1º ABRIL 2013
Cláudio
Messias* ** ***
Dias atrás, 32 pessoas
foram presas em Assis. Criou-se uma expectativa sobre quem seriam os 32
indiciados, que na lista das autoridades seriam 42, pois 10 teriam conseguido
desaparecer do flagrante. Agora, raro e exceto leitor, apague tudo o que leu
nessas linhas atrás. Desconsidere. Afinal, isso não foi um fato. Fato que vira
notícia tem alguns elementos que, mínimos, precisam ser seguidos.
Com certeza, você,
leitor, sabe mais, neste exato momento, do que eu afirmei naquelas linhas que
abrem o primeiro parágrafo. Também é certo que um ou muitos de vocês sabe(m)
muito mais do que eu sobre a natureza dos 32 nomes. E você(s) sabe(m) muito
mais do que os jornalistas que cobriram e cobrem o cotidiano policial da cidade
conhecem sobre o caso da mega operação que envolveu as três facções da polícia,
quais sejam, civil, militar e federal? Creio que não.
Clayton Conservani, a
quem conheci quando de participação em evento, na Central Globo de Jornalismo,
em 2012, disse-me, informalmente, em conversa de intervalo de café, que um dos
sons da natureza que mais lhe impressionou nas inúmeras aventuras que protagonizou,
seja como esportista, seja como repórter, seja como centro das atenções de sucessos
de audiência como Planeta Extremo, é o do rugido de um leão na selva. O som
ecoa, os pássaros calam e a impressão é que até o vento para de bater nos ouvidos.
Em 2008 tive sensação
parecida. Estive pela primeira vez no Pantanal sul-matogrossense, convidado
para uma pescaria cujo custo não encaixaria nem em meu bolso nem em minhas
prioridades de investimento, conheci Corumbá e subi rio Paraguai acima. Como viajamos
uma noite inteira rio acima, não sei precisar o quanto avançamos. É fato,
apenas, que na segunda noite, depois de um dia de tentativa de pescaria,
fazíamos churrasco com o barco aportado à margem daquele histórico rio. E, mata
adentro, um até certo ponto elevado volume do som de pássaros e rãs. Tudo
calou-se quando ouvimos, a uma distância segura, o grunhido de uma onça. Aquele
som que parece um miado de gato, mas muito mais forte, calou até as pererecas.
Quando o mais forte dos
seres grita, os demais calam. É exatamente essa a metáfora que utilizo para
definir alguns acontecimentos que têm incidido na Sucupira do Vale chamada
Assis nos últimos meses. E que fique bem claro que a minha Sucupira do Vale
existe, em meus textos, desde as crônicas que registrei na extinta Gazeta do
Vale, lá pelos idos de 1993, época em que rugidos de leões já ecoavam nos
cantos da cidade havia tempo, não sendo, contudo, suficientes para calar os
tagarelas macaquinhos travessos, que arriscavam-se a fazer oposição na cidade.
Alusão, claro, a cria e criatura, ou Dias Gomes e Odorico Paraguaçu.
A cadeia alimentar da
comunicação estabelece que quem paga mais, faz calar. E quem recebe mais é
calado com mais convicção. É nessa lei da selvageria que a transição
fato>notícia acontece, ou não, na Sucupira do Vale. Fosse na educação e
isso, na pedagogia do oprimido, de Paulo Freire, permitiria definir a cultura
de construir a auto-mordaça. Haveria, pois, o leão que oprime e os demais, que
são oprimidos. E o oprimido de hoje pode tornar-se o opressor de amanhã. Pode
querer vir a sê-lo. Só que na comunicação existem aqueles que, na citada cadeia
alimentar comunicacional, são ávidos por ficar totalmente calados. Afinal, quem
paga mais, cala ainda mais, quem recebe mais, cala-se mais.
Leciono nos cursos de
Comunicação há seis anos. E tanto na graduação como na pós-graduação (lato
sensu) o trajeto repete-se em muitos casos. No início da formação vislumbra-se
a práxis do profissional ideal, com algumas posições severas com relação à
necessidade de neutralidade e/ou imparcialidade de um jornalista em atividade.
Vêm os estágios e o ingresso propriamente dito na profissão de diplomado. Um
mínimo de vivência nas denominadas organizações da comunicação e entende-se
melhor o por quê de se discutir, durante a graduação, temas relacionados a
ética, ideologia e, por conseguinte, a utopia da prática do jornalismo
imparcial em uma sociedade hierarquizada verticalmente pela dualidade de poder
econômico/político. Os interesses são alterados pela realidade com que se
depara. E isso, claro, é normal em um mercado de trabalho estagnado, em meio a
uma economia regional instável.
