copa do Mundo. Fala-se em ouvir os clubes sobre as duas possibilidades: antecipar o torneio em um mês ou levá-lo até dezembro, mas sabe-se que a decisão já é levada ao conselho técnico.

RETORNO II

A Segundona exige grande efetivo de árbitros e auxiliares, pois é o maior torneio organizado pela Federação, junto com a Copa São Paulo de Futebol Jr. Por isso, começa depois da fase de pontos corridos da A-2 e da A-3. A tendência é que por isso, em 2014, não haja inclusão de novos clubes na Segundona. Pelo contrário, clubes que apresentaram problemas extra-campo e foram submetidos a julgamentos na Justiça Desportiva correm o risco de ficar 2014 sem disputar a competição.


FICOU

O meia Marcelo Oliveira continuará vindo a Assis regularmente em 2014. Ele renovou contrato por mais um ano no Palmeiras e, assim, poderá visitar sem maiores transtornos o sogro, Alfeu Vopini. O jogador é considerado peça-chave no esquema do técnico Gilson Cleina, a quem é atribuída sua permanência no clube da capital.

BOLHA

O mercado imobiliário de Assis viveu em 2013 o maior aquecimento da história. Com a vinda do residencial Dhamas, formalizada há quase três anos, tem sido girado inédito montante de investimento em três setores básicos da construção civil: o de projetos, o de execução e o de decoração. Algo em torno de 80% do primeiro pacote de comercialização está praticamente fechado nesses três patamares de gestão naquele que é considerado o maior empreendimento de alto padrão da história da Sucupira do Vale.

BOLHA II

Com esse cenário repete-se uma tendência verificada em outros condomínios da cidade. Se, primeiro, surge um determinado empreendimento, a classe mais abastada lá corre para estabelecer-se. Quando outro, e melhor, empreendimento aparece ocorre a transição desses poderosos ao novo e praticamente cessa-se a procura por imóveis vagos no empreendimento anterior. Segundo analistas do setor, com o Dhamas a tendência é de estagnação de condomínios que, nobres, sequer chegaram a 50% de comercialização de suas áreas ainda disponíveis. Em resumo, tem muita oca para pouco cacique na cidade.

BOLHA III

O impacto, já em 2014. para o planejamento urbano de Assis será considerável. A primeira consequência tende a ser a popularização dos valores de imóveis nos primeiros condomínios, principalmente aqueles com alto índice de áreas ociosas. Aqueles que têm imóveis e estão estabelecidos e confortados nesses empreendimentos tendem a sentir o impacto, gradativamente, da chegada de vizinhos não tão abastados.

PRÓS E CONTRAS

Na próxima coluna eu manterei cá, no Blog, a tradição que iniciei em minhas colunas da época em que colaborava com um site de notícias da cidade. Farei o Top 10 com o que mais aprovei e com o que mais reprovei na rotina da Sucupira do Vale nesse ímpar ano de 2013.

CÁ ENTRE NÓS...

... e o imbróglio da renovação de contrato com a Sabesp, como fica? Ou precisaremos ter um prefeito advogado, no futuro, que resolva esse tipo de pendência contratual?


IMAGEM DA SEMANA

SECURA - Voltou a chover em Assis na véspera do Natal. Mas, os quase 30 dias de estiagem trouxeram um prejuízo pouco notado na cidade, acalentada pela temperatura amena principalmente no cair das noites. Se fez calor moderado durante o dia, desde o final de novembro, a partir do início das noites as temperatura ficaram abaixo dos 20 graus, chegando, inclusive, a exigir cobertura com lençol e  madrugadas com 16 graus. Na zona rural os agricultores, principalmente aqueles que plantaram soja e milho já na transição da safra de inverno com a safra de verão, perderam o sono, mesmo com madrugadas típicas para o bom repouso. Sim, faltou chuva no momento mais importante de desenvolvimento das plantas. Conheço propriedades onde a soja, que nessa época do ano costuma apresentar coloração verde-escuro e crescimento que a coloca a uma altura de 60 centímetros, está verde-amarelada e com pouco mais de 30 centímetros de estatura. Assim, a perspectiva de super-safra, lançada pelo Ministério da Agricultura em outubro, saiu da pauta e ninguém fala mais nisso. Além do Médio Vale, ou seja, do Sudeste, o Sul e parte do Centro-Oeste, maior berço de produção de grãos do país, amargaram falta de chuva. Os estados mais afetados são São Paulo e Paraná, mas Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás também lamentam tal cenário. Aqui, prejuízo de 30% a 40%, dependendo da região. Cândido Mota, Palmital, Florínea, Cruzália e Platina plantaram soja e milho mais cedo e são as que mais perdem. O impacto dessa queda de produção virá no segundo quadrimestre de 2014, na comercialização da safra. Na foto acima, imagem da aproximação de massa de chuva no final da tarde do dia 22 de dezembro, tendo como fundo as instalações da antiga Ceagesp, hoje território da Aprumar, uma das mais legítimas instituições de representação dos pequenos e médios produtores rurais do Médio Vale, responsáveis por mais de 70% da produção agrícola que daqui sai.


sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

E agora, prefeito, como está o nosso dinheiro em Assis?

Cláudio Messias*

Já disse cá, nesse espaço de elucubrações, que assisti, bloco e caneta à mão, os prefeitos Zeca Santilli, Romeu Bolfarini, Carlos Nóbile, Ezio Spera e Ricardo Pinheiro assumindo seus mandatos, na prefeitura de Assis, lamentando que os cofres do município estavam esgotados o suficiente para inviabilizar grandes investimentos em primeiro ano de mandatos passados. Desses citados, Zeca e Ezio tiveram dois mandatos. O primeiro reclamou do antecessor Bolfarini enquanto o segundo reclamou dele mesmo, uma vez que foi, entre os mais complexos ineditismos que caracterizaram sua passagem no Poder Executivo local, o primeiro da história a ser reeleito pelo voto direto, democrático, do povo.

Ouvido de jornalista, nesses momentos de início de mandato, assemelha-se a divã de psicanalista ou ao recluso de confessionário. O chororô é o mesmo, repetitivo, como se aquele mediador entre fato e notícia suficiente fosse para convencer a opinião pública de que comandar uma Prefeitura não é uma ação necessariamente caracterizada por investimentos feitos a partir de cofres que transbordam notas de cem reais. Vontade tivemos e temos de, bloco e caneta no bolso, olhar para a cara desses sujeitos eleitos pelo voto popular e perguntar: "mas o que você esperava encontrar em um município do interior, cravado no sertão de um país que há décadas ensaia engrenar como nação em desenvolvimento?".

