20 Janeiro 2012
Cláudio Messias*
Na tarde deste domingo
(15/01/12) saí de Assis na companhia de meu filho mais velho, Vítor, com destino a
Londrina. Mais precisamente, ao Estádio do Café. Lá, Flamengo e Corinthians
iniciavam suas temporadas. Corintianos que somos, queríamos ver Alex, Emerson
Sheik, Paulinho, Ralf, Adriano, enfim, os responsáveis por nosso mais recente
título. Mas, na condição de amantes do futebol, focamos igualmente Ronaldinho
Gaúcho e o assisense Paulo Vítor, goleiro que tende a ser sucessor de Felipe.
No carro lembrávamos das
pré-temporadas anteriores. Sempre, nos últimos anos, estamos na estrada para
ver o nosso Timão, ora jogando pelo Paulistão, ora fazendo amistosos nas
redondezas. Neste domingo não foi diferente: estádio lotado, taxa para
flanelinha, copo de água a 4 reais, cambistas no portão de acesso, fila para
entrar e muito, mas muito sol na moleira. Coisas da rotina de amantes do
futebol.
O primeiro jogo de Vítor
comigo em um estádio, para ver o Corinthians, foi em 25 de janeiro de 2003, no
Abreuzão, em Marília. Ele tinha 5 anos de idade e Júlio, o mais novo, 4.
Conosco estavam Rozana, minha esposa, e Luzia, minha mãe. O jogo era válido
pelo Paulistão e com gols de David e Gil vencemos por 2 a 0. Na saída, o sufoco:
estávamos como sempre ficamos, ou seja, no meio da Gaviões, que, claro, era
minoria. Como os torcedores do MAC saíram primeiro, tivemos de esperar. E
quando pudemos sair, a surpresa: a Mancha Azul estava municiada de pedras e
paus para responder às óbvias provocações daqueles que haviam vencido o embate
dentro de campo.
São emoções e perigos do
futebol. Perigo como deste domingo, em Londrina. A pequena torcida do Flamengo
foi ao alambrado provocar a maioria (segundo a rádio Paiquerê AM, eram 75% de corintianos
e 25% de flamenguistas). Como no Paraná a PM não faz cordão de isolamento,
ocorreu o previsível: o alambrado caiu feito teia de aranha e o confronto
aconteceu. Minutos depois o choque da PM chegou, colocou as coisas no lugar e o
sossego retomou. Se você não viu ou não soube disso, é porque a TV, por
interesses óbvios, não mostrou, e nem mesmo as rádios que cobriram ao evento
mencionaram tal conflito.
Mas meu assunto, aqui, é o
que há de bom no futebol, e não esses episódios lamentáveis que envolvem
extremistas. Nunca, em minha vida de jornalista esportivo ou de torcedor, vi ou
estive presente em evento esportivo em que tenha ocorrido morte ou agressões
graves. Felizmente. E vejo que esse tipo de confronto entre adversários tende a
diminuir e acabar, principalmente com o advento da Copa de 2014.
Minha pauta é o futebol. Ou
a falta de futebol em Assis. Conheci dois projetos ousados de futebol na
cidade: o do Vocem de 1984 e o do Assisense de 2004. Ambos ficaram no ‘quase’,
porém renderam uma corrente de emoção jamais vista nas arquibancadas dos
estádios Marcelino de Souza e Antônio Viana Silva. Em ambos os casos, porém, o
que se estendeu foram gestões malsucedidas e pouca ou nenhuma habilidade para
manter a tradição das cores grená e azul.
