Cláudio Messias*
Nem Água Santa, nem Inter de Bebedouro. O Assisense sai na frente na disputa por uma das duas vagas do grupo 20 da Segundona na Série A-3 de 2014. O Falcão do Vale fez, há pouco, seu melhor jogo do ano e virou o placar pra cima da Inter de Bebedouro, no Tonicão. Com o resultado e sabendo do empate Cotia 0x0 Água Santa, ontem, o time de Assis assume a liderança isolada da chave.
O jogo teve momentos de dramaticidade. Aos 5 minutos de bola rolando o Assisense já tinha desperdiçado 4 oportunidades claras de gol, diante de uma Inter totalmente recuada. Passada a pressão, contudo, o visitante foi mostrando por que chegou até aqui como favorito a uma das duas vagas do grupo. Fisicamente forte, a Inter joga com a bola no chão e explora muito bem os contra-ataques. Faz jus, portanto, à sua condição de visitante ingrato, somando, sempre, muitos pontos fora de seus domínios.
No Tonicão a história da Inter começou a ser mantida aos 30 minutos. Penalidade cometida por Fernando, volante do Assisense, foi tão inquestionável que nem rendeu reclamações. O visitante ingrato abria o placar com Osny e via o mandante Assisense sentir o peso do resultado negativo dentro de casa. No restante do primeiro tempo o abatimento do time de Assis era nítido, assim como da torcida, que calou.
Na volta do intervalo o calor de 33 graus chegou ao ponto de atrasar o trio de arbitragem, numa cena hilária em que as duas equipes estavam postas em campo sem, contudo, a presença de árbitro e suas duas auxiliares. Houve, contudo, tempo suficiente para que o técnico Venâncio colocasse a cabeça da molecada no lugar e transmitisse a segurança necessária para que o Assisense não respeitasse demais a Inter. Foi o que aconteceu.
As estatísticas do jogo já mostravam o Assisense muito melhor em campo. Nos 45 minutos iniciais o time havia finalizado a gol 10 vezes, contra apenas 4 da Inter. Foi, também, menos faltoso, pois cometeu 9 infrações, contra 14 dos visitantes. Nos impedimentos, 4 para o Assisense, um para a Inter.
Números, entretanto, tornam-se mero detalhe quando o assunto é bola na rede. E a Inter de Bebedouro, se não estava bem em campo, tinha o placar de 1 a 0 a seu favor. Competia ao Assisense fazer o dever-de-casa e caminhar para a virada. O primeiro passo nesse sentido foi dado aos 12 minutos, depois de um bombardeio assisense dentro da pequena área da Inter. Foram vários chutes até o cruzado certeiro do zagueiro William Goiano, que igualou o placar em 1 a 1.
O torcedor assisense aparentava estar em menor número em comparação a jogos anteriores no Tonicão, talvez assustado com o valor do ingresso, que passou a R$ 20 - no início do torneio era R$ 10. Quem foi, contudo, apoiou. A junção das baterias do Falcão do Vale e da V.O. deu ritmo aos gritos de incentivo e o reflexo em campo veio de imediato. Aos 16 minutos, ou seja, quatro minutos após o empate, Jaílton fez o seu décimo segundo gol na Segundona e assumiu a vice-liderança isolada na artilharia, 5 gols atrás de Sócrates, que despedira-se com o União Suzano na terceira fase.
Foi a vez, então, de a Inter de Bebedouro sentir o peso do revés. É nessa hora que o peso da idade média abaixo de 23 anos, exigida no regulamento, faz diferença. Os visitantes não esboçavam reação, fechavam-se atrás e submetiam-se a um verdadeiro massacre do Assisense, mesmo orientados a atacar. Foi nessa condição que dois minutos depois, aos 18, o árbitro assinalou pênalti a favor do time de Assis. O terceiro gol do Assisense, convertido por Dainan, deu a tranquilidade necessária para administrar o resultado e segurar a vitória, com festa total na arquibancada.
A parada técnica aos 22 minutos, no entanto, favoreceu para que o técnico Ney Silva colocasse a casa dos visitantes em ordem. Ele procedeu duas alterações e mudou a forma de jogar. Do 4-4-2 adotado defensivamente no primeiro tempo passou a jogar na base do 3-5-2, explorando as jogadas laterais e tirando proveito de sua linha de ataque alta e pesada. Assim, na segunda metade da etapa final foi a Inter quem mandou no jogo, de maneira que o Assisense deixou o taticamente 4-2-3-1 e formou o 4-4-2, postando Jaílton, machucado, fixo na frente. Kairo, então, passou a jogar mais recuado, ajudando na marcação.
O esboço de reação da Inter só deu certo aos 45 minutos finais, quando Robson, em cobrança perfeita de falta (que não existiu, por sinal) reduziu o marcador para 3x2 e saiu provocando a torcida de Assis, que àquela altura cantava o "está chegando a hora". O árbitro Márcio Henrique de Góis, que merece continuar apitando jogos da Segunda divisão, deu 3 minutos de acréscimo, porém permitiu que a partida chegasse aos dramáticos 50 minutos, com a Inter pressionando em busca do gol de empate. Sem, porém, sucesso, pois o placar final ficou, mesmo, em Assisense 3x2 Inter de Bebedouro.
Na etapa final o Assisense cometeu somente 6 faltas, ante 11 da Inter. Foram 11 finalizações do time da casa e 7 dos visitantes. Foi assinalado somente um impedimento, no ataque da Inter. O melhor jogador em campo, do lado do Assisense, foi o goleiro Carlão, que salvou o time em pelo menos duas ocasiões. Do lado da Inter fico, também, com o goleiro William, que evitou uma goleada no Tonicão, principalmente no primeiro tempo.
Fôlego - Terminada a primeira rodada da quarta fase da Segundona o Assisense soma 3 pontos, contra 1 de Água Santa e Cotia. A Inter segura a lanterna. Na quarta-feira o time de Assis vai até o estádio Baetão, em São Bernardo do Campo, enfrentar o Água Santa. Mais do que nunca, o empate é um ótimo resultado. Principalmente se no outro confronto do grupo o Cotia segurar a Inter em Bebedouro e garantir o empate. Com essa combinação, ou seja, empates nas casas de Água Santa e Inter, o Assisense chega a 4 pontos, mantém 2 pontos de vantagem sobre o segundo colocado Água Santa e volta ao Tonicão, domingo que vem, cumprindo o dever de casa sobre o Cotia e, assim, fechando o primeiro turno com 7 pontos.
Fotos: Blog do Messias
William Goiano é cumprimentado no primeiro gol do Assisense
Jaílton fez o gol da virada no estádio da Fonte dos Amores
Ao final da partida o reconhecimento dos jogadores ao apoio da torcida
*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.
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