domingo, 19 de julho de 2015

SEGUNDONA BRAVA - Atlético Assisense não supera o Fernandópolis e a arbitragem no Tonicão

Cláudio Messias*

Em 2013 o blogueiro prometeu, aqui nesse espaço, não citar nem comentar mais, naquela temporada, sobre o desempenho da arbitragem vinculada à Federação Paulista de Futebol. O motivo, naquela ocasião, foi o desempenho de um árbitro que sacrificou o projeto do Clube Atlético Assisense de chegar, enfim, à Série A-3. Os homens do apito e das bandeirinhas interferiram diretamente naquele Atlético Assisense 1x2 Cotia, culminando na eliminação, rodadas depois, do time de Assis.

Pois o cidadão que levava o apito à boca naquela ocasião era o mesmo, hoje pela manhã, a mediar Atlético Assisense 1x1 Fernandópolis. Dois detalhes fazem a diferença em relação aos confrontos desse domingo e aquele de 2013: o jogo aconteceu pela manhã, e não à tarde, e o tempo estava ensolarado, e não chuvoso. De resto, a vergonhosa atuação da arbitragem foi a mesma. E se esse é o parâmetro da arbitragem da FPF, realmente, o estado de São Paulo está pessimamente representado pelos homens que aplicam as regras do futebol profissional.

Hoje o senhor Cássio Luiz Zancopé não expulsou ninguém (à exceção do técnico do Fefecê, expulso no intervalo por envolver-se em confusão com jogadores assisenses), ao contrário de 2013, quando colocou o volante Fernando pra fora e permitiu que o Cotia, com um jogador a mais e favorecido pela desestruturação tática do time de Assis, virasse o jogo para 2x1. Mas, o problema central de sua fraca e questionável arbitragem está exatamente naquilo que ele não assinalou. Foram três os lances de mão na bola, dentro da grande área, por parte de jogadores do Fernandópolis. Em todas as ocasiões Zancopé fez sinal de que foram lances de bola na mão e mandou o jogo seguir.

Mas, o questionamento sobre a atuação de Cássio Zancopé vai além. O blogueiro esperou a divulgação da súmula da partida para confirmar estatisticamente parte da indignação. Estão formalizadas 30 faltas no total, sendo 18 cometidas pelo Atlético Assisense e 12 pelo Fernandópolis. Sim, claro, o Falcão do Vale teria, mesmo, de ser mais faltoso sob o olhar do senhor Zancopé. Afinal, o time visitante, principalmente depois de ter igualado o placar, simulava faltas que eram prontamente apontadas pelo árbitro do jogo. Do lado do Atlético Assisense, faltas cometidas pelos adversários eram interpretadas como lances normais. A confirmação desse cenário ridículo pode ser observada em duas intervenções diretas do auxiliar 1, Anderson José de Moraes Coelho, que apesar do ignorar do árbitro principal manteve sua bandeirinha em riste, assumindo a responsabilidade por apontar falta cometida pelo Fernandópolis e ignorada por Zancopé. Foram dois lances assim, sendo um no primeiro tempo e outro no segundo.

O empate de 1x1 representou, na prática, o que foi a realidade de Atlético Assisense x Fernandópolis, dois clubes que disputam vaga no G-4 do Grupo 1. O que é grave - e o Fefecê não tem culpa alguma nisso - é a péssima arbitragem protagonizada por esse senhor Cássio Luiz Zancopé, que acovardou-se na hora de apontar o óbvio, que são faltas cometidas por um dos clubes. E, em trës casos, não foram quaisquer infrações, pois ocorreram dentro da grande área e, penalidades, representaram oportunidade clara de gol para o time mandante. Ou seja, houve interferência direta do homem do apito no resultado final do jogo.

A partida - O Atlético Assisense fez, e bem, jus à sua condição de vice-líder do Grupo 1. Jogou ao estilo do sábio técnico Carlos Alberto Seixas, que reforça a defesa fixando dois volantes de contenção e, quando dá o bote, ataca em bloco, utilizando-se da característica de velocidade da sua linha de frente. É melhor que o Fernandópolis em todos os aspectos e deverá travar interessante briga por uma vaga no G-4 nas próximas 4 rodadas. Está, na opinião do blogueiro, um patamar abaixo do que vêm apresentando Grêmio Prudente e Noroeste, mas é superior a Fernandópolis e Vocem.

O jogo dessa manhã de domingo teve um Atlético Assisense dono das melhores oportunidades na primeira etapa, mas um Fernandópolis marrento, que soube aproveitar a única oportunidade que teve no jogo. Falcão do Vale balançando as redes aos 37 minutos iniciais, com Aguiar, artilheiro isolado da Segundona 2015, e Fernandópolis empatando logo a 7 minutos finais, com Diego.