Fui torcedor do Vocem desde
a época em que Canton, da Aviauto, convocava a torcida das vilas Operária,
Tênis Clube e Santa Cecília, aos domingos pela manhã, através do sistema de som
instalado em sua Veraneio cinza. Eu ia a pé até a Ferroviária e, beneficiado pelo
fato de ser filho de ferroviário, não pagava ingresso. Ficava na arquibancada
com assentos de madeira, a chamada Geralzona ou, para os mais apaixonados, o
Inferninho, que lotava. Foi numa vitória histórica do Vocem sobre o
Fernandópolis por 3 a 2 que, ao invadir o campo, conheci desastrosamente o
repórter Roberto Thomé, então na Globo. Na ânsia de correr para o centro de
campo e abraçar o herói da tarde Adilsinho, trombei em Thomé, que caiu de um
lado e arremessou o microfone de outro. O cinegrafista era Jorge Salim, com
quem relembro dessa história nas ocasiões em que nos encontramos nas pautas da
vida.
Meu amor pelo Vocem criou
raízes. Aos 13 anos de idade fui levado por seu Limpião e apresentado às
categorias de base. Queria ser goleiro, levava jeito para a coisa e treinei
observando Marinho e depois Bertoza naquela rotina profissional que os tornou
os maiores goleiros da história do futebol assisense (Marinho defendeu o São
Paulo de Valdir Perez e fez parte da vitoriosa campanha do MAC na segunda metade
dos anos 1980). Em 1985 fiz a opção pelo rádio, não cheguei a formalizar minha
documentação de jogador profissional, mas continuei sendo torcedor de
carteirinha do Vila Operária Clube Esportivo Mariano, clube que a Globo Oeste
Paulista chamava de Vocém, com sílaba tônica invertida.
De torcedor e jogador
passei a radialista que cobria o Vocem. Não necessariamente empunhando
microfone como Alves Barreto e Carlinhos Perandré, mas ajudando Maurílio
Siqueira, nos trabalhos técnicos, e o comandante Chico de Assis, o âncora. Foi
com eles que conheci inúmeros estádios dos adversários do Vocem naquela fase
pós-1984, desbravando aquele que na época era chamado de Oeste Paulista.
Pedro Buzarosco, Paulinho
Calçados e Mauro dos Santos foram nomes que assinaram projetos que se
assemelharam ao de 1984. São forças inquestionáveis, uma vez que sob a égide de
tais figuras foi justificada a força que deu início à construção do estádio
Tonicão (para mim – e muitos outros – o estádio só poderá ser considerado
concluído quando estiver com cobertura de arquibancadas laterais e o fechamento
da ‘ferradura’ atrás do gol de entrada, ou seja, prolongamento da arquibancada,
o que daria uma capacidade total de 17 mil lugares).
Vi o Tonicão lotado em duas
ocasiões. Na inauguração, em 1991, com a vinda do então campeão brasileiro
Corinthians, de Ronaldo, Neto, Tupãzinho, Dinei, Ezequiel, Fabinho, entre
outros, e na partida beneficente protagonizada por aquele que pode entender
muito de música, mas nada de futebol, Daniel. Os dois tobogãs laterais ficaram
totalmente lotados nas duas ocasiões, com destaque ao jogo de Daniel, que
aconteceu em um sábado chuvoso, condição climática desfavorável.
Altos investimentos foram
feitos em futebol na cidade por empresários apaixonados pelo futebol, após a
inauguração do Tonicão. Miguel, da Barateira, talvez tenha sido o mais
confiante dos investidores. Carregava consigo o apoio midiático das empresas de
comunicação que tinham o supermercado como um dos principais anunciantes. Aonde
o Vocem ia, lá estavam emissoras de rádio e jornais. Tamanha exposição
arrebanhava torcedores ao Marcelino de Souza e, depois, ao Tonicão,
especialmente quando vinham para cá o Corintinha, de Prudente, o José
Bonifácio, o Bandeirante, de Birigui, e o Tanabi.
