sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A traiçoeira zona de conforto de Assisense e Olímpia no grupo 18

Cláudio Messias*

Passadas duas rodadas da terceira fase da Segundona do Campeonato Paulista 2013 as coisas começam a caminhar para um desfecho. Domingo termina o primeiro turno e, desde já, começam a ganhar corpo os prognósticos anteriores que traçavam os possíveis classificados para a quarta fase. Favoritos caíram, zebras apareceram e discursos derrotistas afloraram.

Ontem, à noite, o jogo Paulistinha 1x1 Assisense fechou a segunda rodada da terceira fase. Até aqui, 1/3 do caminho andado e dois times dividindo a liderança do grupo 18. Olímpia e Assisense somam 4 pontos, com o primeiro apresentando melhor saldo de gols. O Paulistinha está na terceira colocação, dois pontos atrás, enquanto o União Suzano segura a lanterna sem pontos computados.

Uma semana atrás estávamos na véspera da abertura da terceira fase. As estatísticas mostravam União Suzano e Paulistinha como favoritos do grupo 18 para ficar com as duas vagas. Na mesma ordem, Assisense e Olímpia, respectivamente, ficavam como terceiro e quarto favoritos com base nos números. Hoje, quando estamos na véspera de encerrar o primeiro turno, o favorito é lanterna e os dois preteridos matematicamente seguram isoladamente as duas vagas do grupo para a quarta fase.

Como se vê, em uma semana o cenário do universo do futebol muda drasticamente. Não nos esqueçamos do caso do Olímpia, que classificou-se na última rodada da segunda fase e, ainda assim, à base de combinações de resultados. Hoje, é líder do grupo 18 por ter enfiado a sonora goleada sobre o União, em plena Suzano, por 6 a 2. É a típica história do gatinho que calou o leão.

De minha parte, refiz, ontem à noite, os cálculos para o decorrer da terceira fase. Minha conta de que o time que somar 10 ou 11 pontos terá vaga na próxima fase está mantida. Mas, reconheço, há margem para que isso mude. É teoria, eu sei, mas quando se trata de possibilidade tudo, a meu ver, tem de ser considerado. Fazer suposições é tentar antecipar o que o adversário pode tentar fazer. Trata-se, pois, de estratégia. E é a estratégia que diminui o risco de ser surpreendido.

Com os 6 a 2 sofridos na quarta-feira em Suzano o União podia dar adeus à classificação. Não é bem assim. O empate entre Paulistinha e Assisense (1 a 1) tornou o grupo equânime, ou seja, todos os 4 times ainda têm chances reais, e não apenas matemáticas, de conquistar uma das duas vagas. Se houvesse um vencedor no confronto de ontem, em São Carlos, esse dispararia na liderança e dificilmente perderia uma das vagas. Com o empate, os dois atuais líderes podem, sim, ver o crescimento de Paulistinha e o ressuscitar de União Suzano darem aos dois as iguais vagas do grupo.

As barbas de Olímpia e Assisense entram de molho quando se vê que na rodada do próximo domingo está programado confronto entre os dois. Eventual empate (resultado que agrada extremamente ao Assisense) leva ambos a 5 pontos. Em Suzano se enfrentam os antes favoritos União e Paulistinha. Caso o time da casa vença, chega aos 3 pontos, ultrapassa o Paulistinha e fica a 2 pontos dos líderes, indo para o returno, portanto, na briga direta pela vaga. Mais uma derrota, contudo, aniquila qualquer plano do União, que somaria, no máximo, 9 pontos na fase toda, fora da pontuação mínima de classificação nos meus prognósticos.

Na eventualidade de o Olímpia vencer no domingo, o Assisense fica com 4 pontos e corre o risco tanto de ver o Paulistinha chegar aos 5 pontos e ultrapassá-lo quanto de ser incomodado pela presença, um ponto atrás, do União Suzano, caso esse inicie uma reação. É sempre bom ressaltar que os confrontos da última rodada do turno são os mesmos, com mandos invertidos, na abertura do returno. Assim, o Assisense receberia o mesmo Olímpia, dia 8, com a obrigação de vencer, pois o Paulistinha estará recebendo, em São Carlos, o imprevisível União.

