23 Novembro 2011
Trânsito de Assis, um
fundamento: os Jetsons vêm aí
Cláudio Messias*
* Jornalista, professor
universitário, mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.
Não me considero amigo de
todo mundo, mas, também, não coleciono uma lista 100% formada por amigos. E sei
bem diferenciar o que é um amigo, o que é um colega e o que é um conhecido.
Portanto, o que escrevo aqui, nesta coluna virtual, não tem por objetivo
agradar este, aquele ou outrem. As Ciências da Comunicação ainda não depararam
com situações em que objetiva ou subjetivamente um leitor seja obrigado a ler
determinado conteúdo. Portanto, se não gosta, simplesmente não leia.
Digo isso porque o
coronelismo que sempre imperou nesta Sucupira do Vale chamada Assis fez gerar
uma cultura de mandatários. Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Calma lá.
Cultura e identidade são coirmãs. E minha identidade me diz que, se esse for o
caso, não tenho lá muito juízo. Escrever exige, sim, coerência e razão. Mas não
submissão. Não aceito, pois, pressão. Talvez por isso rompi contratos e não
raras vezes segui por um caminho e as empresas de comunicação por onde passei
seguiram por outros.
A cidade de Assis vive um
caos prenunciado há meses. Caos do trânsito. Do último final de semana para cá
a coisa ganhou áreas de brincadeira de mau gosto. Não me recordo de nenhum
comunicado oficial que desse conta de nos explicar as alterações feitas nos
sentidos de direção de determinadas vias. Sim, reconheço que o trânsito da
cidade estava ruim. Aliás, ouço dizer isso desde quando pegava circular da JF
Garcia e ia treinar futebol na antiga Ferroviária, lá pelos idos do final da
década de 1970. Mas agora não tenho outra observação a fazer: ficou pior.
Meses atrás fiz uma
postagem na rede social, no Facebook, externando minha sincera situação: não
conseguia transitar pela cidade, pois os caminhos e atalhos que fazia me
conduziam para sentidos, com o perdão do trocadilho, sem sentido. Uma usuária
comentou que toda mudança gera reação, ora positiva, ora negativa, e com o
tempo as alterações são socialmente assimiladas e entram na rotina. Tudo bem.
Concordo em partes com ela. Mas me antecipo à ação em que consiste a alteração:
para que e de que forma mudar? Mudar o trânsito é necessário? Sim, pois havia
problemas. Alterar da forma como foi feito é que é a questão.
Fazendo hidromusculação no
ATC, nesta semana, ouvi de meus amigos que têm comércio em vias afetadas pelas
alterações de trânsito que o movimento de fregueses diminuiu. As pessoas
simplesmente não estão conseguindo chegar aos estabelecimentos comerciais. E
nem venha com a história de que a última semana do mês tem queda natural de
movimento, pois estamos no dia 23 de novembro e parte considerável da população
economicamente ativa está com a primeira parcela do décimo terceiro salário no
bolso e louquinha pra torrar esse dinheiro.
Como já disse aqui, nestas
páginas virtuais, rodei esse país e parte desse continente. E confesso que
nunca me deparei com uma cidade, por pior que fosse o trânsito, que tivesse
duas vias movimentadas, paralelas, como mesmo sentido de direção. Na primeira
alteração drástica feita no trânsito de Assis isso aconteceu nas imediações das
ruas José Teodoro e José Nogueira Marmontel. Agora, o absurdo se repete nas
ruas paralelas à avenida J.V. da Cunha e Silva. Aliás, cá entre nós, qual ser
extraterrestre planejou aquilo que fizeram na JV? Pelamô, como diria a
juventude!
Domingo passado, dia 20,
recebi a visita de um primo paulistano. O cara fuma mais que caipora e
precisava repor o estoque para o vício maldito. Saímos de um almoço em um
restaurante da cidade e seguimos em dois carros até a agência do Itaú. O
trajeto: Siqueira Campos>João Pessoa>Praça da Bandeira>Smith de
Vasconcelos> epa... Ângelo Bertoncini agora só sobe. Desci até a XV de
Novembro. Surpresa: ela também só sobe. Tivemos de ir até a Luiz Piza para
chegar à Rui Barbosa e, depois, retornar duas quadras.
