segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Eu, assisense? Não, sou vocemista!


20 Janeiro 2012


Cláudio Messias*

Na tarde deste domingo (15/01/12) saí de Assis na companhia de meu filho mais velho, Vítor, com destino a Londrina. Mais precisamente, ao Estádio do Café. Lá, Flamengo e Corinthians iniciavam suas temporadas. Corintianos que somos, queríamos ver Alex, Emerson Sheik, Paulinho, Ralf, Adriano, enfim, os responsáveis por nosso mais recente título. Mas, na condição de amantes do futebol, focamos igualmente Ronaldinho Gaúcho e o assisense Paulo Vítor, goleiro que tende a ser sucessor de Felipe.

No carro lembrávamos das pré-temporadas anteriores. Sempre, nos últimos anos, estamos na estrada para ver o nosso Timão, ora jogando pelo Paulistão, ora fazendo amistosos nas redondezas. Neste domingo não foi diferente: estádio lotado, taxa para flanelinha, copo de água a 4 reais, cambistas no portão de acesso, fila para entrar e muito, mas muito sol na moleira. Coisas da rotina de amantes do futebol.

O primeiro jogo de Vítor comigo em um estádio, para ver o Corinthians, foi em 25 de janeiro de 2003, no Abreuzão, em Marília. Ele tinha 5 anos de idade e Júlio, o mais novo, 4. Conosco estavam Rozana, minha esposa, e Luzia, minha mãe. O jogo era válido pelo Paulistão e com gols de David e Gil vencemos por 2 a 0. Na saída, o sufoco: estávamos como sempre ficamos, ou seja, no meio da Gaviões, que, claro, era minoria. Como os torcedores do MAC saíram primeiro, tivemos de esperar. E quando pudemos sair, a surpresa: a Mancha Azul estava municiada de pedras e paus para responder às óbvias provocações daqueles que haviam vencido o embate dentro de campo.

São emoções e perigos do futebol. Perigo como deste domingo, em Londrina. A pequena torcida do Flamengo foi ao alambrado provocar a maioria (segundo a rádio Paiquerê AM, eram 75% de corintianos e 25% de flamenguistas). Como no Paraná a PM não faz cordão de isolamento, ocorreu o previsível: o alambrado caiu feito teia de aranha e o confronto aconteceu. Minutos depois o choque da PM chegou, colocou as coisas no lugar e o sossego retomou. Se você não viu ou não soube disso, é porque a TV, por interesses óbvios, não mostrou, e nem mesmo as rádios que cobriram ao evento mencionaram tal conflito.

Mas meu assunto, aqui, é o que há de bom no futebol, e não esses episódios lamentáveis que envolvem extremistas. Nunca, em minha vida de jornalista esportivo ou de torcedor, vi ou estive presente em evento esportivo em que tenha ocorrido morte ou agressões graves. Felizmente. E vejo que esse tipo de confronto entre adversários tende a diminuir e acabar, principalmente com o advento da Copa de 2014.

Minha pauta é o futebol. Ou a falta de futebol em Assis. Conheci dois projetos ousados de futebol na cidade: o do Vocem de 1984 e o do Assisense de 2004. Ambos ficaram no ‘quase’, porém renderam uma corrente de emoção jamais vista nas arquibancadas dos estádios Marcelino de Souza e Antônio Viana Silva. Em ambos os casos, porém, o que se estendeu foram gestões malsucedidas e pouca ou nenhuma habilidade para manter a tradição das cores grená e azul.

Fui torcedor do Vocem desde a época em que Canton, da Aviauto, convocava a torcida das vilas Operária, Tênis Clube e Santa Cecília, aos domingos pela manhã, através do sistema de som instalado em sua Veraneio cinza. Eu ia a pé até a Ferroviária e, beneficiado pelo fato de ser filho de ferroviário, não pagava ingresso. Ficava na arquibancada com assentos de madeira, a chamada Geralzona ou, para os mais apaixonados, o Inferninho, que lotava. Foi numa vitória histórica do Vocem sobre o Fernandópolis por 3 a 2 que, ao invadir o campo, conheci desastrosamente o repórter Roberto Thomé, então na Globo. Na ânsia de correr para o centro de campo e abraçar o herói da tarde Adilsinho, trombei em Thomé, que caiu de um lado e arremessou o microfone de outro. O cinegrafista era Jorge Salim, com quem relembro dessa história nas ocasiões em que nos encontramos nas pautas da vida.