A autonomia do
jornalista está, não tenho dúvidas, na construção de sentidos presente em seus
enunciados. O básico de uma notícia está nos sucintos elementos que respondem
às inquietações “o que>quando>onde>por que>quem>como?”. O que
vem além disso é construção resultante de um capital cultural centrado na
figura do autor dos textos/falas levados ao ar em rádio e TV, em páginas
impressas ou telas. Cito como exemplo a queda do bimotor, em Cândido Mota, que
em fevereiro matou cinco pessoas. Se forem respondidas aquelas seis perguntas
básicas exemplificadas ali atrás não se dá dimensão dos fatores que podem ter
levado à catástrofe. Chovia na hora do acidente, o avião estava fora da rota
Maringá>São Paulo e uma das turbinas se desprendeu da asa 5 quilômetros
antes da queda. Na comunicação, responder àquelas seis perguntas chama-se lead, ou simplesmente lide. Não canso de
contestar essa forma engessada de informar.
Mas, da mesma forma que
há muito mais a escrever/falar quando o assunto é informar, há inúmeras
interpretações que podem ser dadas a determinados textos. É por esses
corredores da interpretação que transita o excedente de capital do jornalista,
depois de atender às aspirações mínimas, elementares, da necessidade de consumo
factual do público.
Em meus 23 anos de
redação o pior período de mordaça por que passei em Assis ocorreu de 1997 a
2000. Estava no jornal Voz da Terra e toda a produção do diário era monitorada
pelo departamento de comunicação da Prefeitura. Tudo o que era relacionado à
administração municipal vinha pronto, tinha a assinatura ASSESSORIA P.M.A. e
passava apenas pelo crivo do revisor antes de chegar às páginas impressas. Era
e é um tipo de imposição da informação unilateral que acabou transformando-se
em cultura do consentimento editorial na cidade como um todo, pois abro jornais
locais e ainda hoje vejo textos inteiros, inclusive com fotos, patenteados por
assessorias de imprensa, sejam elas de prefeituras, câmaras, associações
comerciais, sindicatos, enfim, as organizações que muitas vezes empregam como
assessores de imprensa os mesmos jornalistas que completam suas receitas com os
salários de rádios, jornais e emissoras de TV que depois divulgam os mesmos
conteúdos.
Recordo-me de situações
patéticas, naquele final da década de 1990, em que a imprensa era reunida para
uma determinada coletiva. Jornalistas, radialistas, enfim, todos os profissionais
da comunicação ficavam agrupados no gabinete do prefeito, onde estavam quase
todos os secretários e assessores, mas tudo aquilo era em vão, pois quando
chegávamos às redações lá estavam fotos e textos, já prontos, sobre aquilo que
acabáramos de “cobrir”. Alguns colegas, em uma prática que é comum mas que eu
abomino, pegavam tais textos produzidos pela ASSESSORIA P.M.A., transformavam
em release, acrescentavam os próprios nomes na autoria e atribuíam produção
sobre o que, na realidade, ditava o discurso do poder.
É a esse rugido do leão
a que me refiro. Em Assis, Prefeitura e Câmara são, infelizmente, os maiores
clientes de emissoras de rádio, TV e de jornais. Se os contratos, sejam eles de
gaveta ou não, estão assinados, a cidade não tem buracos nas ruas, está com os
postos de saúde em pleno funcionamento e não há espaço para denúncias de qualquer
natureza. Abra um jornal qualquer da cidade, raro e exceto leitor, e me diga em
qual deles é publicada diariamente a Seção do Leitor. Afinal, essa seção é um
canal de comunicação do público com as autoridades e, não tenha dúvidas, é ali
que ficam centradas as críticas que pouco ou nada interessam aos leões que
rugem em alto e bom tom.
