Cláudio Messias*
Tem coisa que parece só acontecer no estádio Tonicão, a Fonte dos Amores, em Assis, a Sucupira do Vale. Não estava nas arquibancadas. Acompanhei o ocorrido pela competente narração de Augusto César, nos comentários de Edmar Frutuoso e nas reportagens de Carlos Perandré, na Rádio Assiscity Online. E novamente "vi" um jogador do time local provocar a torcida que pagou ingresso para prestigiá-lo ao lado dos companheiros. É bom, sempre, ratificar que estou fixado em residência em Campina Grande, na Paraíba, e o que posto é feito à distância.
Esse episódio lamentável aconteceu no jogo Atlético Assisense 2x1 Osvaldo Cruz, pela segunda rodada da Segunda Divisão do Campeonato Paulista 2014. A partida estava empatada em 1x1 quando Felipe fez o que a equipe da Rádio Assiscity resumiu como golaço, definindo o placar final. Na 'comemoração' - se é que isso pode ser chamado de comemoração -, Felipe teria feito gestos obscenos para as arquibancadas, tipo de provocação sem fundamento algum, pois foi a estreia do seu time diante da torcida. E, como garantiu o repórter Carlos Perandré, não havia, anteriormente, nenhuma manifestação de vaia ou xingamentos, por parte da torcida, à equipe de Assis.
Terminada a partida, o técnico Alison Moraes interrompeu a entrevista que o jogador Felipe dava para a imprensa e o conduziu à beira do alambrado, para pedido coletivo de desculpas à torcida. Os xingamentos dos torcedores podiam ser ouvidos pelo microfone da Rádio Assiscity, ficando a impressão de que esse declinar de postura não foi totalmente aceito. Alguns brados de "Vocem" ressoavam, representando que parte dos torcedores, ali, havia comparecido ao Tonicão para prestigiar o futebol e acabou se revoltando com a provocação o suficiente para virar a casaca e, agora, torcer para o rival.
Alguns torcedores fizeram contato comigo via celular ou redes sociais. Estavam no Tonicão, ficaram indignados com o comportamento de Felipe e relataram que havia um grupo de pessoas que, junto ao alambrado, faziam provocações ao banco de reservas do Atlético Assisense. Tipo de comportamento comum, uma vez que no setor de arquibancadas em frente às cabines de imprensa sempre ficou a conhecida "turma do amendoim", que bota mesmo pressão nos dois bancos de reserva, na comissão de arbitragem e até mesmo nos gandulas. Um desses torcedores me disse que no auge das provocações, antes do segundo gol do time da casa, o técnico Alison Moraes teria xingado um desses torcedores de "filho da p*". Essa versão, contudo, não foi confirmada pelos demais que lá estiveram.
Ou seja, há versões e versões sobre o fato como um todo, mas o certo é que quando a bola rolou o torcedor pôde tirar boas conclusões sobre o que virá, no decorrer do campeonato, pelos lados do Atlético Assisense. Nas análises da equipe de esportes da Rádio Assiscity o Falcão do Vale teve um primeiro tempo apenas razoável, pouco criativo, mas bem postado no setor defensivo. A competência do técnico Alison Moraes foi comprovada com sua suficiência de, no intervalo, mudar o aspecto do time, colocando-o no ataque e produzindo oportunidades de gol. É esse Atlético Assisense do segundo tempo que pode levar a agremiação adiante no projeto de chegar à Série A-3.
Não assisti ao jogo, apenas ouvi a transmissão. Mas, na imagética situação em que acompanhei a narração de Augusto César, senti um Atlético Assisense preso nas laterais na etapa inicial e com avanço desse setor na etapa complementar. Comprovação disso é que Felipe, o polêmico autor do gol da vitória (e do primeiro gol), joga pelas laterais, em especial pela esquerda, e, em velocidade, foi considerado pelo repórter Carlos Perandré como o melhor jogador da posição que o jornalista esportivo viu atuar até aqui no torneio (esse é o quarto jogo coberto por Perandré na temporada).