Exatamente um ano atrás a equipe de transição Ezio/Ricardo encerrava os trabalhos. O prefeito eleito já sabia o tamanho e a grossura da broca que lhe furara o tronco. E, se candidato, imaginou que esse tronco era aroeira, acordou do sonho tendo em mãos um mero eucalipto. E, sabe bem o prefeito dos 15 mil votos, nem tratado o eucalipto dura o quanto se imagina. Começa a apodrecer na base e, em um vacilo mínimo, faz toda a estrutura cair. De olho, portanto, no tronco dessa gestão.

Na base da boca maldita muito se falou um ano atrás. Cá, na redoma do universo paralelo de quem não vive o dia a dia da política local, chegaram tantas suposições relacionadas ao dinheiro público que cheguei a imaginar out-doors nas rodovias que cercam Assis, com os dizeres: "vende-se". Afinal, é isso que um gestor faz quando vê que o negócio não vai mais pra frente e que é melhor vender do que fechar, para não ficar com o prejuízo total. Ouvi falar de fazenda de R$ 250 milhões comprada em Mato Grosso, condomínio de luxo construído fora de Assis e até mesmo de frota de helicópteros na capital paulista. Tudo fruto daquilo que justificaria o tal rombo de R$ 25 milhões nos cofres públicos. Assis estava falida e mau paga, com adaptação do trocadilho.

Acreditar em boatos é dar tiro no escuro. A especulação nasce em mentes mal-intencionadas e atinge o alvo mediada por jornalistas que ora assinam releases, ora não tiram a bunda da cadeira das redações para verificar a veracidade daquilo que foi plantado em sua tenra cabeça. Um amigo de mestrado na USP pesquisou nos fóruns da cidade de São Paulo os processos movidos contra jornalistas e empresas de comunicação. Mais de 75% das ações nascem de partes que se dizem prejudicadas pela divulgação de atos que elas não cometeram. Pior, quase a totalidade das ações perdidas por jornalistas e empresas de comunicação tiveram origem em notícias relacionadas a fatos que nunca existiram. Ou seja, não praticou-se o jornalismo na forma como as Ciências da Comunicação assim concebem.

Mas, quase um ano atrás, o rombo nos cofres da Prefeitura de Assis não eram fruto de rumor como esse que só atrapalha a já sufocada Justiça. A fonte era mais que primária, pois o prefeito Ricardo Pinheiro veio a público para anunciar medidas de austeridade que no mais curto prazo possível colocassem o município nos eixos, próximo da normalidade. Funcionários da inchada folha de pagamento da Prefeitura estavam com salários atrasados, com benefícios não recolhidos e a máquina pública enferrujava-se sem o vívido lubrificante chamado dinheiro. Aliás, dinheiro tinha, sempre tem e sempre terá. O que faltou, falta e talvez sempre faltará é competência para geri-lo.

O ano de 2013, tido por numerólogos, tarólogos, vagólogos e outros tipos de ólogos possíveis como um ano que pode ser negativo ou positivo por sua terminação 13 (como se outra possibilidade houvesse entre positivo e negativo no universo esotérico), começou deixando a todos com a sensação de que coisas boas não viriam no primeiro de quatro anos do prefeito Ricardo Pinheiro. E não vieram mesmo, pois apesar de ter escolhido uma médica para ser sua vice ele viu, vê e pelo jeito vai continuar vendo o pronto-socorro sendo porto de passagem para pacientes que lá chegam vivos, em emergência, e de lá mortos saem, sob os mais diversos tipos de acusação. Mas, coisas boas vieram também e isso salvou o primeiro round de uma luta prevista para durar quatro assaltos.

A parceria com a Polícia Militar, anunciada logo no início do mandato, levou a presença do Estado a recantos que careciam de investimento do gênero. Não, Assis não ficou menos violenta, não está menos violenta e com certeza não ficará menos violenta. O que estou falando, apenas, refere-se à representação do Estado em territórios onde o caos começara a estabelecer-se. Em uma situação totalmente distinta, mas passível de ser imagética, uma viatura dentro do Parque Buracão e uma UPP nos morros do Rio assume um mesma representação. Quem é usuário do Parque, em Assis, sabe bem do que falo.

Há um grande investimento sendo feito em educação e isso não chega aos ouvidos ou aos olhos dos 97 mil habitantes da cidade que sonha ter mais de 100 mil assisenses. Tal qual canos de água e redes de galeria pluvial, ocultos debaixo da terra, sala de aula tem quatro paredes que só alunos e professores veem. Quantitativos, contabilizamos quantas escolas um prefeito inaugura, porém não reconhecemos ou fingimos desconhecer que uma nova sala de aula erguida em escola velha é tão ou mais importante do que construir uma escola nova, pois atende a uma comunidade escolar já constituída por corpos docente e de gestão inteirados com o saber ali estabelecido. Construir uma escola é física e financeiramente fácil. Quero ver levar qualidade ao ensino ali, naquele recinto. Esse qualitativo depende de fatores vários, que vão de uma remuneração condizente à valorização que educadores merecem a uma infra-estrutura que contemple as políticas públicas previstas em forma de parâmetros curriculares nacionais, estaduais e do próprio município. E isso, meu amigo, aqueles que são eleitores, pais de alunos e jornalistas não veem. Esses três sabem, sim, xingar a escola, o professor, o estado, o município e a presidente da República quando os números locais são comparados com os parâmetros internacionais e mostram resultados que o hegemônico mundo dos tidos países desenvolvidos aponta como negativos. Sabemos xingar a educação, mas não temos sequer a cultura de ir a todas as reuniões de pais de alunos convocados pela escola para falar de nosso filhos. E se não vamos à escola, não vemos em primeira pessoa o terreiro de formação de nossas gerações futuras, vamos criticar o quê?

Enfim, a educação vai bem nesses primeiros meses, só que, Ricardo Pinheiro e quem estuda ou está diretamente envolvido com o ensino sabem, os resultados virão depois que esse mandato terminado estiver. Daí a mão à palmatória de todos, de maneira a reconhecer que o que colocou Assis na condição de 28ª melhor cidade do Brasil para se viver não foi Ricardo Pinheiro, mas, sim, Ezio Spera, Carlos Nóbile, Romeu Bolfarini e Zeca Santilli, que décadas atrás iniciaram investimentos que sempre fizeram de Assis um modelo nacional de desenvolvimento da educação. Para quem tem memória curta cito o exemplo do Projeto Recriança, da década de 1990, cujo modelo foi adotado por Cuba, e o Semearte, que deu origem de gestão à atual FAC.