Só isso de transtorno para
um primeiro dia de mudanças? Claro que não. Do Itaú seguiríamos para o terminal
rodoviário, na certeza de que lá haveria cigarros. O trajeto: Rui
Barbosa>Sebastião da Silva Leite> ops... havia cones que impediam o
acesso à Praça da Bandeira. Refizemos o trajeto Smith de Vasconcelos e, como a
JV não sobe mais, fomos até a Ângelo Bertoncini. Subimos e, a uma quadra da avenida
Glória, me dei conta de que teríamos de forçadamente virar à direita, por causa
do Muro de Berlim que separa a cidade em duas partes: a de cima da Dom Antônio
e a de baixo (só falta por guarita nas passagens). Viramos à esquerda (não sei
o nome daquela rua) e vi que na via paralela também sairíamos na avenida
Glória. Precisamos retornar uma quadra para trás e, assim, pegar a Getúlio
Vargas.
Recorro à retórica inicial
deste texto, sobre a fartura ou não de amigos, para dizer que, pedido de
desculpas feito, as alterações que vi até agora são demonstração de pura falta
de perícia por parte dos responsáveis. Que não venham me chamar de esquerdista,
de integrante da turma do contra ou de gente que encontra problema em tudo. Não
vejo sentido algum na alteração feita na JV da Cunha e Silva. Se alguém vê
vantagem que ela só desça, precisaria ter consultado o comércio sobre o impacto
disso, pois os comerciantes que conheço dizem o contrário.
Um amigo comentou algo que
eu entendo como pertinente. Há, diz ele, no máximo 5 quadras de comércio pesado
na JV. Impedir o estacionamento no trecho compreendido por duas quadras acima
da Rui Barbosa e três quadras abaixo (o restante, até a saída para Cândido
Mota, ficaria com um dos lados sem estacionamento) permitiria colocar o
trânsito, ali, em mão dupla, com controle de velocidade. Assim, a única via que
cruza a cidade de norte a sul teria duplo sentido de direção e funcionaria como
uma via expressa que tanto faz falta.
Havia muitos anos eu usava
o anel viário formado pelas avenidas Otto Ribeiro e Perimetral para sair da
zona oeste para a leste, por exemplo. Do Supermercado Neves para a Malta, só
para ilustrar o exemplo. Ou, então, da Unip para a Fema, de leste a norte. Era
simples, rápido, ou seja, viável. Agora, é um problema. Dia desses, fazendo o
caminho alternativamente forçado, paralelo à Vicente Fernandes Figueiredo, em
questão de 200 metros quase atropelei uma criança ciclista e colidi com um
motociclista, todos eles cruzando a minha via preferencial; eles, não acostumados,
ainda, com o tráfego pesado, e eu, forçadamente a transitar abaixo do limite
que estabeleci para mim mesmo nessa cidade: 50 km/h, no máximo.
Anos atrás vi lideranças
políticas da cidade reivindicando, de forma vexaminosa, que o IBGE fizesse revisão
do censo em Assis. A cidade tinha porque tinha de ter mais de 100 mil
habitantes. Mas faltavam alguns milhares de habitantes para preencher essa
estatística. Três mil assisenses a mais que fossem, estariam engrossando o
caldo de condutores/usuários dessas vias públicas agora transformadas em caos
de tráfego.
Cruzando os dois discursos,
ou seja, de preparar a cidade para o futuro e de uma cidade com o marco
superior a 100 mil habitantes, acho que encontro uma explicação provocativa
para o cenário atual: querem, mesmo, é acabar com o trânsito terrestre. Cabeças
no mundo da lua, que pensam em trazer para a terra o mundo dos Jetsons. Um
lugar onde os carros voam, tudo se resolve, a tolerância faz parte do perfil de
uma sociedade totalmente tecnicista e a incompetência é resolvida em um simples
formatar de HD. O que serve de alento é imaginar que a função “delete” também
poderá, nessa geração, ser acionada num simples toque, eliminando políticas
públicas inúteis e colocando cabeças pensantes em determinados cargos.
