quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Como fazer um trabalho de conclusão de curso? Atalhos, fraudes e apelação


20 Outubro de 2011


Como fazer um trabalho de conclusão de curso? Atalhos, fraudes e apelação


Cláudio Messias*
clmessias@estadao.com.br

Não estranhe. Elaborei o título deste texto propositadamente. O faço como isca, lançada neste mar de ilusões chamado sistema de buscas online. Não tenho condições de saber a audiência de meus textos publicados aqui neste portal, mas não tenho dúvidas que tende a ser, entre os que já publiquei, o que mais acesso terá. E não serão acessos sazonalizados pelo intervalo médio de uma semana a dez dias que levo para fazer minhas publicações. Serão, sim, acessos praticamente permanentes. Não é exagero nenhum dizer que daqui a vinte anos haverá quem ainda o acesse.

Não, não estou me gabando de ter um texto de qualidade ou de conteúdo que interesse a gerações inteiras, até porque não tenho. Afinal, se minha profecia se concretizar, meus netos - se os tiver - terão condições de ler o que o avô pontuou antes mesmo de serem planejados. Uma certeza eu tenho e terei: dos centenas e, por que não, milhares de internautas que tiverem acessado a este texto nas próximas duas décadas, a maioria absoluta deles não terá chegado à leitura do final deste segundo parágrafo.

Continua não entendendo nada? Vou explicar. Empreguei estrategicamente o título “como fazer um trabalho de conclusão de curso?” para atrair buscas que se fazem por esta construção de sentidos presente no tal título, via internet. E quem faz este tipo de busca? Com certeza, nem o posto Ipiranga da propaganda de TV tem essa resposta. Mas dá para arriscar. Meu palpite: buscam respostas à pergunta desse título pessoas que têm preguiça de pensar.

Até 2003 ajudei muitos amigos e até desconhecidos na revisão de TCCs, monografias de lato sensu, dissertações e teses. Nunca estabeleci um preço para esse tipo de serviço. Preferia os presentes que vinham depois, como um livro, um CD ou mesmo algumas guloseimas ofertadas pelos autores. Minhas revisões não focavam a metodologia científica das pesquisas, mas o enquadramento nas normas da ABNT e a correção de lapsos, ora de digitação, ora de ortografia, ora de gramática, normais da parte de quem produz texto mais preocupado com o conteúdo do que com a estética.

Certa vez, em Marília, li uma dissertação de mestrado intrigante. Falava de Norbert Elias e sua reflexão sobre o tempo e o espaço. Era mais um trabalho com quase 200 páginas, com uma narrativa interessante demais, além da conta. Eu não conhecia pessoalmente o autor da dissertação; fora indicado por um grande amigo com quem eu trabalhava. Gostei tanto do trabalho que recorri às leituras de Norbert Elias para aprofundar as reflexões – eu teria contato com autor e obra na graduação em História, um ano depois. Mas, passadas algumas semanas, tive a notícia: aquela dissertação havia sido rechaçada pela banca. Fiquei assustado com a notícia, pois me sentia parte daquele texto. Fui acalmado pelo interlocutor daquela informação: havia plágio no texto. Uma tese de doutoramento, defendida anos antes em Campinas, fora praticamente copiada por inteiro.

Em 2003 o Google ainda era “gógle”, como me definia nominalmente  o site de buscas, à época, um colega de trabalho no Jornal da Manhã. E já era suficiente para desbancar Yahoo!, Altavista e outros sites de buscas que reinavam na época. Foi, pois, no Google que um membro daquela banca flagrou o plágio. E o que fez o autor? Além de ganhar tempo para refazer o trabalho, desapareceu no mapa. Caiu, certamente, no anonimato a que expurga a ciência quando de flagrantes do gênero.

Estou escrevendo isso tudo fugindo um pouco de minha proposta para este rico espaço, para onde eu havia reservado expectativa de produzir excertos sobre o mundo da comunicação. Mas, se você é um dos internautas que fez busca por “como fazer um trabalho de conclusão de curso?” e chegou até esta metade do texto, siga um conselho: pare por aqui. Não avance mais nas suas buscas. Neste exato momento, às 11h45 deste dia 20/10/2011, faço a mesma busca que você e aparecem, no Google, 2.100.000 resultados (sim, 2,1 milhões), feitos em 0,09 segundos. No topo, como primeiro resultado de busca, aparece um tal sugestivo “cola da web”. O que quero dizer é que você, que está meio perdido sobre o que e como fazer, acaba se rendendo às iscas lançadas e parte para a fraqueza de, além de ‘inspirar-se’ naquilo que a web orienta, instrui, apropria-se, também, das ideias aqui presentes. Seu tema, com certeza, é compatível a algo que já foi escrito – se assim não fosse, seria uma tese, e não um TCC. Basta encontrar um objeto semelhante e/ou idêntico e pronto: suas reflexões dão lugar às conclusões alheias. O plágio, pois, está configurado.