Com as últimas gotas de 2013 passando pela cânula, que o prefeito dos 15 mil votos, antes de arquivar a agenda de seu primeiro ano de mandato, regresse às páginas iniciais e encontre a data exata da entrevista coletiva que convocou para, mediante a ouvidos de jornalistas portando bloco de papel e caneta, divulgar à cidade a situação financeira da Prefeitura. Que o povo tem memória curta todos sabemos, assim como reconhecemos que esse mal é brasileiro, e não uma exclusividade de quem mora na Sucupira do Vale. De boa valia será, contudo, que o próprio chefe do Executivo, agora presidente do Civap, preste as mesmas contas à população. Se havia caos, o que há agora? Exatamente um ano depois irei esperar por essa coletiva.

Uma ótima oportunidade de iniciar o ano da Copa do Mundo em estreito diálogo com a população que em partes o elegeu, Ricardo Pinheiro. Afinal, o agir público é guiado pela opinião pública e gestor nenhum fica satisfeito quando sabedor é de eventual rejeição do todo a seu trabalho. Arrisco dizer que numa eleição, hoje, Ricardo Pinheiro teria mais do que 15 mil votos, uma vez que seu trabalho já pode ser visto e deixa de ser uma hipótese na cabeça dos eleitores. Prestar contas sobre como está o meu e o seu dinheiro, raro e exceto leitor, faz de Ricardo Pinheiro um prefeito que atende aos 15 eleitores que lhe confiaram voto em 2012  e contempla os demais que ou votaram em outros candidatos ou simplesmente não votaram. Até porque ele governa para todos e não para poucos.

*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.


quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

FISCALIZAÇÃO ELETRÔNICA - 18/DEZ


AUSÊNCIA

A rotina de fim de ano de educador e pesquisador tirou-me do ar, no Blog, por mais de um mês. Fiz uma ou outra postagem de conteúdos, mas os dropes do Fiscalização Eletrônica, que exigem contato permanente com fontes e rodas de conversa informal, precisaram ser deixados de lado. Agradeço, aqui, pelo voto de confiança manifestado via e-mail, redes sociais e encontros presenciais por um número de raros e excetos leitores que considero respeitável. A maioria, claro, cobrando o retorno da coluna.

AVANÇO

Entre os compromissos que tive no bimestre outubro/novembro e que culminaram em dezembro esteve a formalização de meu ingresso no Doutorado em Ciências da Comunicação na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Sou pesquisador no Núcleo de Comunicação e Educação da ECA/USP desde 2009 e faço a mediação, dentro do projeto de doutoramento, de diálogos científicos com universidades do Chile, da Argentina, do Uruguai, da Colômbia, da Bolívia, da Venezuela, dos EUA, da Itália, de Portugal e da Espanha.

AVANÇO II

Meu orientador de doutorado é o mesmo do mestrado, Ismar de Oliveira Soares. Em aposentadoria compulsória desde outubro passado, somente em 2013 ele passou a dispor de vaga para doutorado. Juntos, continuaremos desenvolvendo pesquisa conceituando a Educomunicação na América Latina, na América do Norte e na Europa, trabalho de investigação iniciado em 2010. A previsão de defesa da tese fica para o segundo semestre 2016.

SEM KING

Não foi pra frente o projeto de instalação de uma franquia do Burguer King no shopping local. A avenida Dom Antônio passa a ser o local estudado pelo franqueado, mas somente para o segundo semestre de 2014.

SANTO DE FORA

Causou estranhamento uma tarde de compra em supermercado situado na cidade de Paraguaçu Paulista. Ao passar pelo caixa, cupons para concorrer a prêmios. Mas, em promoção realizada na cidade de Assis. Carimbo do supermercado de lá, cupom de cá.

SANTO DA CASA

As dificuldades enfrentadas pelo setor de educação privada de Assis continuam. O mais tradicional colégio local sequer conseguiu, até agora, acertar integralmente a folha de pagamento de dezembro. Primeira parcela do décimo terceiro é assunto que sequer entra em pauta por enquanto.

SANTO NEGÓCIO

O grupo Uniesp, que nasceu em Presidente Prudente, continua rodeando o mercado de ensino privado de Assis. Meus amigos Fernando Costa e Cláudia Pereira, proprietários da bandeira que reúne ensinos fundamental, médio e superior, há mais de dez anos não escondem a vontade de adquirir o IEDA.

SANTO NEGÓCIO II

Trabalhei na Uniesp no triênio 2008/2009/2010, onde lecionei e coordenei o curso de Jornalismo, até hoje um dos únicos a sobreviver no mercado privado em um raio de 150 km. Com a desativação do curso de Jornalismo na Fema, a Uniesp tem planos nesse sentido para Assis.

IDADE

Com o falecimento do empresário Ernani Zwicker uma dúvida pairou na cidade a partir do que foi divulgado pela imprensa regional. O empresário morreu aos 66 anos?

DESPEDIDA

A retrospectiva de 2013 não pode ignorar as perdas que a sociedade assisense teve durante os 12 meses. Além de Ernani Zwicker, pioneiro na implantação de um ensino privado de qualidade, despedi-me de Vágner Staut e Vítor Fonseca, esse último, além de amigo, médico de toda a família.

DESPEDIDA II

Além do consultório, o ambiente das minhas conversas com Vítor Fonseca era o clube onde fomos sócios em comum. Pessoa admirável, pai de família como poucos e uma habilidosa conversa que o colocava nas mais variadas rodas, seja qual fosse a pauta. Trabalhador, foi ser perito da Polícia Civil dentro do objetivo de formar os filhos, pequenos.

EXTRA

Contribuo há anos com uma instituição que cuida de idosos em Assis. Recebo mensalmente uma ligação telefônica e é feito o agendamento para que o dinheiro seja recebido em minha casa. Quase nunca o horário agendado é cumprido, mas esse é um outro detalhe.

EXTRA II

Neste mês, recebi o pedido para que dobrasse o valor doado, por ser dezembro. Como isso não ocorrera em anos anteriores, perguntei o por quê daquela sugestão. Para minha surpresa, fui informado de que o serviço de cobrança, feito por motoboy terceirizado, carecia de pagamento do décimo terceiro. Fiquei indignado. Não com o décimo terceiro do motoboy, que é trabalhador. Mas, com o fato de ser mais importante pagar o benefício a um serviço terceirizado do que necessariamente contemplar com atendimento aos idosos que eu sempre imaginei estar ajudando.

