domingo, 25 de agosto de 2013

Assisense desbanca favoritismo do União Suzano e faz 2 a 0

Cláudio Messias*

Não existe mais favorito da Segundona do Campeonato Paulista. Existe, sim, um único líder. O Assisense fez, agora há pouco, a melhor partida entre as 15 que disputou até agora no torneio e desbancou o bicho-papão União Suzano. A vitória por 2 a 0 é inquestionável e mostra que o Falcão do Vale está, sim, na briga direta pela vaga para a quarta fase.

O que vi em campo foi um jogo franco. Nenhum dos oponentes visitantes havia, até agora, partido para o jogo tão abertamente. O bom União Suzano fez isso. E pagou o preço. Encarar a forte defesa do Assisense é aceitar que a rápida ligação defesa>meio-campo>ataque seja a característica mais forte dos donos da casa. E assim aconteceu durante os 90 minutos.

Até as 9h59 o União Suzano era um bicho-papão. Havia marcado 38 gols e tinha - e tem - o artilheiro do campeonato, Sócrates. Favorito a líder e um dos classificados do grupo 18, o time de Suzano era um time a ser batido. E foi. Talvez hoje tenha sido o pior jogo da defesa do União, mas o que vimos foi uma linha de zaga totalmente confusa, fraca. Se a estatística faz temer o nosso adversário de hoje, ela também explica essa péssima atuação da zaga nesse domingo. Linha de quatro, com dois zagueiros fixos e laterais recuados. Um pior que o outro. E o que é mais grave: zaga totalmente insegura.

Do lado do Assisense elejo meus melhores em campo. Jaílton, o Goilton, é a peça central do time. Atrai a marcação, sabe receber faltas e desequilibra a linha de defesa adversária. Mas, hoje, Kairo foi superior. Fez a sábia inversão de lado e deixou a defesa do União Suzano perdida. Ora avançava pela direita, ora pela esquerda. Raçudo, deu o sangue pela camisa do Assisense e merece a condição de melhor em campo. Ao lado dele estão o goleiro Carlão, que só deve sair desse gol para receber o título de melhor arqueiro do campeonato. Fernando exagerou na pintura do cabelo, caiu na babaquice da TV Tem de defini-lo como Balotelli (péssimo exemplo, por sinal, pois a torcida o chama de Seedorf, em alusão ao exemplar jogador do Botafogo/RJ), mas continuou firme em campo. Não foi seu melhor jogo, mas acabou sendo suficiente para sair como um dos melhores no perfeito sistema tático desse domingo.

A arbitragem teve sorte hoje. O experiente árbitro Renato Canadinho teve participação isenta no resultado. Mas, logo a 1 minuto e 15 segundos falhou. Não marcou pênalti a favor do Assisense em lance em que o zagueiro Renan, do União Suzano, colocou a mão na bola para evitar que chegasse a Jaílton, que poderia abrir o placar. Ele entendeu como mão na bola e deu sequência à partida. Outro lance duvidoso aconteceu aos 43 minutos do primeiro tempo, quando Kairo, do Assisense, foi derrubado na linha da grande área. A torcida reclamou de pênalti, mas o árbitro, que chegou a apontar para o centro da grande área, logo assinalou que a bola deveria ser colocada exatamente na linha que separa a grande área.

Pela primeira vez, também, gostei do sistema tático adotado pelo técnico Venâncio. A já citada inversão de posição de Kairo foi sábia, pois com essa ação o atacante Jaílton tinha mais espaço para jogar. Como o gol do Assisense saiu aos 16 minutos do primeiro tempo, com Kairo, o treinador do time de Assis adotou o sistema 4-2-3-1 e explorava principalmente as jogadas que partiam do meio e chegavam ao ataque pelos extremos com avanços rápidos, habilidosos e fortes de Gabriel Ramos, Diego Volpini e Dainan. De tão perdida com isso, a zaga do União Suzano errava passes e arriscava lançamentos para o ataque, pois o seu meio-campo estava fortemente marcado.

Em um dado momento, por volta de 35 minutos ainda do primeiro tempo, eu sentia que o Assisense poderia formar um 4-3-3 e, assim, marcar o União Suzano já na sua defesa, uma vez que os zagueiros adversários estavam descontrolados. Uma pressão dessa e faríamos o segundo gol já na etapa inicial. Mas, aos 12 minutos da etapa complementar, jogando com a mesma formação tática e honrosamente não recuando o time, Venâncio pôs pressão sobre o adversário e, nessas condições, a zaga adversária falhou novamente, colocou a mão na bola ((Lucas) e dessa vez Renato Canadinho não titubeou e assinalou a penalidade, errando, apenas, por não dar cartão amarelo. Jaílton, o Goilton, colocou goleiro para um lado (direito) e bola no outro (esquerdo) e manteve sua trajetória rumo à artilharia do torneio, ouvindo da torcida do brado "ão, ão, ão, Jaílton é Seleção".

Oitocentos e vinte pessoas pagaram para ver Assisense 2x0 União Suzano. O valor do ingresso estampado no bilhete era de R$ 15, mas na bilheteria pagava-se R$ 10. Um reconhecido valor da diretoria do clube para o esforço da torcida, que não tem abandonado o time nesse campeonato. Torcida que começou o jogo consumindo cerveja, mas viu a Polícia Militar acabar com essa festa, estabelecendo o impedimento na comercialização de qualquer tipo de bebida alcoólica, conforme acordo com a Federação Paulista de Futebol.

A festa do Falcão do Vale por esses 3 pontos e a liderança isolada do grupo 18 tem hora para acabar. Amanhã o time se reapresenta para o técnico Venâncio e faz trabalho leve. Na quarta, novo jogo, em São Carlos, contra o Paulistinha, que ontem empatou em 2 a 2 com o Olímpia, fora de casa. Daqui a exatamente uma semana já tem o encerramento do primeiro turno, com o jogo Olímpia x Assisense, em Olímpia.




Com a vitória o Assisense assume a liderança isolado do grupo 18


*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.


2 comentários :

Ike disse...

Começar com uma vitória é muito bom. Sou irmão do goleiro Carlão, e sempre acompanho os posts do Blog. Estamos aqui em Lençóis Pta-SP, torcendo pra que o Assisense continue firme nessa caminhada, e que conquistem o acesso.

Luiz Henrique Moretto - Lençóis Pta-SP

Blog do Messias disse...

Olá, Luiz. Agradeço pelo prestígio. E dou meu humilde parabéns a toda a família, pois Carlão é um excelente goleiro. Deus abençoe a trajetória dele, que com certeza trilhará por caminho com outros grandes clubes. Um abraço em todos em Lençóis. Já estive aí cobrindo, como jornalistas, jogos do Vocem e do próprio Assisense (2004) contra a tradicional Lençoense!

Cláudio