O time de Alison Moraes continua padecendo de um meia de criação mais ofensivo, contratação já providenciada pela diretoria do Atlético Assisense. Aliás, três reforços podem ser colocados à disposição da comissão técnica na reapresentação dessa terça-feira, valendo como opções para o derby de domingo que vem, no Tonicão, contra o Vocem. Para o gol, aparentemente, um novo reforço deve ser visto, uma vez que o recém-contratado Augusto deixou a desejar no gol de empate do Osvaldo Cruz.
Classificação - Com os dois gols assinalados por Felipe o Atlético Assisense assume a terceira colocação do grupo 1, ao lado do Bandeirante, de Birigui. As duas equipes somam 3 pontos e os mesmos 2 gols marcados, 3 gols sofridos e saldo negativo de 1 gol para cada. Nos critérios de desempate, até o início da rodada, a vantagem é do Assisense, que havia recebido um cartão amarelo a menos que o Bandeirante (amanhã, com a atualização das súmulas dos jogos, será possível precisar esse detalhe que define posições na tabela).
A meu ver, o que Felipe fez hoje no Tonicão é, sim, lamentável, mas passível de reversão. O jogador afirmou a Carlos Perandré, na Rádio Assiscity, que uma série de fatores o levou a agir daquela forma, nada relacionado a qualquer tipo de resposta a provocações anteriores. Razões familiares, pessoais e profissionais são as alegações, que infelizmente pouco ou nada revertem. O que o jogador precisará, mesmo, é fazer o jogo de sua vida exatamente domingo que vem, no derby. Um eventual gol da vitória apagaria essa má impressão inicial. Afinal, nada como um gol atrás do outro nessa vida do futebol profissional.
Saliento para o fato de a base dos times da Segunda Divisão ser composta por atletas com idade inferior a 23 anos. Jovens, quase adolescentes. Logo, não têm emocional construído para administrar a pressão que Assis vive por ter dois clubes inscritos. O Atlético Assisense faz uma gestão simples, sem grande orçamento e dependendo essencialmente dos patrocinadores que conseguiu. Perdeu o jogo de estreia, apesar do bom jogo que fez contra o Grêmio, em Prudente. E jogava, nessa manhã de domingo, sem badalação alguma e com o testemunho de 423 pessoas que pagaram R$ 10 para ver o time estrear em casa. Confesso que já me conformava com o empate quando Felipe fez o gol da vitória, no final do jogo. E se eu, aqui, via internet, estava frustrado, imagino o que o torcedor, no estádio, sentia naquele momento. Angústias, portanto, que somatizadas resultam em um ou outro grito de provocação, que se ouvido por quem está em campo resulta em explosão, caso não haja experiência para administrar o contexto. Felipe aprendeu, hoje, o que é jogar em Assis e o que é estar no estádio que a história construiu como sendo do Vocem. Seu desafio, agora, é justamente fazer história, positiva, contra o mesmo Vocem. Porque seu capítulo negativo está registrado e é uma ida sem volta.
Fotos: Roberto Cardoso de Almeida/CREDIN
Felipe, após o jogo, pedindo desculpas aos torcedores
Pouco mais de 400 torcedores pagaram ingresso nesse domingo
*Professor universitário, historiador e jornalista, émestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.
6 comentários :
No próximo domingo o HELTINHO do VOCEM vai calar a boca desse mal educado ! É só esperar o chocolate claudio !!!!!!!!!!!!!!
resurge o grande cronista esportivo assisense messias, sua imparcialidade atual te devolve os meritos quer sempre esteve ao seu lado GRANDE CRONISTA + permaneça assim imparcial e a favor do esporte assisense grandes postagens parabéns!
400 pagantes kkkk tá mais pra 400 testemunhas. Da-lhe. Da-lhe. Da-lhe Vocem eoooo
Foi um bom jogo. o Assisense está muito bem montado e bem dirigido. Apesar do Osvaldo Cruz jogar inteiro na defesa, o Assisense conseguiu chegar lá com bom toque de bola. Uma pena o que este garoto fez, porque além dos dois gols, ele foi o melhor em campo, mas perdeu a cabeça, e não tinha motivo para isto. Espero que se arrependa e se preocupe apenas em jogar futebol, que ele sabe muito.
Nossa ele joga muito !!!!!!!
O Vocem tinha que ter um lateral assim so que precisa mais de calma
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