EXTRA III

Em outros tempos eu colaborava com outra instituição de Assis, sob a mesma forma de recebimento/pagamento em domicílio. Minha relação doador/instituição terminou quando, atendendo a sugestão feita pelo Ministério Público em reportagem, na TV, sobre falsas campanhas que dizem atender instituições, pedi para que fosse enviada, na próxima cobrança, uma prestação de contas com detalhamento sobre o que foi feito com o dinheiro arrecadado no ano anterior. Até hoje estou esperando tal prestação de contas, mas, igualmente, nenhuma ligação telefônica chegou até mim pedindo novas doações.

BATE E VOLTA

Por falar em serviço em domicílio, cá chegou e voltou uma encomenda 'especial'. No canhoto de recebimento as iniciais do destinatário J B S. Minha opinião e meu ponto de vista, quem me conhece sabe, nunca se renderam a estratégias mercadológicas que tentam reverter o irreversível. Sou jornalista, educador, cidadão e... consumidor. Meu recado continua sendo: "Tony Ramos, passe amanhã com sua propaganda enganosa".

ESTÁTICO

É preciso que passe muita água debaixo de ponte para que se aprenda a lidar com o universo do futebol. Aos bons entendedores, o Clube Atlético Assisense continuará disputando a Segunda Divisão do Campeonato Paulista em 2014. E junto com a Inter de Bebedouro, que não foi para a A-3 com a alienante possibilidade de quinta vaga especulada na reta final da temporada de 2013.

FALTA MUITO

Uma figura da política local que não merece sequer a exposição do nome aqui, nesse espaço, provocou-me publicamente semanas atrás, questionando se eu iria calar a boca agora, com a troca do gramado do estádio Tonicão e a instalação do sistema de iluminação. Referia-se a artigo daqui do Blog, replicado no Jornal da Segunda Online, em que critiquei a inocuidade do prefeito Ricardo Pinheiro, dos 15 mil votos, sobre a situação de estádio permanentemente inacabado do Tonicão.

FALTA MUITO II

Calar, esse político bem sabe, eu não calo. E também não acredito que o Tonicão tenha o gramado trocado a tempo de iniciar as disputas da Segundona de 2014, assim como sento para ver a iluminação ser instalada. Sento, óbvio, debaixo de sol ou sob chuva, pois nada fala-se da cobertura das arquibancadas do estádio. Para conhecimento geral, os sistemas de cobertura e iluminação precisam fazer parte do mesmo projeto, para não correr o risco de um comprometer o outro.

FALTA MUITO III

Quem quer trocar um gramado faz como a prefeitura de Tupã fez, quarenta dias atrás. Inicia o serviço a tempo, e com planejamento antecipado, para que o calendário da Federação Paulista de Futebol seja contemplado. Tupã ira disputar a Série A-3, que começa já em janeiro. A Segundona começará em março, um mês antes do tradicional, devido à parada de 40 dias para a Copa do Mundo.

AMIGO DA ESCOLA

O ex-presidente do Clube Atlético Assisense, Roberto César Amorielli, o Mé, foi destaque no programa Revista de Sábado, da TV Tem, no último sábado. Vinculado à Prefeitura de Pedrinhas Paulista desde que renunciou ao cargo de gestão do Falcão do Vale em 2005, Mé desenvolve projeto em que estudantes matriculados na escolinha de futebol da Prefeitura pedrinhense têm suas fotos transformadas em figurinhas, que completam um álbum. Desempenho nas aulas, assiduidade de frequência escolar e bom comportamento são pré-requisitos para obter as figurinhas. Digno de elogios o trabalho do assisense.

VOLTA AO ACONCHEGO

O jornalista e produtor cultural Rodrigo Bertolucci vai passar as festas de fim de ano em Assis. Hoje vinculado a O Globo, no Rio, ele também atua paralelamente no campo das artes e mantém o objetivo de chegar às telas, com dramaturgia.

RENOVAÇÃO

Outro amigo assisense que deu boas notícias nas últimas semanas é Paulo Cardoso, o Paulinho Bit. O ex-repórter de Silvia Popovick e Ratinho desligou-se da Painel Florestal, empresa de comunicação corporativa de sustentabilidade, em Mato Grosso, por onde esteve nos últimos 8 anos. Paulo retorna ao circuito do universo da capital paulista, com grandes projetos para 2014, depois de percorrer o mundo gravando documentários para a Painel Florestal.

INSATISFAÇÃO

Só nas duas últimas semanas testemunhei, nas rede sociais, duas broncas públicas à Cabonnet, pelas alterações feitas na distribuição de grades e pacotes de canais. Não bastassem os problemas técnicos, como ora falta de áudio, ora falta de imagem, o quesito qualidade deixa a desejar. Quem tem televisor com alta definição sofre, há anos, com a péssima imagem de qualquer um dos canais da Cabonnet. HD, nas redes sociais, virou sinônimo, para a operadora, de "Haja Disposição".

MAIS DENTISTAS

Se a Fema comportará o curso de Medicina, dentro do programa Mais Médicos, a Unip estuda investir ainda mais em cursos da área de saúde. Com curso de Enfermagem padrão que tem o melhor conceito entre as instituições regionais, o campus de Assis da Universidade Paulista pode trazer a novidade do curso de Odontologia. Estudos nesse sentido estão sendo feitos.

MAIS MÉDICOS

Enquanto a politicagem local e regional anuncia para 2015 o início do curso de Medicina, o edital que convocou instituições interessadas na implantação do novo curso prevê urgência suficiente para que o vestibular ocorra já no primeiro semestre de 2014. Ou seja, Assis começaria a formar médicos muito antes do que o pensamento pequeno de alguns grupos locais consegue conceber.

NO AR

Agora é fato. A Rádio Cultura FM volta a operar em 2014. Meu amigo Eduardo Camargo Neto formalizou a documentação e submeteu equipe a formação técnica, parte obrigatória no processo de transição que levará rádios AM à Frequência Modulada no ano da Copa do Mundo do Brasil. E com um detalhe: equipamentos novos, totalmente digitais e em alta definição.

BRINDE

Desejo toda sorte e competência do mundo a meu amigo Marquinhos, o mais novo empreendedor do setor de comunicações de Assis. Já está no ar, no canal 23 da Cabonnet, o "Up!", canal comunitário de entrevistas e que mescla conteúdo institucional com outras redes públicas do país. Marquinhos consagrou-se em Assis com passagens pelos canais TV 10 e Canal 22.