Meu amor pelo Vocem criou raízes. Aos 13 anos de idade fui levado por seu Limpião e apresentado às categorias de base. Queria ser goleiro, levava jeito para a coisa e treinei observando Marinho e depois Bertoza naquela rotina profissional que os tornou os maiores goleiros da história do futebol assisense (Marinho defendeu o São Paulo de Valdir Perez e fez parte da vitoriosa campanha do MAC na segunda metade dos anos 1980). Em 1985 fiz a opção pelo rádio, não cheguei a formalizar minha documentação de jogador profissional, mas continuei sendo torcedor de carteirinha do Vila Operária Clube Esportivo Mariano, clube que a Globo Oeste Paulista chamava de Vocém, com sílaba tônica invertida.

De torcedor e jogador passei a radialista que cobria o Vocem. Não necessariamente empunhando microfone como Alves Barreto e Carlinhos Perandré, mas ajudando Maurílio Siqueira, nos trabalhos técnicos, e o comandante Chico de Assis, o âncora. Foi com eles que conheci inúmeros estádios dos adversários do Vocem naquela fase pós-1984, desbravando aquele que na época era chamado de Oeste Paulista.

Pedro Buzarosco, Paulinho Calçados e Mauro dos Santos foram nomes que assinaram projetos que se assemelharam ao de 1984. São forças inquestionáveis, uma vez que sob a égide de tais figuras foi justificada a força que deu início à construção do estádio Tonicão (para mim – e muitos outros – o estádio só poderá ser considerado concluído quando estiver com cobertura de arquibancadas laterais e o fechamento da ‘ferradura’ atrás do gol de entrada, ou seja, prolongamento da arquibancada, o que daria uma capacidade total de 17 mil lugares).

Vi o Tonicão lotado em duas ocasiões. Na inauguração, em 1991, com a vinda do então campeão brasileiro Corinthians, de Ronaldo, Neto, Tupãzinho, Dinei, Ezequiel, Fabinho, entre outros, e na partida beneficente protagonizada por aquele que pode entender muito de música, mas nada de futebol, Daniel. Os dois tobogãs laterais ficaram totalmente lotados nas duas ocasiões, com destaque ao jogo de Daniel, que aconteceu em um sábado chuvoso, condição climática desfavorável.

Altos investimentos foram feitos em futebol na cidade por empresários apaixonados pelo futebol, após a inauguração do Tonicão. Miguel, da Barateira, talvez tenha sido o mais confiante dos investidores. Carregava consigo o apoio midiático das empresas de comunicação que tinham o supermercado como um dos principais anunciantes. Aonde o Vocem ia, lá estavam emissoras de rádio e jornais. Tamanha exposição arrebanhava torcedores ao Marcelino de Souza e, depois, ao Tonicão, especialmente quando vinham para cá o Corintinha, de Prudente, o José Bonifácio, o Bandeirante, de Birigui, e o Tanabi.

Na fase Tonicão a pedra no sapato do Vocem eram o Corintinha e Paulo Lima com sua força política na Federação. No entanto, bastou a estrutura do novo estádio, sonho da torcida assisense, tornar-se realidade e a força parece ter-se esgotado. A cidade parece não ter atendido ao apelo da paródia “Não deixe o Vocem morrer, não deixe o Vocem acabar...”. O golpe de misericórdia na tradição foi dado quando, na melhor das intenções, porém sozinho, um ídolo com página registrada na história vocemista assumiu o comando. Jamil aceitou a presidência de um clube afundado em dívidas trabalhistas e junto a fornecedores e pouco pôde fazer. O cenário desolador mostrava um time que tinha Timbó no ataque e um número maior de pessoas dentro de campo do que nas arquibancadas. Sem apoio, o Vocem morreu ali, quando a cada jogo havia um policial militar e um oficial de justiça recolhendo ‘toda’ a renda da bilheteria.

Outra tentativa foi feita em 1997, mas resgatar o Vocem era missão quase impossível. A cidade havia esquecido o esquadrão da fé. As empresas de comunicação da cidade, totalmente dependentes de contratos com as verbas públicas advindas da Prefeitura, consentiam com o que determinava o mandante, ou seja, não apoiar um clube de futebol que, na prática ou na forma simplista de ver o mundo através da medíocre vista da política, exigiria investimentos de reforma e manutenção do Tonicão, fator que claramente não fazia parte das prioridades daquela gestão.