Na fase Tonicão a pedra no
sapato do Vocem eram o Corintinha e Paulo Lima com sua força política na
Federação. No entanto, bastou a estrutura do novo estádio, sonho da torcida
assisense, tornar-se realidade e a força parece ter-se esgotado. A cidade
parece não ter atendido ao apelo da paródia “Não deixe o Vocem morrer, não
deixe o Vocem acabar...”. O golpe de misericórdia na tradição foi dado quando,
na melhor das intenções, porém sozinho, um ídolo com página registrada na
história vocemista assumiu o comando. Jamil aceitou a presidência de um clube
afundado em dívidas trabalhistas e junto a fornecedores e pouco pôde fazer. O
cenário desolador mostrava um time que tinha Timbó no ataque e um número maior
de pessoas dentro de campo do que nas arquibancadas. Sem apoio, o Vocem morreu
ali, quando a cada jogo havia um policial militar e um oficial de justiça
recolhendo ‘toda’ a renda da bilheteria.
Outra tentativa foi feita
em 1997, mas resgatar o Vocem era missão quase impossível. A cidade havia
esquecido o esquadrão da fé. As empresas de comunicação da cidade, totalmente
dependentes de contratos com as verbas públicas advindas da Prefeitura,
consentiam com o que determinava o mandante, ou seja, não apoiar um clube de
futebol que, na prática ou na forma simplista de ver o mundo através da
medíocre vista da política, exigiria investimentos de reforma e manutenção do
Tonicão, fator que claramente não fazia parte das prioridades daquela gestão.
Discreto e sem uma estrela
no céu que anunciasse seu nascimento surgia, em 1995, o Clube Atlético
Assisense. Com a desfiliação do Vocem e suas dívidas na Federação e na Justiça
Trabalhista o Falcão do Vale ganhou, quase dez anos depois de seu parto, o
apoio público que faltou ao Esquadrão da Fé. Tonicão reformado, a febre do
esporte contagiou a cidade na primeira metade dos anos 2000. Conti Assis de um
lado, Assisense do outro. A superlotação do Jairão não se repetia, contudo, no
Tonicão. Gerações diferentes, realidades distintas, a torcida não teve
identidade com o novo time de futebol da cidade.
Somente em uma ocasião vi o
Tonicão com lotação atípica naquele ano de ouro do Assisense, em 2004. Na minha
convicção, foi a herança da rivalidade com o Tanabi, antigo adversário do
Vocem, que fez o torcedor sair de casa e acreditar no novo time. Ao final da
temporada, perdendo vaga para o Campinas, o melancólico encerramento de uma
campanha que teve apoio empresarial mediado pela Prefeitura. E o Assisense
cerrou seus dias de glória sem a exceção histórica aberta pela Federação
Paulista, que permitiu que o campeão da Série B-2 subisse direto para a A-3.
Nos anos subsequentes houve
troca de presidentes do Assisense, igualmente ao que sucedeu a geração do Vocem
de 1984. Cheguei a ir ao Tonicão ver o Falcão do Vale, testemunhando jogos que
também tinham mais pessoas dentro do campo do que nas arquibancadas. A cidade
mais uma vez deu as costas ao time de futebol que fundara. Se o Assisense, qual
ao Vocem, vai morrer? Não sei. Mas que o futebol na cidade está sepultado,
disso não tenho dúvida.
Respeito, e muito, o
trabalho de Carlos Antunes, que bravamente preside o Assisense na fase
pós-2004. Ele, sozinho, já fez muito mais do que os ex-presidentes que
sucederam o comando do Vocem pós-1984. Mas, creio, chegou a hora de reavaliar os
pesos. Votuporanga tentou igualmente mudar o rumo das coisas, não deu certo e
essas coisas voltaram ao devido lugar. Em um exemplo mais acima, em se tratando
de divisão, o Marília mudou a gestão e bastou uma simples temporada para voltar
atrás. Desde a época em que cabo de espingarda e braço de violão são feitos de
pau, futebol é movido a dinheiro. Vontade, apenas, não basta.
