Cláudio Messias*
Vergonhosa. É dessa maneira que defino a forma encontrada pelo árbitro Vinícius de Araújo para a expulsão do volante Fernando, do Assisense, na derrota por 2x1 para o Cotia, ontem, no estádio Tonicão. Segundo o árbitro, o comunicado sobre a suposta agressão foi feito pelo auxiliar 2, Mauro André Freitas. Diz a arbitragem, na súmula do jogo, que Fernando agrediu o jogador João Carlos, do Cotia, com um tapa no rosto.
Pela manhã, hoje, assisti ao informativo Bom Dia Cidade, na TV Tem, na expectativa de encontrar a íntegra do lance em que o volante Fernando, do Assisense, teria agredido o jogador do Cotia. Mas, como comentei aqui, no Blog, em postagem anterior, o lance seguiu com o time de Assis saindo da defesa e partindo para a intermediária, ou seja, longe dos olhos do árbitro principal. A ponto de o mesmo reconhecer, na súmula, que precisou de apoio de seu auxiliar. Enfim, o repórter Alexandre Azank até fez menção, na TV Tem, ao lance da expulsão, mas a imagem não capta o momento da suposta agressão.
De minha parte, ressalto o que vi. Naquele momento, aos 31 minutos do primeiro tempo, eu observava a forma tática com que Assisense e Cotia compunham os espaços no campo. Como o Assisense estava, no exato momento, se defendendo, meu olhar enquadrava o time da casa na formação 3-5-2, ofensiva, e tentava confirmar o Cotia em 4-4-2. Eu estava, portanto, olhando para a linha defensiva capitaneada por Fernando, do Assisense, e avistei o exato momento em que houve o choque entre os dois jogadores envolvidos. O que vi, na realidade, foi um lance involuntário em que Fernando, ao dar impulsão para apoiar a formação de contra-ataque, movimenta os braços e, de costas para o adversário, realmente entra em choque. Nada, contudo, com a intenção de atingir ou agredir, pois todos sabemos que trata-se de um dos jogadores de melhor comportamento na equipe.
Minha primeira convicção era de que o fraco árbitro Vinícius Araújo tomara a decisão de expulsar Fernando sem ter visto o lance, uma vez que encontrava-se no círculo do meio-campo quando tudo aconteceu. Somente com a bola saindo em lateral ele percebeu o jogador do Cotia caído e, sob pressão do time visitante, dirigiu-se até Fernando, que estava de frente, e aplicou-lhe cartão vermelho. Expulsou, portanto, pelo que não viu.
Agora, outra irregularidade grave no desdobramento que levou à expulsão. Se Vinícius de Araújo realmente foi informado pelo auxiliar, como relata na súmula, que surjam imagens que formalizem seu diálogo com esse assistente. Afinal, foram segundos de tempo entre a bola sair para a lateral e o árbitro dirigir-se a Fernando e expulsá-lo pelo que não viu. Ora, se o auxiliar viu tal agressão e tinha algo a comunicar, então por que não levantou a bandeira, chamou o mediador do jogo e informou-lhe sobre o fato ocorrido? As imagens das emissoras de TV estão disponíveis e comprovam isso que aponto: o quarto árbitro nada sinalizou para o árbitro principal. E o auxiliar 2 estava do outro lado do gramado, sem levantar a bandeira. Se o comunicado foi feito por rádio, isso só aumenta ou piora o problema, uma vez que oi senhor Vinícius de Araújo não deixou isso claro.
Continuo considerando essa expulsão muito estranha e fora do que tenho acompanhado no comportamento de árbitros profissionais nas competições que assisto, pela TV ou direto das arquibancadas e cabines de imprensa. Comprovação de que o Assisense é uma equipe comportada, não violenta, pode ser vista na estatística que a própria Federação Paulista de Futebol disponibiliza. Afinal, é um time que cometeu, em 3 jogos, somente 44 faltas, o que corresponde a menos de 15 faltas por jogo. O Cotia, beneficiado com a expulsão por falta simulada, cometeu 48 faltas em 3 jogos. Dos 4 times do grupo 20 o Assisense é aquele com menos faltas cometidas.
Na própria súmula o árbitro Vinícius de Araújo formaliza que durante os 90 minutos o Cotia foi mais faltoso. O time visitante, segundo a súmula, cometeu 20 faltas, ante 15 do Assisense.
Duas vezes Cotia - No histórico do auxiliar Mauro André de Freitas, na Federação Paulista de Futebol, existe uma coincidência. Ele foi bandeirinha de dois jogos do Cotia nessa quarta fase da Segundona, em pouco mais de uma semana. Seu nome está na súmula do empate Cotia 0x0 Água Santa, realizado em Indaiatuba no dia 23 de setembro. Mauro foi auxiliar 1 naquela partida, que não teve jogadores expulsos. Também no site da Federação ele aparece em 30º lugar no ranking de auxiliares do futebol paulista.
Duas vezes Cotia - No histórico do auxiliar Mauro André de Freitas, na Federação Paulista de Futebol, existe uma coincidência. Ele foi bandeirinha de dois jogos do Cotia nessa quarta fase da Segundona, em pouco mais de uma semana. Seu nome está na súmula do empate Cotia 0x0 Água Santa, realizado em Indaiatuba no dia 23 de setembro. Mauro foi auxiliar 1 naquela partida, que não teve jogadores expulsos. Também no site da Federação ele aparece em 30º lugar no ranking de auxiliares do futebol paulista.
Imagem: site da Federação Paulista de Futebol
Observação feita pelo árbitro, em que repassa a
responsabilidade do flagrante de agressão ao auxiliar 2
Fotos: Blog do Messias
A chuva prejudicou o foco da imagem, que mostra o
árbitro logo após a expulsão de Fernando, longe do auxiliar 2
Fernando, desolado, acompanha o final do primeiro tempo, à distância
*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.
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