Discreto e sem uma estrela no céu que anunciasse seu nascimento surgia, em 1995, o Clube Atlético Assisense. Com a desfiliação do Vocem e suas dívidas na Federação e na Justiça Trabalhista o Falcão do Vale ganhou, quase dez anos depois de seu parto, o apoio público que faltou ao Esquadrão da Fé. Tonicão reformado, a febre do esporte contagiou a cidade na primeira metade dos anos 2000. Conti Assis de um lado, Assisense do outro. A superlotação do Jairão não se repetia, contudo, no Tonicão. Gerações diferentes, realidades distintas, a torcida não teve identidade com o novo time de futebol da cidade.

Somente em uma ocasião vi o Tonicão com lotação atípica naquele ano de ouro do Assisense, em 2004. Na minha convicção, foi a herança da rivalidade com o Tanabi, antigo adversário do Vocem, que fez o torcedor sair de casa e acreditar no novo time. Ao final da temporada, perdendo vaga para o Campinas, o melancólico encerramento de uma campanha que teve apoio empresarial mediado pela Prefeitura. E o Assisense cerrou seus dias de glória sem a exceção histórica aberta pela Federação Paulista, que permitiu que o campeão da Série B-2 subisse direto para a A-3.

Nos anos subsequentes houve troca de presidentes do Assisense, igualmente ao que sucedeu a geração do Vocem de 1984. Cheguei a ir ao Tonicão ver o Falcão do Vale, testemunhando jogos que também tinham mais pessoas dentro do campo do que nas arquibancadas. A cidade mais uma vez deu as costas ao time de futebol que fundara. Se o Assisense, qual ao Vocem, vai morrer? Não sei. Mas que o futebol na cidade está sepultado, disso não tenho dúvida.

Respeito, e muito, o trabalho de Carlos Antunes, que bravamente preside o Assisense na fase pós-2004. Ele, sozinho, já fez muito mais do que os ex-presidentes que sucederam o comando do Vocem pós-1984. Mas, creio, chegou a hora de reavaliar os pesos. Votuporanga tentou igualmente mudar o rumo das coisas, não deu certo e essas coisas voltaram ao devido lugar. Em um exemplo mais acima, em se tratando de divisão, o Marília mudou a gestão e bastou uma simples temporada para voltar atrás. Desde a época em que cabo de espingarda e braço de violão são feitos de pau, futebol é movido a dinheiro. Vontade, apenas, não basta.

Tenho notícias da reestruturação do futebol em Presidente Prudente. Desde que o Assisense projetou-se o futebol prudentino mudou de nome consideráveis vezes. Primeiro, o Prudentino; depois, o Oeste Paulista; por fim, o Grêmio Prudente, herança maldita do Grêmio Barueri. Agora, em 2012, Grêmio Prudente sob o comando de Antônio Carlos, ex-zagueiro de Palmeiras, Corinthians e Santos e morador em Regente Feijó. Por trás dele um amontoado de especulações de investidores, entre os quais a 9ine, de Ronaldo, o Fenômeno. Portanto, tem dinheiro lá.

Em Assis as notícias são as mesmas neste janeiro. A cidade, caso registre um time na Federação, terá mesmo o Assisense. Não se ouve uma especulação, uma sinalização de apoio, mesmo sendo, este, um ano político. Isso me faz lembrar a afirmação a mim feita por um político em 1996: “prometer apoio a futebol é queimar o filme”. Talvez isso faça sentido, pois nunca vi, quando adulto, um candidato a prefeito anunciar publicamente que se eleito criaria condições para que Vocem ou Assisense disputassem campeonato com dignidade e levassem o nome da cidade com a merecida honra. O que lembro é da principal plataforma de campanha do doutor Valcir, no início da década de 1980, que chegou a trazer para a cidade as torres de iluminação daquele que seria o estádio do Vocem. Cômico ou não, hoje a cidade tem estádio, que não tem iluminação e nem time em condições de disputar uma competição que tenha partidas noturnas.

A falta de identidade com o futebol é tamanha que dia desses, ao mandar mensagem a meu amigo Cledir Oliveira, na ESPN, recebi o abraço público do cronista, completado por Zé Boquinha, que disse: “Assis, cidade que já teve um bom time de basquete”. Sim, ninguém mais lembra do Vocem. E, pior, ninguém nem teve tempo de aprender que Assis um dia teve e tem o Assisense.

São inúmeras as razões que me fazem dar jus ao título deste texto. Sou mais vocemista do que assisense, assim como a geração jovem desta cidade é muito mais Conti Assis do que Assisense, até porque é esta a lembrança esportiva mais recente das conquistas da cidade. Pergunte a qualquer garoto na faixa etária dos 15 aos 25 anos de idade sobre o nome de um ídolo do esporte local e verá: se for basquete, o nome prevalente é Arnaldinho, que já foi assistido, em 2004, por 7 mil torcedores no Jairão, na final do Torneio Novo Milênio. Mas, se for futebol... duvido que haja uma resposta que corresponda.