Tenho notícias da
reestruturação do futebol em Presidente Prudente. Desde que o Assisense
projetou-se o futebol prudentino mudou de nome consideráveis vezes. Primeiro, o
Prudentino; depois, o Oeste Paulista; por fim, o Grêmio Prudente, herança
maldita do Grêmio Barueri. Agora, em 2012, Grêmio Prudente sob o comando de
Antônio Carlos, ex-zagueiro de Palmeiras, Corinthians e Santos e morador em
Regente Feijó. Por trás dele um amontoado de especulações de investidores,
entre os quais a 9ine, de Ronaldo, o Fenômeno. Portanto, tem dinheiro lá.
Em Assis as notícias são as
mesmas neste janeiro. A cidade, caso registre um time na Federação, terá mesmo
o Assisense. Não se ouve uma especulação, uma sinalização de apoio, mesmo
sendo, este, um ano político. Isso me faz lembrar a afirmação a mim feita por
um político em 1996: “prometer apoio a futebol é queimar o filme”. Talvez isso
faça sentido, pois nunca vi, quando adulto, um candidato a prefeito anunciar
publicamente que se eleito criaria condições para que Vocem ou Assisense
disputassem campeonato com dignidade e levassem o nome da cidade com a merecida
honra. O que lembro é da principal plataforma de campanha do doutor Valcir, no
início da década de 1980, que chegou a trazer para a cidade as torres de
iluminação daquele que seria o estádio do Vocem. Cômico ou não, hoje a cidade
tem estádio, que não tem iluminação e nem time em condições de disputar uma
competição que tenha partidas noturnas.
A falta de identidade com o
futebol é tamanha que dia desses, ao mandar mensagem a meu amigo Cledir
Oliveira, na ESPN, recebi o abraço público do cronista, completado por Zé
Boquinha, que disse: “Assis, cidade que já teve um bom time de basquete”. Sim,
ninguém mais lembra do Vocem. E, pior, ninguém nem teve tempo de aprender que
Assis um dia teve e tem o Assisense.
São inúmeras as razões que
me fazem dar jus ao título deste texto. Sou mais vocemista do que assisense,
assim como a geração jovem desta cidade é muito mais Conti Assis do que
Assisense, até porque é esta a lembrança esportiva mais recente das conquistas
da cidade. Pergunte a qualquer garoto na faixa etária dos 15 aos 25 anos de
idade sobre o nome de um ídolo do esporte local e verá: se for basquete, o nome
prevalente é Arnaldinho, que já foi assistido, em 2004, por 7 mil torcedores no
Jairão, na final do Torneio Novo Milênio. Mas, se for futebol... duvido que
haja uma resposta que corresponda.
Tenho 41 anos de idade até
o dia 8 de fevereiro deste ano. Meus amigos, contemporâneos à minha época de
escola, fazem comigo tentativas de escalação do Vocem, de 1981 a 1984. Temos
nomes na lembrança, torcedores que éramos.
Aqui, na região, minhas
últimas lembranças de um futebol bem jogado, sem mercenarismos, vem de 30 km de
distância. O Paraguaçuense chegou onde Vocem e Assisense sempre tentaram. E deu
ao futebol brasileiro craques como o zagueiro transformado por Luxemburgo em
volante, Narciso, o goleiro Sílvio Luiz, o meia esquerda César Mendes e o
atacante Pena. Nomes da campanha da década de 1990. Deci, já aposentado, talvez
tenha sido a última grande revelação de Assis, formado pelas categorias de base
do Vocem nos anos 1990. Mesmo caminho hoje trilhado por Paulo Vítor, filho de
Vidotti, ex-diretor de futebol do Assisense, reserva imediato de Felipe no gol
do Flamengo e um dia treinado por Marinho, ex-goleiro do... Vocem.