COPIÃO

Meu amigo Jefferson Galvão, competente repórter da rádio Voz do Vale FM, expôs indignação, nas redes sociais, com o fato de um repórter de jornal impresso da cidade apropriar-se de release enviado pelo 32º Batalhão da Polícia Militar e, ainda por cima, assinar a reportagem como sendo sua. Isso remete a um famoso 'editor de release' que dominou a imprensa de Assis na segunda metade de 1990, colocando o nome em textos até mesmo de divulgação de quermesses enviados por paróquias da cidade ao jornal.

COPIÃO II

Jefferson Galvão colocou, nas redes sociais, a íntegra do texto enviado pela Polícia Militar e deu a dica para que fosse comparado ao conteúdo integral que fora reproduzido pelo jornalista e vergonhosamente assinado. No competitivo mercado da comunicação, fica com o status de boa produção aquele jornalista cujo nome mais aparece em textos publicados. E, obviamente, gera sensação de revolta ver releases assinados, uma vez que a autoria daquele texto é corporativa e, via de regra, não representa a opinião e/ou a linha editorial da empresa de comunicação que o divulga.

CÁ ENTRE NÓS...

... haverá entrevista coletiva para, um ano depois, Assis saber como estão as contas da Prefeitura? Ou será que só vale o barulho quando dá para estraçalhar o nome do antecessor?

IMAGEM DA SEMANA


PANCADA - As reformas no trânsito de Assis trouxeram mais fatores positivos do que negativos, isso talvez seja consenso. Mas, passados três anos desde que o projeto de reengenharia de tráfego começou, algumas teimosias começam a irritar. Uma delas condiz a intervenções em cruzamentos que não passam uma semana sem registrar colisões entre veículos. Um deles é o que envolve as ruas André Perine e Santos Dumont. Ali, nas últimas décadas, sempre funcionou um semáforo. Mas, com o projeto de trânsito colocado e prática em 2010, o sistema de mão-única inviabilizaria o recurso eletrônico de sinalização. O número de acidentes, sim, diminuiu sensivelmente. Porém, a gravidade dos acidentes registrados só piora. Daí, a retórica: "vai precisar morrer alguém para que providências sejam tomadas?". Uma intervenção é necessária, e urgente.



segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A estranha sensação de insegurança total em Assis

Cláudio Messias*

Li, meses atrás, que convênio entre prefeitura e Polícia Militar permitiu, entre outros fatores, que policiais dedicassem mais tempo ao exercício da práxis relacionada à segurança pública. Vi e cá relatei, no Blog, parte do resultado prático dessa parceria. Refiro à presença de viaturas e policiais no interior do Parque Buracão, propiciando dois fatores de segurança: tranquilidade aos usuários do parque e, principalmente, que jovens em idade escolar não trocassem a sala de aula por aquele recinto.

São exatamente esses jovens que me preocupam. Não todos, claro. Estou mirando aqueles que preterem os estudos e priorizam o fútil. Sim, óbvio, o que é fútil para nós, educadores, é entendido como útil por aqueles que encontram-se sob a alça das nossas críticas. E, não obstante, vice-versa. Enfim, prefiro entender que a opção por qualquer atividade, na juventude, que não seja pela prioridade aos estudos deve ser compreendida como futilidade extrema.

Também já relatei aqui que meus dois filhos foram, digamos, abordados, em 2010, por um grupo de adolescentes nas proximidades da igreja Santa Cecília. Saíam da catequese quando foram rendidos pela turma, sob a mira de uma arma. Era 20 horas de uma noite fria de junho e cá chegou a prole só de calça, sem as blusas e as camisetas. Na descrição, os bandidos tinham pouco mais de 10 anos, ou seja, eram mais novos que as vítimas, porém andavam em bando e estavam armados. Como não somos usineiros, nem empresários, muito menos pertencemos a clubes de serviço, óbvio que as investigações da polícia civil em nada deram, ao contrário da elucidação relâmpago de crimes envolvendo figurões que vemos esporadicamente por aí.

Não saindo do foco, já em 2010 havia adolescentes barbarizando na cidade, com arma de fogo em punho. Sim, você, raro e exceto leitor, vai dizer que muito antes disso, de 2010 para baixo, essa realidade já existia. E eu digo que uma coisa é você ouvir dizer sobre determinada onda de crimes; outra, é fazer parte da estatística que fundamenta tal especulação. Em resumo, Assis está tão violenta quanto os chamados grandes centros. Aliás, ser grande centro sempre pareceu o sonho utópico da aristocracia dominante dessa Sucupira do Vale, sedenta por ter 100 mil habitantes e ignoradora das consequências sociais de um crescimento demográfico irresponsável.

Em 2013 conheci Paulo, um profissional liberal bem sucedido que trocou, na aposentadoria, a corrida rotina paulistana pelo que entendia como pacatez interiorana de Assis. Nem tem laços familiares com a cidade; apenas, amigos em comum, ainda assim vinculados à esposa. Cá chegou, adorou o clima, elogiou a limpeza da cidade, disse não entender muito a lógica do trânsito local, garante não abrir mão de poder tomar água direto da torneira, sem filtro, e anunciou uma paz interior resultante do simples fato de não sentir-se permanentemente ameaçado pela marginalidade.

Conheci Paulo no clube em que somos sócios em comum. Dois meses atrás, falando da vida, ele anunciou que precisava ir embora, retornar para casa, o lar, "antes que ficasse tarde". Era pouco mais de 21h00 e, estranhando a pressa, questionei em busca dos motivos. Não se tratava de pressa, dizia ele, mas, sim, de temor. E completou: "precaução é sempre bom".

Meu amigo relatou, em outra ocasião de reencontro na rotina do clube (sim, ele realmente estava com pressa, ou melhor, temor extremo, naquela ocasião), que numa noite não muito fria de julho foi surpreendido por um jovem, armado, dentro de casa. Havia acabado de chegar do clube, tem cerca elétrica e sistema de alarme na residência e só lhe resta acreditar que o marginal entrou no imóvel simultaneamente ao recolhimento do veículo na garagem.

Marido e esposa rendidos, portão é aberto e na casa adentra um grupo. Todos jovens e extremamente violentos. E lá se foram aparelhos eletrônicos, objetos de valor, enfim, nem preciso detalhar o óbvio. O veículo da família foi encontrado posteriormente, abandonado. E, ali, cessaram duas coisas: a sensação de segurança e a imagem de cidade interiorana pacata.