FISCALIZAÇÃO ELETRÔNICA
MAIS EMBAIXO I
Alguém fugiu da reunião que
decidia mudanças no trânsito de Assis e viu que a calçada debaixo do túnel da
Fepasa, na vila Operária, colocava em risco os pedestres. Sim, pedestres ainda
existem.
MAIS EMBAIXO II
A calçada foi interditada,
mas o buraco continua lá. Sim, claro, começou o período de chuvas e isso pode
pôr o serviço a perder. Lá pra março de 2012 a calçada deve ser consertada. Com
ou sem reinauguração?
INTERNACIONALIZAÇÃO
A Fema segue firme rumo à
internacionalização. A partir do convênio Ciência sem Fronteiras, com o governo
federal, a instituição firmou parceria com a Deakin University, da Austrália.
Assim, estudantes e professores poderão passar períodos pesquisando naquele
país. A parceria contempla os cursos de Matemática, Química, Análise de
Sistemas e Ciências da Computação.
ELITE
Uma grande área teria sido
adquirida por um grupo empresarial local para a construção de mais um
residencial de alto padrão. Será, na realidade, um complexo residencial e de
lazer. Agregados ao projeto estão um shopping com piso térreo, um hipermercado
e um campo de golf. Onde? Às margens da rodovia Raposo Tavares, entre o trevo
de acesso à avenida Rui Barbosa e o distrito de Alexandria. Especulação do
mercado imobiliário, mas com fundo de razão.
MAIS UM
Como um meganegócio puxa
outro, o hipermercado em questão seria o WallMart.
TODA MÍDIA
Reencontro, aqui neste
espaço virtual, meu amigo Sérgio Pena, com quem trabalhei na Rádio Cultura no
final dos anos 1980. Muitas noites de Porão e reuniões de organização de
eventos como Gincana de Verão da Cultura, Rock Cidade, Caça ao X e noitadas na
lembrança. Peninha Black está em Miami, tem dois filhos e desenvolve projetos
de rede, ou seja, trocou a comunicação pela informática.
TEMPO AO TEMPO
Quem também reapareceu é
Dagoberto Nogueira, do site www.umdoistres.com.br.
Disse ter dado um tempo às redes sociais para não revidar a provocações. Cena
clássica: Dagão sentado no banco do pátio do Posto Brasil, tomando latinhas de
Malta. Não vou dizer quantas latinhas estavam vazias.
FRANQUIA
Nossa amiga Waldyra
Rodrigues Duarte encarou novo empreendimento e assina com o marido a
propriedade da franquia Café do Feirante, no hipercenter São Judas.
LOTAÇÃO I
No feriado de 15 de
novembro fui até a TelhaNorte do Catuaí Shopping, em Londrina, comprar parte do
material elétrico de nossa reforma aqui em casa. Meia hora para encontrar vaga
no estacionamento, lentidão para transitar nos corredores e lojas e, claro,
encontro com muitos amigos assisenses acompanhados pelas respectivas famílias.
LOTAÇÃO II
Havia fila até para comprar
sorvete do Mc Donalds. E decidimos comer em Assis, mais precisamente no
hipercenter São Judas. Estacionamento também cheio, mas com vaga. Já a praça de
alimentação: totalmente tomada. Esperamos alguns minutos até a liberação de
mesas. Moral da história? Cadê o nosso shopping center que nunca sai do papel? Digo
shopping legítimo, construído para tal finalidade, com estacionamento agregado,
praça de alimentação e, por favor, uma sala de cinema!
PERGUNTINHA BÁSICA
Até quando vai essa cultura
de que salão de cabeleireiro não abre segunda-feira pela manhã e pizzaria fecha
segunda à noite?
PAREM O MUNDO PORQUE EU QUERO DESCER
Ruy Falcão dizer, na Folha
de hoje, que o governo do PT tem méritos por dar acesso à informação só pode
ser piada de mau gosto. Será que Franklin Martins passou tão despercebido assim
pelo Ministério das Comunicações?
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