Desde então, assistir jogo
de futebol no estádio tem sido uma rotina como a de domingo passado, em
Londrina. Pegar o carro, viajar e ver futebol sem ter a certeza de quem será a
equipe derrotada. Perdi as contas sobre o número de jogos que assisti no
Prudentão, em Prudente, e no Abreuzão, em Marília. Cidades que não têm clube
que se estabiliza na elite, mas que trabalham o futebol com a seriedade que os
investimentos públicos exigem. O último Corinthians x Palmeiras fez gerar
receita superior a R$ 2 milhões para o comércio de Presidente Prudente.
Resultado: o grande parceiro da Prefeitura daquela cidade é justamente a
Associação Comercial, que colhe frutos de um futebol que independe do sucesso
de qualquer agremiação que defenda o nome da cidade.
Enfim, janeiro está
caminhando para o fim e daqui a pouco começam os jogos. O Grêmio Prudente vai
disputar a mesma divisão que o Assisense, mas o Prudentão receberá jogos bem
diferentes daqueles que o Tonicão, se aprovado pela Federação, tende a sediar.
O Corinthians, por exemplo, jogará em Presidente Prudente, mas na partida
contra o Oeste, de Itápolis, que é mandante no confronto. E outros dois clubes
já manifestaram interesse em ir até Prudente para jogar contra Santos e São
Paulo. Isso sem contar a sinalização do Palmeiras, que admite, caso enfrente o
Corinthians como mandante, trazer novamente o maior clássico paulista para o
Prudentão.
Admito que seja injusto e
até incorreto comparar as realidades de Tonicão e Prudentão. Mas faço, sim,
comparação quanto à gestão do futebol. Se em 1995 o então prefeito de Prudente,
Agripino Lima, decidiu encarar a Câmara e o Tribunal de Contas e reformar o
estádio mediante investimentos de milhões de reais, prevendo retorno em forma
giro comercial, pagou o preço de ser chamado de louco e faraônico. Hoje, quem o
criticou engole o caroço de ver a cidade praticamente parada por torcedores que
cruzam o estado para ver seu time de coração e gastar seus reais na cidade,
girando uma economia à base de boi e pasto. A manutenção do estádio custa,
obviamente, pouco se comparada à receita gerada pelos eventos.
E é do ponto de vista da
gestão que sou Vocem até morrer. Ver o time voltando a campo com a camisa
branco e grená é uma dessas utopias que ajudam a fazer do futebol a maior das
paixões do alienado povo brasileiro. Se fará muito mais que o Falcão do Vale
tem feito eu não sei; faz parte da utopia. Mas que seria uma carta na manga
para uma jogada de marketing, ah, isso seria. Só que a pequenez política e
comercial que paira na cidade impede qualquer raciocínio nesse sentido.
FISCALIZAÇÃO ELETRÔNICA
COMPETÊNCIA
Meu amigo Faustinho Nóbile
tem passado 15 horas por dia, em média, em seu estúdio. Hoje paulistano, o
assisense está editando a trilha sonora da regravação brasileira da novela
Carrossel, para o SBT.
HISTÓRICO
Faustinho, que deixou seu
nome gravado nas cabines do Porão e da Pirâmide, investiu pesado em estrutura
de som para grandes eventos. E tem colhido os frutos. Na ida dos roqueiros do
AC/DC a São Paulo, por exemplo, lá estava a qualidade do som do assisense.
UM DIA...
A versão online do Jornal
da Segunda atingiu 200 mil acessos na primeira metade de janeiro.
Impressionantes 2.200 acessos foram registrados em um só dia neste início de
2012.
...APÓS O OUTRO
A internet, contudo,
realmente carece de estudos profundos, principalmente sobre o comportamento de
seus usuários, ávidos consumidores de informação. No dia 18 de janeiro o Jornal
da Segunda Online teve os impressionantes 479 acessos. Média bem menor que o
dia anterior, que foi de 1.800 acessos.
REESTRUTURAÇÃO
Meu amigo Paulinho fez
alterações de fachada em sua empresa. De Sucatão Martinez, agora Martinez
Autopeças. Mesma empresa, mesmo segmento, mas a necessária mudança que todo
negócio periodicamente exige.