Tenho 41 anos de idade até o dia 8 de fevereiro deste ano. Meus amigos, contemporâneos à minha época de escola, fazem comigo tentativas de escalação do Vocem, de 1981 a 1984. Temos nomes na lembrança, torcedores que éramos.

Aqui, na região, minhas últimas lembranças de um futebol bem jogado, sem mercenarismos, vem de 30 km de distância. O Paraguaçuense chegou onde Vocem e Assisense sempre tentaram. E deu ao futebol brasileiro craques como o zagueiro transformado por Luxemburgo em volante, Narciso, o goleiro Sílvio Luiz, o meia esquerda César Mendes e o atacante Pena. Nomes da campanha da década de 1990. Deci, já aposentado, talvez tenha sido a última grande revelação de Assis, formado pelas categorias de base do Vocem nos anos 1990. Mesmo caminho hoje trilhado por Paulo Vítor, filho de Vidotti, ex-diretor de futebol do Assisense, reserva imediato de Felipe no gol do Flamengo e um dia treinado por Marinho, ex-goleiro do... Vocem.

Desde então, assistir jogo de futebol no estádio tem sido uma rotina como a de domingo passado, em Londrina. Pegar o carro, viajar e ver futebol sem ter a certeza de quem será a equipe derrotada. Perdi as contas sobre o número de jogos que assisti no Prudentão, em Prudente, e no Abreuzão, em Marília. Cidades que não têm clube que se estabiliza na elite, mas que trabalham o futebol com a seriedade que os investimentos públicos exigem. O último Corinthians x Palmeiras fez gerar receita superior a R$ 2 milhões para o comércio de Presidente Prudente. Resultado: o grande parceiro da Prefeitura daquela cidade é justamente a Associação Comercial, que colhe frutos de um futebol que independe do sucesso de qualquer agremiação que defenda o nome da cidade.

Enfim, janeiro está caminhando para o fim e daqui a pouco começam os jogos. O Grêmio Prudente vai disputar a mesma divisão que o Assisense, mas o Prudentão receberá jogos bem diferentes daqueles que o Tonicão, se aprovado pela Federação, tende a sediar. O Corinthians, por exemplo, jogará em Presidente Prudente, mas na partida contra o Oeste, de Itápolis, que é mandante no confronto. E outros dois clubes já manifestaram interesse em ir até Prudente para jogar contra Santos e São Paulo. Isso sem contar a sinalização do Palmeiras, que admite, caso enfrente o Corinthians como mandante, trazer novamente o maior clássico paulista para o Prudentão.

Admito que seja injusto e até incorreto comparar as realidades de Tonicão e Prudentão. Mas faço, sim, comparação quanto à gestão do futebol. Se em 1995 o então prefeito de Prudente, Agripino Lima, decidiu encarar a Câmara e o Tribunal de Contas e reformar o estádio mediante investimentos de milhões de reais, prevendo retorno em forma giro comercial, pagou o preço de ser chamado de louco e faraônico. Hoje, quem o criticou engole o caroço de ver a cidade praticamente parada por torcedores que cruzam o estado para ver seu time de coração e gastar seus reais na cidade, girando uma economia à base de boi e pasto. A manutenção do estádio custa, obviamente, pouco se comparada à receita gerada pelos eventos.

E é do ponto de vista da gestão que sou Vocem até morrer. Ver o time voltando a campo com a camisa branco e grená é uma dessas utopias que ajudam a fazer do futebol a maior das paixões do alienado povo brasileiro. Se fará muito mais que o Falcão do Vale tem feito eu não sei; faz parte da utopia. Mas que seria uma carta na manga para uma jogada de marketing, ah, isso seria. Só que a pequenez política e comercial que paira na cidade impede qualquer raciocínio nesse sentido.


FISCALIZAÇÃO ELETRÔNICA


COMPETÊNCIA

Meu amigo Faustinho Nóbile tem passado 15 horas por dia, em média, em seu estúdio. Hoje paulistano, o assisense está editando a trilha sonora da regravação brasileira da novela Carrossel, para o SBT.

HISTÓRICO

Faustinho, que deixou seu nome gravado nas cabines do Porão e da Pirâmide, investiu pesado em estrutura de som para grandes eventos. E tem colhido os frutos. Na ida dos roqueiros do AC/DC a São Paulo, por exemplo, lá estava a qualidade do som do assisense.