No universo dessas suposições (perceba, raro e exceto leitor, que estou trabalhando com a hipótese de o Olímpia vencer o jogo de domingo próximo), no returno o Olímpia chegaria a 8 pontos caso empatasse com o Assisense no Tonicão. Esse empate seria desastroso para o time de Assis, pois na ordem natural das coisas o Paulistinha poderia somar mais 3 pontos contra o União, chegar aos mesmos 8 pontos do Olímpia e abrir diferença de 3 pontos em relação a nós, que estaríamos com 5. Na base da pressão, teríamos que vencer o confronto direto com o Paulistinha, na penúltima rodada, no Tonicão, sabendo que o Olímpia receberá, na ocasião, o mesmo União Suzano a quem goleou no primeiro turno. Nesse ínterim, para classificar, o Assisense teria que jogar por um empate com o União, em Suzano, na última rodada, desde que o Olímpia vença o Paulistinha, em São Carlos, na mesma rodada. Caso o Paulistinha é que vença esse jogo o Assisense teria de derrotar  o União, fora de casa. Dois empates simultâneos decidiriam o companheiro de vaga do Olímpia no saldo de gols,

Enfim, para eliminar todas essas contas e suposições que dão nó na cabeça de qualquer um, o melhor a fazer é trazer ao menos um ponto de Olímpia no domingo. No returno, manter a condição de mandante invicto no Tonicão, somar 6 pontos e deixar que Olímpia e Paulistinha decidam qual dos dois avançará de fase conosco. Sem sustos, por fim, jogar para vencer o União, em Suzano, mesmo sabendo que o empate já garante a liderança do grupo, uma vez que somaríamos 12 pontos no total e, assim, não poderíamos ser alcançados pelos adversários diretos.

Desaforos - Hoje pela manhã a fan page do Fernandópolis Futebol Clube no Facebook fez postagem em que lamenta a situação do clube e provoca o Assisense. No texto, o responsável pela postagem define o time de Assis como "limitado", ironizando o fato de dividir a liderança do grupo 18 com o Olímpia. Em se tratando de construção de sentidos, há um ar de indignação com o fato de, no entender do torcedor do Fefecê, o Assisense ter caído em um grupo mais fácil, e o Fernandópolis, em um mais difícil.

Costumo dizer, aqui, que escrevo sobre o que vejo. Sei muito bem o que falo, o que escrevo, desde que esteja ao alcance dos meus olhos. E não escondi, no Blog, minha decepção sobre o futebol do Fernandópolis. Aquele time só empatou com o Assisense, no Tonicão, porque fez 1 a 1 aos 47 minutos do segundo tempo, em falha total da zaga do time de Assis. Afora aquele lance, o Assisense, sim, desperdiçou mais chances, teve volume de jogo. Respeitou, ao meu ver, demais o badalado Fernandópolis.

Que a coisa não estava boa para os lados do Fefecê nós pudemos comprovar no final da segunda fase. De candidato a líder do grupo, classificou-se apertadamente como um dos quatro melhores terceiros colocados. Foi saco de pancada do Diadema e teve sorte de a reação do Taboão da Serra não ter aparecido. Desfecho pior não podia haver. Aquele vergonhoso empate com o Assisense, na última rodada, mostrado pela Rede Vida, causou mais vexame a eles, da casa, que viram a torcida virar a faixa de cabeça para baixo e vaiar a todos pelo péssimo exemplo dado em campo em rede nacional.

Quisesse o Fernandópolis ter tido sorte maior na terceira fase e bastaria ter jogado para vencer o Assisense. Não tivesse se acovardado e preferido a terceira colocação, com certeza daria a oportunidade de o time de Assis igualmente partir pra cima lá no estádio "Cláudio Rodante". E, para ser sincero, pelo que estou vendo nessa terceira fase, quase não resta-me dúvida de que o Assisense, em jogo franco, venceria aquele duelo.

Limitado, pra mim, é um time que perde dois jogos consecutivos na terceira fase, sendo um deles dentro do próprio estádio, frente à torcida que ora o vaiara. Saiba o Fefecê que o Assisense fez desmoronar o favoritismo do União Suzano, conseguiu um empate frente ao bom Paulistinha e atuando com um jogador a menos e está, sim, na trilha que o levará para a Série A-3.

Repito o que disse: direito de falar besteira todos têm. Do lado do Fernandópolis, contudo, estão escrevendo besteira com ares de choro pelo leite derramado. Se cá estivessem, no grupo 18, teriam igualmente perdido o primeiro jogo, em casa, para o União Suzano. Pois limitação, se existe, está do lado de lá.






*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.

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