ESPUMA
Em dezembro iniciei uma
saga, atrás de um bom chope em Assis. Coloco, aqui, o nome do estabelecimento
quando encontrar o chope que, para o meu paladar, estiver no padrão, por
exemplo, do restaurante Rafaela´s, que frequentava em Marília dez anos atrás.
COLARINHO I
A saga foi iniciada, claro.
Na primeira semana de janeiro fomos comer o tal frango com mel e pimenta nos arredores
da Catedral. Pedi, claro, um chope. O que me surpreendeu foi que quando pedi o
segundo chope solicitei que não tivesse colarinho, ao que a garçonete advertiu:
sem colarinho não é o mesmo preço.
COLARINHO II
Não sou frequentador
assíduo de choperias e restaurantes. Pelo contrário, curto muito cozinhar e
faço minhas aventuras na cozinha aqui de casa mesmo. Nossas saídas, portanto,
são pontuais, com amigos ou em família, em ocasiões específicas. Por isso
procuro o tal local onde o chope não esteja apenas gelado o suficiente para
descer gerando aquela inexplicável sensação de prazer. Há todo um conjunto
envolvido nesse contexto da saga.
COLARINHO III
Nas viagens jornalísticas
que fiz por esses anos experimentei chopes deliciosamente no ponto. Sacanagem,
claro, citar o exemplo do Pinguim, de Ribeirão, ou o Pensador, de Prudente.
Foram muitos os bons chopes, como esses, mas muitos, também, os ruins. Em
nenhum caso, contudo, ao menos que eu me lembre, paguei a mais por um copo ou
caneca de chope com colarinho. Assis deu não só a mim, mas aos outros amigos,
vindos de Presidente Prudente, Pirapozinho e Marília, essa oportunidade de
comer um delicioso frango com mel e pimenta, mas um inédito chope com preço
estabelecido pelo colarinho.
O RETORNO
Meu amigo Davi Valverde
está afinando novamente os instrumentos musicais. O competente professor da
Fema e da FIO/Ourinhos faz planos, na música, para o segundo semestre. A noite
assisense agradece.
CAUSO
A década era 1970 e havia
uma especulação sobre a saída da VASP de Assis. A única companhia aérea da
cidade desativaria os voos para São Paulo, por falta de demanda de passageiros.
O aeroporto da cidade
ficava no local de bairro, hoje, homônimo, ou seja, no Jardim Aeroporto, nas
proximidades da Igreja Redonda. A pista era de terra e sequer estrutura para
recebimento e despacho de bagagens havia. O improviso era a marca do ‘antigo
aeroporto’.
Havia duas opções, além do
avião, para quem viajasse para São Paulo: o ônibus e o trem. A primeira, mais
cara, tinha um tempo de viagem de 7 a 8 horas. Já o trem exigia pelo menos 12
horas de paciência.
Com a possibilidade de
desativação da única linha aérea da cidade, forças políticas locais e regionais
mobilizaram-se. Uma caravana foi montada e o grupo de líderes foi à capital para
ter uma conversa no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Afinal,
a VASP era uma empresa estatal e, como tal, regida por forças políticas que,
todos sabem, são maiores e têm mais peso que os interesses econômicos.
O governador recebeu as lideranças
regionais em seu gabinete. E ouviu atentamente os argumentos de bispo,
prefeito, vereadores e líderes comunitários. E estranhou que a comitiva chegarou
um tanto atrasada em relação ao horário marcado. Quando questionou sobre o
porquê, ouviu a surpreendente resposta: “viemos de trem”.
Meses depois a linha aérea
estava desativada, sob o argumento de falta de demanda de passageiros em Assis.
PERGUNTINHA BÁSICA...
Onde está a TV digital e/ou
HD em Assis (não vale responder “na Sky”)?
*Jornalista, professor
universitário e mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.
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