O gol do Atlético Assisense saiu de uma característica que visivelmente Carlos Alberto Seixas treina insistentemente. Cobrança de bola parada (no caso do gol, em escanteio) e finalização de cabeça de jogadores com estatura elevada, principal característica física do Falcão do Vale. Foi assim que Matheus de Aguiar fez o seu 11.o gol no ano com a camisa do time de Assis, cabeceando mais alto que a defesa adversária.

Já o Fernandópolis aproveitou-se de um apagão que também tem caracterizado os jogos do Atlético Assisense no Tonicão nesse ano. Bola zanzando pela defesa do time de Assis, pela direita, até que Diego, com extrema liberdade, visualizou o canto direito do goleiro Augusto e, dentro da grande área, acertou um chute colocado, seco, de esquerda, levando ao desespero o técnico Seixas, que visivelmente teria advertido a equipe para esse tipo de jogada.

Em finalizações foram 12 do Atlético Assisense e somente 4 do Fernandópolis. O Falcão do Vale fez 14 jogadas de linha de fundo, ante somente 5 do visitante. De tanta cera, o Fernandópolis retardou o jogo o suficiente para a bola registrar uma das piores médias de rolagem do ano: 56 minutos. Isso, claro, com o senhor Cássio Luiz Zancopé, ao final, dando apenas 3 minutos de acréscimo, o que ratifica e sacramenta sua condição de péssimo mediador de futebol profissional.

Planos - O empate em 1x1 com o Fernandópolis não foi de todo ruim ao Atlético Assisense. Seria péssimo para o Falcão do Vale perder esse confronto direto com um membro do G-4 do Grupo 1. O time de Assis chega aos 23 pontos, iguala novamente ao Noroeste, mas pega de volta a vice-liderança por ter melhor saldo de gols. O fator de maior lamentação pela vitória não ter vindo é que com mais 3 pontos o Atlético Assisense atingiria os 28 pontos, abriria dois pontos em relação ao Noroeste e ficaria a dois pontos do líder Grêmio Prudente. Passaria, pois, a brigar pela liderança da chave, uma vez que daqui a duas semanas visita o Grêmio Prudente na tentativa de vingar os 2x0 sofridos, no Tonicão, no primeiro turno.

Para o Fernandópolis, considerando a catimba trazida a Assis, o empate era o que esse time irregular mais queria. Jamais jogou com o interesse de quem queria vencer o confronto desse domingo e com o pontinho somado retoma a quarta colocação do Grupo 1, rebaixando o Vocem para a quinta colocação. Fefecê continua três pontos atrás de Atlético Assisense e Noroeste, mas empata com o Vocem em 23 pontos e só leva vantagem por ter mais gols marcados.

Agora, faltando 4 rodadas para o término da Primeira Fase aparece um elemento surpresa que, não convidado para a festa, ameaça brigar pela quarta vaga do Grupo 1. Olhar atento para o Tanabi, que está, todos sabemos, desestruturado, mas nesse domingo fez 2x1 no José Bonifácio, na casa do adversário, foi a 16 pontos e ainda soma condições matemáticas de compor o G-4.

E enquanto os primeiros cinco colocados do Grupo 1 empataram seus confrontos diretos nessa décima quarta rodada, o América cumpriu a lógica, sapecou nova goleada pra cima do Osvaldo Cruz (5x0) e, com 20 pontos, está a uma vitória de atingir a pontuação de Fernandópolis e Vocem. Pior para o próprio Vocem, que no próximo domingo recebe o América no estádio Tonicão. Uma derrota nesse confronto coloca o Vocem no risco de cair para a sexta colocação, pois igualaria em campanha com o América, mas também perderia nos critérios de desempate, uma vez que o time de Rio Preto tem, no momento, maior número de gols marcados.

Décima quinta rodada que terá, ainda, o Fernandópolis indo a Tanabi e fazendo o derby regional. Páreo igualmente duro terá o Atlético Assisense, que no sábado vai ao estádio Prudentão enfrentar o Grêmio Prudente, tentando devolver a derrota sofrida no primeiro turno (2x0). Já o Noroeste terá oportunidade de melhorar o saldo de gols, indo a Birigui, na sexta-feira, enfrentar o eliminado Bandeirante, o pior time da chave.

Duas das quatro melhores equipes do Grupo 1 fizeram um confronto igual,
nessa manhã de domingo, no estádio Tonicão

Momento exato em que, aos 37 minutos inicias, Aguiar faz
o seu décimo primeiro gol na Segundona

Ao final do primeiro tempo, confusão com jogadores do Atlético Assisense
custou a expulsão ao técnico Carlos Roberto Cardoso de Alcântara, do Fefecê


Aguiar recebeu marcação individual da defesa do Fernandópolis


* Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA-USP.

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