UM DIA...

A versão online do Jornal da Segunda atingiu 200 mil acessos na primeira metade de janeiro. Impressionantes 2.200 acessos foram registrados em um só dia neste início de 2012.

...APÓS O OUTRO

A internet, contudo, realmente carece de estudos profundos, principalmente sobre o comportamento de seus usuários, ávidos consumidores de informação. No dia 18 de janeiro o Jornal da Segunda Online teve os impressionantes 479 acessos. Média bem menor que o dia anterior, que foi de 1.800 acessos.

REESTRUTURAÇÃO

Meu amigo Paulinho fez alterações de fachada em sua empresa. De Sucatão Martinez, agora Martinez Autopeças. Mesma empresa, mesmo segmento, mas a necessária mudança que todo negócio periodicamente exige.

ESPUMA

Em dezembro iniciei uma saga, atrás de um bom chope em Assis. Coloco, aqui, o nome do estabelecimento quando encontrar o chope que, para o meu paladar, estiver no padrão, por exemplo, do restaurante Rafaela´s, que frequentava em Marília dez anos atrás.

COLARINHO I

A saga foi iniciada, claro. Na primeira semana de janeiro fomos comer o tal frango com mel e pimenta nos arredores da Catedral. Pedi, claro, um chope. O que me surpreendeu foi que quando pedi o segundo chope solicitei que não tivesse colarinho, ao que a garçonete advertiu: sem colarinho não é o mesmo preço.

COLARINHO II

Não sou frequentador assíduo de choperias e restaurantes. Pelo contrário, curto muito cozinhar e faço minhas aventuras na cozinha aqui de casa mesmo. Nossas saídas, portanto, são pontuais, com amigos ou em família, em ocasiões específicas. Por isso procuro o tal local onde o chope não esteja apenas gelado o suficiente para descer gerando aquela inexplicável sensação de prazer. Há todo um conjunto envolvido nesse contexto da saga.

COLARINHO III

Nas viagens jornalísticas que fiz por esses anos experimentei chopes deliciosamente no ponto. Sacanagem, claro, citar o exemplo do Pinguim, de Ribeirão, ou o Pensador, de Prudente. Foram muitos os bons chopes, como esses, mas muitos, também, os ruins. Em nenhum caso, contudo, ao menos que eu me lembre, paguei a mais por um copo ou caneca de chope com colarinho. Assis deu não só a mim, mas aos outros amigos, vindos de Presidente Prudente, Pirapozinho e Marília, essa oportunidade de comer um delicioso frango com mel e pimenta, mas um inédito chope com preço estabelecido pelo colarinho.

O RETORNO

Meu amigo Davi Valverde está afinando novamente os instrumentos musicais. O competente professor da Fema e da FIO/Ourinhos faz planos, na música, para o segundo semestre. A noite assisense agradece.

CAUSO

A década era 1970 e havia uma especulação sobre a saída da VASP de Assis. A única companhia aérea da cidade desativaria os voos para São Paulo, por falta de demanda de passageiros.
O aeroporto da cidade ficava no local de bairro, hoje, homônimo, ou seja, no Jardim Aeroporto, nas proximidades da Igreja Redonda. A pista era de terra e sequer estrutura para recebimento e despacho de bagagens havia. O improviso era a marca do ‘antigo aeroporto’.
Havia duas opções, além do avião, para quem viajasse para São Paulo: o ônibus e o trem. A primeira, mais cara, tinha um tempo de viagem de 7 a 8 horas. Já o trem exigia pelo menos 12 horas de paciência.
Com a possibilidade de desativação da única linha aérea da cidade, forças políticas locais e regionais mobilizaram-se. Uma caravana foi montada e o grupo de líderes foi à capital para ter uma conversa no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Afinal, a VASP era uma empresa estatal e, como tal, regida por forças políticas que, todos sabem, são maiores e têm mais peso que os interesses econômicos.
O governador recebeu as lideranças regionais em seu gabinete. E ouviu atentamente os argumentos de bispo, prefeito, vereadores e líderes comunitários. E estranhou que a comitiva chegarou um tanto atrasada em relação ao horário marcado. Quando questionou sobre o porquê, ouviu a surpreendente resposta: “viemos de trem”.
Meses depois a linha aérea estava desativada, sob o argumento de falta de demanda de passageiros em Assis.

PERGUNTINHA BÁSICA...

Onde está a TV digital e/ou HD em Assis (não vale responder “na Sky”)?

*Jornalista, professor universitário e mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.

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