E o que isso tudo representa na sua vida? Depende. Se você está fazendo uma graduação, um lato sensu ou um stricto sensu, essa sua decisão de ceder ou não ao que insanamente a web oferece com certeza representará a sua real identidade naquilo que se propõe a exercer enquanto profissional. Plagiar uma reflexão que não é sua, um enunciado que não é seu, uma leitura que você não fez, isso é gravíssimo. Alguém o fez por você. E esse alguém muito provavelmente varou as madrugadas, em que você dormiu, lendo livros que você sequer teve a coragem de comprar. Sabe aquela tarde de domingo que você passou no parque, no pesqueiro ou na praia, tomando suco, cerveja ou simplesmente cochilando? Então, naquele momento o autor por você plagiado estava escrevendo o texto que você copiou e colou no seu arquivo do Word. Sua única preocupação, naquele momento, era adequar fonte, corpo e formatação do parágrafo ao padrão que escolheu para o seu trabalho de conclusão. Aliás, está aí a única coisa que é de sua autoria.

Sim, é uma bandidagem praticar o plágio. O plagiado é vítima, o plagiador é réu. Na vida jornalística ouvi, em flagrantes de delito cobertos na práxis de transformar fatos em notícias, um discurso comum daqueles que, algemados, transitavam da liberdade para o cárcere: “não tinha o que levar de comer em casa, por isso roubei”. Ou “ele tem muito e eu não tenho nada”. Também há a célebre frase “não vai fazer falta a ele(s), por isso roubei”. E, para finalizar, “achei que ninguém descobriria”. São frases que se encaixam perfeitamente na realidade de quem é flagrado em situação de plágio. Tudo exatamente igual. Inclusive, as lágrimas que correm o rosto de quem opta por tal bandidagem. É incrível, mas tanto quem rouba quanto quem plagia, chora quando flagrado. Arrependimento ou vergonha, mas, chora-se.

Estou na docência há seis anos e tenho perpassado por ambientes diversos. Da sala de aula em escolas públicas às universidades públicas e privadas, já experimentei um pouco de tudo em se tratando de ensino/aprendizagem. Meu estágio de ingresso à docência foi feito na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, que está no ranking das 200 melhores do mundo. E, lá, um lugar que para entrar precisa-se disputar vaga com mais de 20 candidatos devidamente preparados por cursinhos caríssimos, vi situações de apropriação de autoria alheia por parte de estudantes tidos como os melhores. Logo no meu primeiro ano como orientador de TCC, em graduação em Jornalismo, em uma instituição privada, lá estava situação flagrante de plágio. Agora, como orientador na pós-graduação, deparo-me com a mesma vergonhosa situação.

Tenho meu perfil, que é resultante do agregar de perfis de profissionais com quem convivi. Não admito plágio. Aprendi a não ser tolerante a isso. E reduzo ao mesmo patamar baixo aqueles colegas profissionais, docentes, que consentem com o plágio. Vistas grossas a essa prática é como orientar para tal. E defendo: se a situação é flagrante, um escárnio, que formando e orientador recebam igual punição; um por prática, outro por conivência.

Fica, aqui, o registro. Pouco ou nada valerá, o que não significa que não mereça reflexão. A você que chegou até o final deste texto, talvez ainda haja alguma dúvida sobre seguir ou não em busca de atalhos que o levem ao seu trabalho de conclusão. Metaforicamente, eu digo: não experimente essa droga. O pó, a porção de erva ou a pedra e o cachimbo, meu amigo, estão à sua frente neste momento. Continuar buscando seu objeto científico na internet o fará alinhar a carreirinha, queimar a erva ou acender o cachimbo. Será uma ida sem volta. Com certeza você encontrará a fórmula do seu trabalho, podendo, ou não, avançar para um excerto ou outro que contemplem o seu objeto. Todo ou parcial, lá estará o trabalho, apresentando sua proposta para fechamento do ciclo de passagem pela academia.

Orientador existe para orientar; livro, para ler; e texto, a se escrever. Orientador o guia, os livros dão embasamento teórico àquilo que você quer pesquisar e será o seu texto, com os equívocos gramaticas que lhe são pertinentes, que constituirão a sua formação. Se é um TCC de graduação, tal texto mostrará à comunidade acadêmica e à sociedade aqui de fora que você passou quatro ou cinco anos suficientemente se preparando para ser o profissional previsto na ementa do seu curso. Idem para uma especialização, em lato sensu, e um mestrado, doutorado ou pós-doutorado, em stricto sensu.

