Cláudio Messias*
Passei os últimos 60 dias em uma rotina que ocupou mais a mente do que o corpo. Ou seja, predomínio de atividades que exigiram mais o intelecto do que o físico. Momentos em que você, concentrado em suas atividades de práxis, não encaixa ou nem tem ânimo para desenvolver atividades físicas rotineiras. O resultado disso foi um travamento que agora, olhando para trás, defino como vida sedentária.
Sim, foi esse sedentarismo que levou-me, de forma cumulativa e gradativa, aos 104 quilos em abril de 2012. Como já relatei aqui, em postagens anteriores do Medida Incerta, aquele mês de abril do ano passado deu um chacoalhão na minha vida, quando vi que aos 42 anos de idade caminhava rumo à obesidade mórbida. As ações de prevenção a esse quadro trazem-e aqui, nessa batalha hora a hora, minuto a minuto, contra o ganho de peso.
Se por um lado abri mão dos exercícios frequentes que vinha fazendo a cada semana, por outro mantive a rotina de controlar a alimentação. Continuamos comendo bem e de tudo aqui em casa. A quantidade é que foi reduzida, assim como foi diminuído o intervalo entre as agora diversificadas refeições. O resultado prático disso, como pode ser visto no quadro de controle de peso abaixo, é que mantive a tendência de queda no peso.
Não sou especialista nem tenho autoridade ou autorização para falar disso e nisso, porém posso supor que o fato de termos, em casa, aberto mão das quantidades que usávamos em açúcar, sal e gordura animal tenha relação direta com essa eliminação de 1 quilo. Sim, claro, interrompi a rotina de atividades físicas, porém não significa que parei tudo. Uma caminhada ou outra, assim como algumas sessões de hidroginásticas no clube compuseram minha agenda dos últimos 60 dias.
Ressalto que há anos substituímos o açúcar tradicional pelo light em nosso cardápio. Igualmente, o sal é usado apenas para dar leve sabor aos alimentos. As carnes que em nossa cozinha entram são predominantemente de aves, e as vermelhas são necessariamente magras. Somente em exceções de gula, nos dias mais frios, preparamos a irresistível costela bovina com mandioca. Frituras, jamais. Saladas e legumes, sempre. E as frutas como laranja e melão fazem parte da última refeição da noite.
Que fique claro, também, que ninguém em casa passa fome ou é sacrificado de refeições. Temos dois jovens de 17 e 16 anos que não podem ser submetidos ao mesmo controle alimentar dos adultos. Comem, e bem, mas já com os parâmetros de uso de sal, açúcar e gorduras. Os dois, por exemplo, aventuram-se no preparo dos pratos que preferem. Se um faz o arroz, o prepara com um fio de azeite de oliva suficiente para fritar o tempero à base de cebola e alho e um mínimo de sal. Já o outro curte preparar o café preto, usando, por exemplo, metade da medida de açúcar light que eu costumo empregar. E o faz por decisão própria, iniciando o seu jeito peculiar de cozinhar.
Hoje, em casa, colhemos prazeres de degustação que anos atrás eu ouvia de um grande amigo, Ricardo Alexino, professor na ECA/USP. Ele havia eliminado o açúcar de deu seu cardápio diário e relatava o quão doce é, por exemplo, uma banana nanica. Sua língua, seu paladar haviam retomado o sabor natural de alimentos que o uso excessivo de temperos artificiais ofusca. Atualmente, sinto isso quando saboreio não só uma banana, mas, também, um melão e um caqui. De tão doces, chegam a dar aquela travada que, por exemplo, o consumo excessivo de leite condensado costuma propiciar. Parece exagero de minha parte, mas é a pura verdade. Quem adotou esse rigor no controle alimentar sabe do que estou falando; e quem o adotar saberá exatamente de que sensação no paladar nos referimos.
É final de setembro e cá estou com 93 quilos. Um exagero ou outro em festas com os amigos da bocha e da hidro, no clube, fazem com que ora a balança marque 94, ora marque 92 quilos. Na medida tirada ontem, na sauna do clube, estava a marca de 93 quilos. Onze quilos a menos se comparado ao início dessas postagens que faço, aqui no Blog, a cada dois meses. A redução abdominal é absurda e já chega a 13 centímetros. Meus cintos já retrocederam 3 furos e vejo que em alguns deles terei de providenciar o furo extra logo, logo. De tão cômica, essa situação de cintura reduzida levou-me a sentir a cueca descer e parar no meio das coxas, semanas atrás, em uma ocasião em que fazia compras no Walmart. Ninguém vê, claro, esse tipo de mico, mas você ri duplamente, por dentro e por fora, dando-se conta de que tem de descartar as cuecas e comprar novas, na medida certa.
Minha meta é chegar a janeiro de 2014, ou seja, daqui a pouco mais de 3 meses, entre as casas dos 90 ou 91 quilos. Retomei minha rotina de caminhadas e corridas de 6 km, pela manhã. Na semana que vem reinicio a hidroginástica no clube, assim como sessões de exercícios dentro da piscina. É a tentativa de restabelecer o equilíbrio corpo-e-alma, tão necessário para que as atividades de cada dia estejam em harmoniosa sintonia com os exercícios físicos rotineiros. Tudo, porém, sem atropelos ou exageros. Até porque já tem amigos e parentes fazendo aquela afirmação exclamativa: "nossa, como você está magro!". Magro com 93 quilos? Pois é...
Àqueles que leram minhas postagens no Blog, pelo Medida Incerta, e enviaram mensagens dizendo que seguiram o exemplo, reforço meu incentivo para que continuem e não abram mão de suas metas. Nada, claro, de dietas milagrosas, mas, sim, adoção de uma reeducação alimentar somada a atividades físicas. Se não dá para sair para caminhar ou pedalar, uma faxina em casa já ajudar bastante. Varrer a casa, passar pano no chão ou limpar o quintal não humilham ninguém. Pelo contrário, fazem bem à alma, ao corpo, mesmo que você tenha ajudante remunerada que já faça esse serviço. Entrar, via internet, no site www.globoesporte.com, cadastrar-se no "Eu Atleta" e ver as recomendações também é importante, pois tem-se um parâmetro sobre o que pessoas com histórico semelhante ao seu, que pode ser totalmente diferente do meu, adotaram como desafio.
Entendo que para atingir alguns objetivos pessoais precisamos parar e, se necessário, dar um passinho para trás em alguns quesitos. Certos orgulhos não combinam com a felicidade que projetamos para o nosso próprio eu. Daí, varrer a casa, dar banho no cachorro, tirar as folhas da calçada lá na rua passam a ser compromissos de você para com você mesmo. É a abertura do seu eu íntimo para o mundo, tipo de ação que o leva a sair das suas muralhas internas e encarar o mundo com caminhadas, depois corridas, depois pedaladas. Afinal, nascemos livres e assim precisamos permanecer. Livres de ócio, livres de sedentarismo, livres de excessos.
E viva a saúde!
*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.
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