Na semana passada a residência de um conhecido professor universitário aposentado foi igualmente invadida em Assis. Grande amigo meu da época de Gazeta do Vale, ele amargurou, entre tantas circunstâncias lamentáveis, passar pelo pesadelo da invasão domiciliar estando em recuperação de grave problema de saúde. Soa cômico, nesse país da hipocrisia dominante, dizer que nem mesmo professor, um dos profissionais mais desvalorizados dessa nação, esteja escapando da ação dos criminosos.

Estamos na penúltima semana da Primavera, as temperaturas elevam-se gradativamente e, como é típico do clima do Médio Vale, a sensação térmica nas noites da Sucupira do Vale torna praticamente impossível ficar dentro de casa com os termômetros girando em torno de 30 graus. Fosse 30 anos atrás e veríamos famílias inteiras nas calçadas depois das 21h20, quando, ao contrário do que ocorre hoje, terminava a novela das 8. Sim, um dia as telenovelas que hoje começam às 21h10, na Globo, começavam pontualmente às 20h30 e terminavam às 21h20.

Não, isso não ocorre mais. As famílias não arriscam-se mais a jogar conversa fora, na calçada, à noite. Não que isso não ocorra e não haja exceções, pois perambulando pela cidade ainda se vê quem troca a TV por momentos de socialização à frente de suas casas. A frequência com que isso ocorre é que diminuiu. Sugiro que você, leitor, faça o teste. Observe quem frequenta o trânsito pedestre quando o sol baixa. Algo muito parecido com os filmes de zumbis, pois uma simples parada na calçada e aparece alguém pedindo principalmente dinheiro, obviamente para o consumo de drogas. Essa presença ameaçadora é que afugenta as famílias e esvazia as calçadas.

Não muitos meses atrás um jovem bateu em meu portão, em plenas 20 horas de um domingo, pedindo dinheiro. Estava bem vestido, tinha olhos que focavam o nada e dizia que precisava pagar, no dia seguinte, a conta de água. Dias depois o mesmo jovem bateu novamente, dessa vez pedindo doação por uma campanha de arrecadação de alimentos que, eu soube no dia seguinte, não existia. O mesmo jovem pedindo dinheiro e alimento para abastecer o vício químico, não tenho dúvidas.

Esse domínio obscuro das ruas, à noite, afugenta os frequentadores das calçadas. Conversar com os vizinhos significa ser constantemente interrompido e até mesmo ameaçado, pois nem sempre a negativa ao pedido é bem aceita. Resultado: casas com muros e grades cada vez mais altos e cercados por eletricidade, comunidades que só se conhecem pelo cumprimento esporádico em que haja coincidência entre um entrar ou sair das respectivas casas. Pode parecer absurdo, mas muitas pessoas sequer sabem o nome do vizinho da casa ao lado ou do mesmo quarteirão em Assis. Três décadas atrás você podia perguntar por uma determinada pessoa lá perto do Mercadão e alguém lhe diria que tal personalidade morava perto do Tênis Clube. Hoje...

Um dos grandes historiadores da contemporaneidade, Eric Hobsbawn, morto recentemente, conceituava a sociedade mundial pós-11 de Setembro de 2001, como vivenciadora da Era da Insegurança Total. Nosso perfil, hoje, é de desconfiança plena. Não pegamos cédula de dinheiro na carteira ou na bolsa se estivermos na calçada da Rui Barbosa, muito menos damos atenção a alguém se estivermos com a tela de nossas contas aberta em um caixa eletrônico. Pode passar um grupo de modelos femininos e masculinos, todos nus, por trás de usuários de caixa eletrônico e ninguém terá o pudor ofendido, com certeza, uma vez que nada ter-se-á visto. Somos obcecados, no cotidiano, pela segurança absoluta.

Enquanto há, vemos, jovens barbarizando em invasões de residências e furtos pela cidade, há gerações inteiras de crianças e adolescentes sendo criadas sob confinamento pleno. Poucas são as crias autorizadas a sair do portão para a calçada. E o temor de pais e gestores familiares é um só: a violência, materializada em forma tanto de ações ilícitas como assaltos e furtos, como, também, em assédio. Parâmetro interessante sobre isso a que refiro são os portões de entrada e saída das escolas, sejam elas públicas ou privadas. Arrisco dizer que 2/3 dos estudantes vão embora para casa ou acompanhado por pais/responsáveis ou mediante transporte. Nem mesmo voltar para casa, em plena luz do dia, é uma atividade segura.

A pauta de discussão é tão complexa que é preciso cuidado até mesmo na forma de criticar. Digo isso porque atribuição de culpa, nessa hora, significa sujeição ao risco de cometer injustiças. O Estado e suas representações são falhos, todos sabemos, porém refletir o caos a partir de uma suposta ausência estatal parece-me uma opção não muito adequada.

Há, é fato, prenúncio de um caos absoluto. Insatisfação parece ser a palavra de consenso geral, levando a comportamentos extremos.

*Professor universitário e historiador, é mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A estranha sensação de maracutaia para a Copa 2014

Agora, nesse exato momento, 14h14, está correndo o sorteio dos grupos de seleções que irão disputar a Copa 2014 no Brasil. Não há, ainda, nenhum confronto confirmado. e isso me dá a chance de afirmar com antecedência o prenúncio de que algo me diz que uma seleção azarã, "anônima", tende a ser favorecida. Pra mim, o mundial de futebol no Brasil é, para a Fifa, a oportunidade de quebrar a hegemonia do futebol. Veremos.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

MEC pré-autoriza implantação de curso de Medicina em Assis

Cláudio Messias*

O Ministério da Educação divulgou hoje, no Diário Oficial da União, a Portaria Nº 646, que lista os municípios brasileiros em condições de implantar curso superior de Medicina. Assis é uma das 42 cidades pré-selecionadas, abrindo, desde já, processo de avaliação das condições apresentadas durante o pleito. Dezesseis dessas localidades ficam no Estado de São Paulo. A Fema (Fundação Educacional do Município de Assis) é a instituição privada que deve receber o novo curso.

A criação de novos cursos de Medicina em instituições privadas brasileiras faz parte do plano emergencial denominado Mais Médicos, parceria entre o MEC e Ministérios da Saúde e Planejamento. A convocação de instituições superiores de ensino foi feita em 22 de outubro, ou seja, quarenta dias atrás, através do Edital Nº 3 da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior, órgão regulador máximo vinculado ao Ministério da Educação.

