Cláudio Messias*
Janeiro será encerrado, depois de amanhã, como um dos mais secos meses de abertura de ano dos últimos anos na região de Assis. Tem chovido, sim, mas não o suficiente para compensar o calor. O resultado é um solo com baixo armazenamento hídrico e, a partir dessa semana, com déficit nesse quesito. As condições de manejo, mesmo assim, continuam favoráveis, ao contrário, por exemplo, de Adamantina e Andradina, onde a situação é ainda mais crítica, com déficit de 20 milímetros.
Segundo o Centro Integrado de Informações Meteorológicas, Ciiagro, órgão vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, a chuva dos últimos dias atingiu somente 6,6 milímetros reais em Assis, sob uma temperatura média de 24,8 graus. O armazenamento hídrico do solo, ou seja, a quantidade de umidade da terra nas camadas imediatamente abaixo da superfície, sai da capacidade máxima de 125 milímetros e cai para 101 milímetros atualmente. Já há déficit de 3 milímetros, o que significa dizer que é extremamente necessário uma chuva que, intensa, represente acumulado superior a 10 milímetros.
Os números de Assis são contrastantes com os de municípios que igualmente monitorados pelo Ciiagro estão localizados em um raio de 40 quilômetros. Cândido Mota, por exemplo, registrou no mesmo período 29,5 milímetros de chuva real, sob temperatura mais elevada, de 26,3 graus e armazenamento hídrico mínimo de 118 milímetros, sem déficit. Já Palmital, Tarumã e Pedrinhas Paulista registram índices de chuva ainda mais baixos do que o de Assis, tornando somente 'regular' as condições de manejo do solo e desenvolvimento vegetal. É de Pedrinhas, inclusive, a temperatura média mais elevada da região nesses últimos 7 dias: 27,1 graus. Em todas as localidades há déficit de armazenamento hídrico.
O fator mais preocupante para a agricultura, agravado pela estiagem, é a acentuada queda na umidade relativa do ar. Uma hora atrás, por exemplo, esse índice era de 40%, com temperatura de 33 graus. Extremamente prejudicial para a saúde humana, o índice de radiação solar também agrava a situação das lavouras da safra de verão, principalmente a patamares de 999 registrados por volta das 14 horas dessa quarta-feira. Trata-se, portanto, da tarde mais quente e mais seca do ano (considerando-se, óbvio, que estamos, ainda, no 29º dia do ano).
No que depender da previsão da meteorologia, contudo, o cenário para o Médio Vale tende a agravar nos próximos dias. Não só podemos fechar janeiro com esse calor e essa estiagem, como entraremos e avançaremos fevereiro nessa situação nada favorável para as zonas urbana e rural. Para amanhã o calor previsto bate os 34 graus na Sucupira do Vale, enquanto no período de 2 a 4 de fevereiro, ou seja, de domingo a terça-feira da semana que vem, os termômetros baterão na casa dos 35 graus. Isso, à sombra, pois em exposição ao sol a sensação térmica tende a superar os 40 graus.
Há um alerta para chuva de forte intensidade na tarde da próxima sexta-feira, dia 31. Segundo o CPTEC/Inpe, há 80% de probabilidade de um temporal, seguido de trovoada, atingir a cidade nesse dia. Será aquele pancadão de verão, rápido, capaz apenas de eliminar a poeira, mas, infelizmente, insuficiente para resolver o problema com a estiagem na região como um todo. Nos demais dias, até 4 de fevereiro, a probabilidade de chuvas, mesmo que isoladas, é de apenas 5%.
Os raros e excetos leitores mais atentos já perceberam que a posição do sol mudou e, portanto, iniciamos o ciclo em que os dias, gradativamente, ganham equidade de duração com as noites. Assim, o sol está nascendo 1 minuto mais tarde a cada três dias, sendo que em igual período o astro põe um minuto mais cedo em igual proporção de avanço no calendário. Os mais desatentos que se programem, pois nesse ano de 2014 o Horário de Verão acabará antes do Carnaval, portanto, à meia-noite do dia 16 de fevereiro, quando os relógios devem ser atrasados em 1 hora.
Imagem: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
Mapa mostra a estiagem acumulada no período de 20 a 22 de janeiro em todo
o Estado: áreas em tons que variam de amarelo a vermelho são as mais secas
o Estado: áreas em tons que variam de amarelo a vermelho são as mais secas
*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.
Um comentário :
Agora vamos ao que interessa e o assisense e o vocem?
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