Certa vez ouvi de um
editor que esse tipo de publicação, ou seja, Seção do Leitor, não dá certo em
Assis, pois não há cultura de adesão. Em resumo, faltariam cartas ou e-mails
com leitores posicionando-se sobre determinados assuntos. Ora, crítico o leitor
é, e todos sabemos disso, pois somos leitores e, como tais, temos visão crítica
de mundo. E se não utilizamos um canal de comunicação para expor nossa opinião
é porque não atribuímos credibilidade a ele. Isso, talvez, explique a baixa
demanda de leitores que compram exemplares em bancas ou mantêm suas assinaturas
de impressos na cidade. Em contrapartida, vejo notícias postadas aqui no JSOL
ou no Assiscity sendo replicadas e recomendadas pelas redes sociais, na maioria
das vezes com comentários críticos. Eu mesmo experimentei a crítica ácida
enquanto colaborei como colunista no Assiscity. Se queremos falar de
democratização da comunicação, precisamos aceitar essa realidade.
Não havia, acho, nenhum
prefeito, vice-prefeito, nem vereador na lista dos 32 nomes de cidadãos que
perderam a liberdade de ir e vir semanas atrás. Nem por isso, contudo, o rugido
do leão deixou de simbolicamente ecoar pela Sucupira do Vale. Não significa,
porém, que todos os leões da cidade estejam com o poderio da garganta afiado
como pensam estar. Alguns anos atrás faziam-se compras em supermercados até as
21 horas, em dias úteis, e até meio-dia, aos domingos, com o agravante de ficar
sem opção de compra em plena Sexta-feira Santa. Hoje o comércio desse setor, em
Assis, é totalmente laico, pois na Sexta-feira Santa passada, dia 30, os hiper
centers estavam abertos, tradição trazida à cidade, vejam só, por São Judas. E
pode-se fazer compras até as 22 horas, todos os dias da semana, incluindo
finais de semana. Pão fresquinho, logo às 7 horas da manhã, em supermercado?
Sim, temos essa opção. E o Walmart vem aí para colocar Assis no circuito das
cidades que têm hiper center aberto 24 horas.
O esbravejar do leão
coloca tanto medo na Sucupira do Vale que quando da chegada do Amigão à cidade
somente uma emissora de rádio, a Cultura, fez inserções de propaganda do novo
grupo, que investira milhões de reais na economia local e empregara centenas de
pessoas que, diga-se de passagem, são leitoras de jornais e ouvintes de emissoras
de rádio que, ora, fizeram restrição ao novo anunciante, hoje uma potência de
injeção de valores igual ou até maior do que existia no setor na cidade.
Assis é, hoje, uma das
cidades que mais recebem investimentos relacionados ao comércio. Está prestes a
sair do projeto um quality center que
atenderá aos públicos A e B, agregado a um condomínio que igualmente abarca
essas classes sociais. Dez anos atrás, quando do anúncio da vinda do Sé –
depois agregado ao Grupo Pão-de-açúcar -, achava-se que a cidade não
comportaria mais do que dois grandes supermercados. Sim, nosso conceito de ‘grande’
estava equivocado. Hoje, além do Amigão, a cidade tem o São Judas, o Americanas
e o Walmart prestes a ser inaugurado. E há sondagem de mercado dos grupos Muffato
e Confiança, que estão em expansão e se consolidam no ranking da Associação
Brasileira de Supermercados.
Na política, na economia
ou na vida social como um todo, portanto, o rugido do leão assusta, sim, e isso
é um fato. Mas, cada vez mais entende-se que há mais barulho do que necessariamente
ameaça por trás desse esbravejar. A cidade, cada vez mais observadora,
perceberá com, o passar dos tempos, que leão bravo ou está com fome ou busca
leoa no cio, tipos de saciedade que demandam tempo curtíssimo. Aqui em Assis,
leão fica bravo em uma terceira circunstância: quando macaquinhos travessos,
sabendo aproveitar o intervalo das refeições daquele que reina no território, chegam
por trás e puxam-lhe o rabo. É exatamente isso o que a equipe do Jornal da
Segunda faz, e bem, há duas décadas e meia. JSOL, o mais eficaz dos
silenciadores de rugidos que a cidade tem. E eu orgulho-me de, a partir de
hoje, retomar minha frequente contribuição com o mais alternativo de todos os
veículos de comunicação do Vale do Paranapanema. De agora em diante,
semanalmente, aqui neste espaço, estando ou não, eu, profissionalmente, aqui na
cidade. Porque a luta continua, sempre!
*Professor
universitário, historiador e jornalista, é mestre em Ciências da Comunicação
pela ECA/USP.
FISCALIZAÇÃO ELETRÔNICA
CASA,
COMIDA...