Algumas linhas atrás eu disse que tais opções, pela legitimidade na produção textual ou pelo plágio, definirão qual tipo de profissional você será. Dependendo do contexto, o seu plágio pode não ser flagrado. E você irá para o mercado. Terá oportunidade de redimir-se, mas jamais deixará de ser um frankeinstein. Corpo de um, mente de outro. Muito provavelmente, guardará este sujo segredo consigo. Paz, mesmo, não conseguirá ter. Foi o que me disseram, na mesma práxis jornalística a que me referi no início, os mais altos bandidos que entrevistei, presos por crimes que não eram exatamente aqueles que os deveriam ter levado para o local que a sociedade em geral lança aqueles que não servem à lei: as grades.


FISCALIZAÇÃO ELETRÔNICA


COOPERATIVISMO

Reencontro meu amigo Marcos Biondi, com quem trabalhei em diversas oportunidades. Na sua frente de ação o que tão bem sabe fazer: gestão de uma cooperativa de negócios. Depois de figurarf como consultor de fundação da Rede SuperMarca, do setor supermercadista, agora Biondi organiza lojistas de materiais de construção de Assis.

VOLTA POR CIMA

Três anos depois de formar a última turma e sob risco de ser fechado, o curso de Jornalismo da Fema reergue. No vestibular de final de ano foram feitas mais de 100 inscrições para o curso, com relação candidato/vaga superior a 2,0. A baixa procura pela graduação em Jornalismo coincidiu, nos últimos três anos, ao fim da obrigatoriedade de diploma para exercício da profissão. Mercado e profissionais se deram conta de que a passagem pela academia tem, sim, seu valor na formação.

ACASO?

Os resultados de alta procura por cursos, na Fema, não contemplam somente o Jornalismo. Houve crescimento de demanda em todas as áreas. Não tenho dúvidas de que a campanha levada ao ar em rádios e TVs da região carrega parcela considerável de responsabilidade nesses resultados. Participação, claro, positiva.

DEDO DURO

Os novos ônibus da Andorinha que servem a linha Assis/São Paulo têm praticamente o mesmo conforto, mediano, dos anteriores. Uma novidade, contudo, agrada a quem, como eu, viaja com frequência para a capital: sensor de fumaça no interior do banheiro. Os fumantes que na calada da madrugada dão as famosas escapadinhas agora são flagrados e podem ser convidados a descer na base de Polícia Rodoviária mais próxima, pois ao final do corredor, bem acima da porta do banheiro, há uma câmera cujas imagens, além de gravadas, mostram ao motorista o espertinho que acendeu o tabaco.

COMO ASSIM?

Sexta-feira, 14, em meio àquele dilúvio que caiu em Assis, corria eu para sair da Unesp e ir ao posto dos Correios despachar um Sedex para São Paulo. Inundação à parte – até o trecho da avenida Dom Antonio em frente ao Avenida Max estava intransitável -, fiquei surpreso com a ‘rapidez’ com que o meu Sedex chegaria à capital. Das 10 horas antes prometidas pelo Sedex 10, o funcionário ironizava que levaria 10 dias. Sim, dias. Reflexo da greve do setor.

REGISTRO

Manda-me mensagem meu amigo Valdir Pichelli, com quem trabalhei na redação da rádio Cultura AM/FM lá pelos idos de 1985. Ele era editor do Cultura Notícias, que ia ao ar das 12h00 às 12h40, com apresentação do saudoso Luiz Luz. Pichelli, que cursava História na Unesp, convidou-me para substituir Silvinha Gomes, redatora, licenciada por gestação. Eu era o Cláustrofo, como ele me chamava, e minha irmã, Marcilene, recepcionista na emissora, era Madalena. Pichelli reencontrou-me através deste portal Assiscity.com. Prometi a ele, e ratifico aqui, uma narrativa de uma época em que tínhamos equipe reforçada por Alves Barreto, Carlos Perandré, Chico de Assis, Elcio Betin, Miguel Marques, Celsinho Magui, Celsão Broa Camilo Costa, Eduardo Camargo Neto, Toninho Scaramboni, Devanir José, José Carlos Pé-na-cova Domingos e Maurílio Siqueira. Todos, claro, muito bem servidos pela copeira Linda e assistido, literalmente, por Rosinha Pólo.

PERGUNTINHA BÁSICA

Por que a TV Cabo Assis não coloca o canal ESPN HD para as assinantes? Já não bastasse não ter SporTV, ainda não oferece com completude as opções limitadas de que dispõe.


* Jornalista, historiador, pesquisador das Ciências da Comunicação e professor universitário.

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