A tendência é que os trâmites que levem à autorização de funcionamento do curso de Medicina da Fema sejam rápidos. Comissões de avaliação serão enviadas aos municípios pré-selecionados para conferir, presencialmente, a infra-estrutura declarada em projetos levados ao MEC a partir da convocação de propostas, em outubro. O agendamento das visitas será feito diretamente com as instituições.

Alguns fatores pesam a favor da aprovação, sem maiores problemas, à Fema. O primeiro deles é o apoio político do consórcio de municípios do Médio Vale, o Civap, que corresponde à região administrativa de Assis, composta por 13 localidades. Afora isso, a cidade sede de comarca ainda tem o Hospital Regional, um elefante branco criado sem políticas de planejamento e gestão, na década de 1980, e que nunca atingiu a plenitude de funcionamento, apesar de mal-sucedidas promessas dos governos do PMDB e do PSDB. O terceiro e talvez mais importante fator é que a Fema tem em funcionamento e já reconhecido o curso superior de Enfermagem, extremamente necessário no aparato a um curso de Medicina.

Dentro dos cronogramas previstos no Edital Nº 3 da SERES/MEC é possível que o melhor presente de Natal da história da Fema chegue legitimamente antes de 25 de dezembro. Assim, o vestibular para o novo curso seria realizado já no início de 2014, com aulas iniciadas no primeiro semestre de 2014. Essas últimas informações, contudo, são mera suposição. Fato é, apenas, que o histórico sonho de um curso de Medicina em Assis está praticamente realizado.



*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Um bêbado, dois postes, várias mortes e só o cavalo salva

Cláudio Messias*

Sexta-feira, final de tarde e um diálogo, nas redes sociais, combinando churrasco entre profissionais que atuam na imprensa do Médio Vale. Jeferson Galvão, repórter de uma emissora de rádio de Cândido Mota, anuncia que vai ao evento, porém não beberá. Claro que ele não referia a água, refrigerante ou ao líquido da piscina. Condutor habilitado de veículos, o repórter anunciava abrir mão do consumo de bebidas alcoólicas por um simples detalhe: o local de realização da confraternização ficava entre Assis e Paraguaçu Paulista, uma chácara, e, portanto, para chegar e para sair de lá seria necessário transitar por rodovia.

Achei interessante a posição de Jeferson Galvão, uma vez que ele próprio acompanharia, in loco, nas horas seguintes àquele diálogo de colegas de imprensa nas redes sociais, a um desencadear de verdadeiras tragédias que abarrotariam as manchetes de sites, rádios e emissoras de TV nessa segunda-feira. E, parece não ter jeito, se há acidente cujas circunstâncias envolvidas surpreendem, lá tem um sujeito alcoolizado entre feridos ou mortos. A morte parece bater cartão entre o entardecer das sextas-feiras e o anoitecer dos domingos, ficando escondida atrás das porteiras que dão acesso ao número galopante de chácaras nos arredores da Sucupira do Vale.

Com compromissos em Bauru no domingo, tive de dedicar o sábado a preparativos. Fiquei, logo, só na vontade de ir à confraternização da imprensa. Fui ao supermercado, comprei, entre outros artigos, a cerveja em lata que consumiria em casa e, na fila do caixa, fiquei surpreso com o conteúdo dos carrinhos que estavam ao lado. Um grupo de aproximadamente 10 jovens e muita, mas muita bebida alcoólica. Moços e moças com garrafas long neck de cerveja e litros de uma variedade que ia da popular cachaça a uísque. Era 11 horas da manhã daquele sábado e como as duas filas, quais sejam, a minha e a desse grupo, andaram praticamente juntas, juntos saímos para o estacionamento. Entrei no meu carro, eles nos deles. Estavam em dois veículos e ao passo em que eu segui pela avenida Dom Antonio sentido centro, eles foram em direção ao bairro. Logo, deduzo, sairiam da cidade para alguma festa regada a muita, mas muita bebida alcoólica, uma vez que não vi refrigerantes entre os líquidos adquiridos pelo grupo.

Já no domingo, eu retornava de Bauru pela SP-294, a Comandante João Ribeiro de Barros. Era por volta de 17 horas e no trecho de 176 km Bauru>Marília>Assis levei três 'fechadas' de veículos cujos condutores adentraram à pista sem sinalizar e desrespeitando que havia - no caso, eu - quem viesse em trânsito. À base da direção preventiva, reduzi a velocidade, fiquei atrás desses três inconsequentes e, claro, em questão de minutos meu veículo, que trafega dentro dos limites de velocidade estabelecidos, ficou para trás de dois deles. Perdi de vista os tais condutores irresponsáveis.

Antes disso tudo acontecer dei uma parada pouco depois de Bauru, já na SP-294. Usei o banheiro, comprei duas garrafas de refrigerante para tentar amenizar o calor e resfriar metaforicamente a cabeça do filho que acabara de fazer prova pela primeira fase do vestibular da Unicamp, e segui viagem. Não sem antes perceber que lá, na lanchonete à beira da estrada, havia muitos grupos de jovens, provavelmente vindos de outras localidades e com a mesma finalidade de vestibulandos. Todos consumiam latas de cerveja. Vi aquilo, ignorei e saí. No caixa, comentei com a funcionária sobre a empolgação do grupo com a bebida. E ouvi a explanação: "todo final de semana é assim; eles vêm, enchem a cara e vão embora".

De volta à estrada, não mais que 20 minutos depois tive o veículo ultrapassado por um grupo, em alta velocidade. Eram pelo menos 5 outros automóveis, que igualmente desapareceram à minha frente naquelas pistas duplicadas que estabelecem o limite de trânsito a 110 km/h. Será que preciso dizer que quem estava no interior daqueles automóveis eram os mesmos jovens que vi quilômetros antes na lanchonete? Em um dos carros, inclusive, uma moça que acompanhava o motorista exibida a dourada cor da lata de cerveja que portava nas mãos.

Próximo a Garça tive de dar a primeira freada brusca, de maneira a evitar colisão traseira com um sujeito que arbitraria e inconsequentemente colocou seu automóvel Escort na pista de rolamento sem respeitar o trânsito. Naquele momento eu era ultrapassado por outro veículo, ou seja, não tinha o recurso de desviar para a faixa da esquerda da rodovia duplicada. Para bom entendedor, questão de 5 segundos ou menos e eu teria colidido na traseira desse infeliz que aparentemente transportava a família inteira e saía de uma estrada de terra com característica de acesso a chácaras nos arredores de Garça.