O Clube Atlético
Assisense parece renascer. Dez anos depois do trabalho que quase o colocou na
Série A-3 do Campeonato Paulista as parcerias público-privadas foram retomadas.
Da parte da Prefeitura o estádio Tonicão começa a ser reformado para atender às
exigências da Federação Paulista de Futebol, do Corpo de Bombeiros e da Polícia
Militar.
...
E ROUPA LAVADA
Já as empresas da cidade
estão apoiando com patrocínios. O uniforme do Azulão do Vale será fornecido
pela Unimed/Assis. O restante do material esportivo levará a marca de uma
cervejaria (Malta). Outra empresa que entra com um tipo de apoio fundamental é
a Andorinha, que fornecerá qualidade no transporte de jogadores e comissão
técnica para as partidas fora de Assis.
DERBY
Com o rebaixamento do
Noroeste e da Santacruzense e a crise do Marília na reta final da Série A-3, um
possível acesso do Assisense em 2013 recolocaria Assis no circuito dos grandes
clássicos regionais. Assis, Bauru, Santa Cruz do Rio Pardo e Marília voltariam
ser sedes de jogos que lotaram estádios nas décadas de 1990 e 1980, quando a
Sucupira do Vale ainda era representada pelo Vocem.
PÓS-GRADUAÇÃO
Depois de ajudar na
formação de especialistas em língua inglesa, em lato sensu, a Unesp, campus de
Assis, está em vias de formalizar acordo com a Capes para oferecer mestrado, em
stricto sensu, a professores vinculados à rede oficial de ensino.
BURACO$
Sai cada vez mais caro
pagar pedágio na área de cobertura da CART. Indo e retornando a/de Chavantes,
na Sexta-feira Santa, deparei com buracos que mais lembram crateras da época em
que a rodovia Raposo Tavares nem era duplicada. E não é de hoje que considero o
serviço prestado por aquela concessionária um dos piores por onde costumo
transitar país afora. Em tempo: os buracos a que me refiro estavam no trecho
entre Palmital e Ourinhos.
DISSE-QUE-DISSE
Contaram-me, mas eu
custei a acreditar: viaturas que escoltam presos para o Fórum de Assis
transitam em ida e volta pela rua André Perine. Para ir, todo santo ajuda. Mas,
para voltar, o trecho entre o Parque Buracão e a avenida Dom Antônio é contramão
para quem sobe. Isso, claro, para condutores e passageiros que gozam de
liberdade justamente por andarem em conformidade com as LEIS. Mas, deve ser
coisa de 1º de Abril.
NEGÓCIO
DA CHINA
De tucano a chef. Essa é
a trajetória de Júlio Rosa, um dos fundadores dos diretórios de Assis e
regional do PSDB. Ele está à frente do Yakissobox, serviço delivery que leva
amplo cardápio de iaquissoba em domicílios de todos os bairros de Assis, no almoço
e no jantar. E o negócio deu tão certo que Júlio Rosa já tem proposta para
transformar o Yakissobox em franquia matriz.
PÃO
DA VIDA
Quem tentou comprar pão
na antiga Padaria Pão da Vida, na Vila Operária, encontrou as portas fechadas
logo às 7 horas da manhã dessa segunda-feira, 1/04. O fechamento é notícia
triste, mas passageiro. O melhor disso tudo é que já há um pedreiro trocando
pisos e fazendo alguns serviços de reparo para o retorno de Ivo e família a
Assis. Para quem não sabe, Ivo é o patriarca da Pão da Vida e havia vendido o
ponto e retornado a Alagoas, sua terra natal, no final do ano passado. Ele e a
família retornaram, já estão em Assis e nos próximos dias reabrem a padaria.
PESQUISA
Pesquisa que realizei em
meu Blog (www.claudiomessias.blogspot.com),
em janeiro, apontou o pão francês da Pão da Vida como o melhor de Assis. Essa
pesquisa, aliás, será publicada aqui neste espaço do JSOL Online, uma vez que
foi o marco de minha saída, como colaborador, do site Assiscity, de minha amiga
Bruna Fernandes.
ESTATÍSTICA
Como pode ser visto no
marcador ali, à esquerda da página, o Jornal da Segunda Online atingiu os 700
mil acessos em dois anos de existência. Se for mantida a média de 1.700
acessos/dia, o JSOL pode chegar a 1 milhão de acessos em novembro.
CÁ
ENTRE NÓS...
... não passou da hora
de tapar os buracos espalhados implícita e explicitamente por Assis?
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