Antes da baixada do Rio do Peixe, pra frente de Marília, já na SP-333, um Voyage desgastado pelo tempo, também lotado, repete a infração, mas de maneira ainda mais irresponsável. O condutor cruza as duas pistas e entra na minha mão de direção, no mesmo sentido Marília>Echaporã. Minha frenagem acorda o filho vestibulando que cochilava e descansava do cansativo domingo de prova e viagem. Como havia fluxo de veículos no sentido contrário, fiquei atrás dele alguns minutos a incríveis 40 km/h. Voyage lotado de adultos e crianças e um condutor visivelmente fora de condições de estar ao volante. Procedi a ultrapassagem já chegando a Echaporã e fiz questão de observar o condutor. E não tive mais dúvida sobre sua sobriedade.

A terceira invasão de pista conseguiu ser pior do que essas duas já narradas. Um Pálio seminovo saiu do primeiro posto à esquerda, depois de Echaporã, cruzou a pista da SP-333 e ficou à minha frente no sentido Echaporã>Assis. Mas, não daria tempo de eu frear, pois meu veículo estava a menos de 100 metros do posto quando o invasor saiu, veja só, na contra-mão, pela alça de acesso, vindo de frente conosco. Lendo assim, e imaginando, você, raro e exceto leitor, deduz que ele, o condutor, percebeu o que estava fazendo e parou. Mas, não. Ele virou bruscamente na pista, tirou as rodas da direita do asfalto, foi ao acostamento e voltou. Quando viu que eu colidiria com a traseira de seu carro lotado de passageiros, saiu para o acostamento e, pasmem, quase atingiu outro veículo que havia acabado de sair do mesmo posto, porém respeitava o momento de aguardar com segurança fora da pista.

Daquele ponto até Assis esse Pálio ficou atrás de meu veículo até entrar na cidade, durante algo em torno de 15 quilômetros. Segui pela José Nogueira Marmontel e na rotatória ao lado da igreja Redonda ele, o outro condutor, virou à esquerda, sentido Parque das Flores. Ainda comentei com meu filho que por estarmos transitando na rodovia a menos de 80 km/h e todos os demais usuários estaremos nos ultrapassando, aquele condutor do Pálio não nos passou por vergonha do que fez saindo do posto. Meu filho, que tem 16 anos, sabiamente complementou com outra hipótese. "Ou, ele não está em condições de efetuar uma ultrapassagem". Fiquei com a segunda opção.

Aí você pensa que entrei na cidade e esses três episódios que supostamente envolvem bebida e volante encerraram meu domingo de causos para contar. Estás enganado. Minutos depois, na mesma José Nogueira Marmontel, reduzindo a velocidade em frente à floricultura Estela D' Alva, ficamos atrás de um caminhão. De repente, o condutor do veículo coloca-se ao lado de um Voyage prata, desses novos, cuja condutora aguardava a liberação do trânsito na rotatória para avançar. A lateral do caminhão passa a centímetros do Voyage e as rodas esquerdas sobem a guia e atingem não uma, mas duas placas de sinalização. Ficamos, todos, paralisados e sem entender nada. A condutora do Voyage, coitada, parece ter ficado em estado de choque, assustada com o que quase acontecera com a lateral de seu veículo.

Retomado o trânsito, o Voyage seguiu pela José Nogueira Marmontel e eu, virei para a avenida Glória. E percebi que o condutor do caminhão havia estacionado. Quando passei por ele, vi que sua preocupação maior nada era relacionada ao estrago que fez ao patrimônio público destruindo as duas placas de sinalização. O que ele fazia, mesmo, era verificar se havia algum tipo de avaria em seu caminhão, cujas placas eram de Pedrinhas Paulista. Voltou para o veículo e saiu como se nada tivesse acontecido, transitando a uma velocidade mínima, pela Dom Antônio e depois descendo igualmente lento pela André Perine, sentido Vila Operária.

Das quatro circunstâncias, a que mais me assustou aconteceu dentro de Assis. Houvesse uma pessoa na calçada ali, em frente ao restaurante que funciona nas imediações da rotatória que converge José Nogueira Marmontel e avenida Glória e teria ocorrido um atropelamento. O caminhão simplesmente não parou, deixando dúvidas se faltou freio, sobriedade ou os dois juntos.

Não posso, aqui, dizer que todas as circunstâncias que relatei foram provocadas por embriaguês ao volante. Mas, isso não anula a preocupante constatação de que apesar do vigor, desde 2008, da Lei Seca, principalmente os jovens continuam consumindo bebida alcoólica e saindo para as rodovias. A situação, de tão estapafúrdia, mostra um grave acidente na avenida Armando Sales de Oliveira, dentro de Assis, em plena segunda-feira, tendo o veículo uma pesada carga de bebidas alcoólicas em seu interior. Ou seja, enquanto líamos as manchetes dos acidentes de trânsito registrados no final de semana havia condutor, com suspeita de embriaguês, batendo em poste dentro da cidade em plena segunda brava.

Consulto a página do site Assiscity e nesse momento, agora mesmo, vejo estampadas 8 manchetes relacionadas a acidentes de trânsito. Entre eles, o da Armando Sales. Colisões efetivamente registradas, com ou sem mortes. Já imaginou se tivéssemos condições de transformar em estatística a quantidade de 'quases' como os 4 que testemunhei no intervalo de apenas duas horas nesse final de domingo? Ou seja, se morreram seis ou oito pessoas em circunstâncias que envolvem consumo de álcool e trânsito, imaginemos quantos cidadãos poderiam ter morrido em circunstâncias iguais, ficando na base do 'quase'!

O problema existe e parece estar longe de uma solução. Pessoas morriam antes da Lei Seca, e continuam morrendo em circunstâncias envolvendo embriaguês ao volante. Ouvem-se relatos de filhos de pobre, filhos de ricos e até filhos de policiais e autoridades do gênero que ou assumem o volante fora da idade mínima permitida ou simplesmente bebem e conduzem seus veículos sob a certeza da impunidade.

Piada por piada, que fiquemos com a imagética. Afinal, pelo jeito, para pôr um fim a isso, aparentemente, só no dia em que os veículos saírem de fábrica com um dispositivo que só acione o motor mediante aferimento da dosagem de substância etílica. Tem bafo de álcool, no carro não funciona. Mas, se isso não existia nem no mundo dos Jetsons, dos desenhos animados, quiçá nos tempos em que seguro, mesmo, é o dono da carroça, que mesmo bêbado é conduzido em segurança pelo cavalo que sabe o caminho e, se duvidar, olha para os lados para atravessar a pista.


*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.