quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

MEDIDA INCERTA - As implicações de uma pausa nas atividades físicas

Cláudio Messias*

Passei o mês de dezembro sem fazer postagem relacionada ao meu controle que cá, no Blog, denomino Medida Incerta. Aliás, não foi somente postagem que deixei de fazer naquele mês. No plural, as postagens cessaram nessa plataforma virtual. Os motivos que levaram-me à ausência são os mesmos que tiraram-me, igualmente, da rotina de atividades físicas. Algo em torno de 50 ou 60 dias de um sedentarismo que costuma ser cruel na rotina de quem passa horas a fio sentado, à frente de um computador eu com livros abertos. Vamos, pois, ao balanço dos últimos 90 dias desde a última postagem do Medida Incerta.

Nem tudo é negativo no balanço que eu mesmo faço desse trimestre de busca pelo equilíbrio corpo>mente. Se considerarmos que de outubro para cá tivemos o período de festas no meio, estou bem. Digo isso porque, sem as atividades físicas frequentes, ganhei pouco mais de um quilo no peso total. Considero pouco, pois agora, nesse início de janeiro, tenho amigos que lamentam ter ganhado até 4 quilos a mais desde que 'entraram em férias' na primeira semana de janeiro. Pode ser coincidência, mas esses amigos preterem as atividades físicas.

Aqui em casa, como já relatei anteriormente, todos aderiram ao controle daquilo que é consumido. Em uma passagem rápida pelo que foi iniciado em abril de 2012, reduzimos a 1/3 o que consumimos em sal, açúcar e gorduras. Talvez, se houver cálculo preciso, tenhamos reduzido muito mais do que 1/3. E a boa novidade é que agora, em janeiro, os filhos nos acompanham na rotina de usufruir da infraestrutura do clube. Utilizam a academia, tipo de atividade física que eu não faço. A esposa dedica-se a atividades na piscina. No geral, de controle do cardápio, eliminamos o jantar e incluídos a refeição noturna que exclui a combinação arroz>feijão>massas>carnes (antes, fazíamos o que quase todas as famílias fazem, ou seja, repetíamos o almoço, feito em dobro)

Interrompi minhas caminhadas e corridas matinais no final de novembro. Mais precisamente, logo após o feriado de 15 de novembro. Uma demanda extra de serviço exigiu esse sacrifício, pois consumiu-me nos três períodos do dia, restando - e olhe lá! - somente as madrugadas para dormir. Nesse período todo consegui, somente, manter a frequência de ir duas ou três vezes, por semana, à hidroginástica, o que descaracterizou o sedentarismo total.

É, contudo, na conjugação de caminhada e corrida que meu corpo responde ao equilíbrio advindo da alimentação. Pode ser coisa da minha cabeça, ou seja, mera bobagem, mas parece que quando inicio o dia caminhando e correndo consigo controlar mais e melhor a boca, de maneira a, à noite, não ter fome de comida pesada. Digo isso porque nos dias em que emendei a demanda de serviço virando dias úteis e finais de semana trabalhando, sempre tive fome à noite. Ao ponto de chegar do clube, depois da hidroginástica, e improvisar alguns belisquetes enquanto assistia ao telejornal noturno.

Encerrei essa demanda de serviços faltando alguns dias para o Natal. A partir de então, fazendo serviços de reparos domésticos que tradicionalmente ocupam minhas férias de final/início de ano, compensava a queima de calorias consumindo minha controlada cerveja. Dificilmente saio de casa para consumir bebida alcoólica, até porque, além de dirigir, não encontro prazer nesse tipo de escape. Bebo minhas latinhas, geladas, em casa. E confesso que encontro prazer nessa forma de compensar o forte calor que assola e esfola Assis no verão.

Fiz alusão à cerveja porque sei o quão calórica é a associação de qualquer alimento com esse tipo de bebida. Ou seja, por mais que tenha perdido calorias fazendo uma pintura, mexendo com cimento ou fazendo jardinagem, a cerveja que consumi trouxe mais peso do que foi perdido. Daí, talvez, a explicação para o fato de chegar, em 27 de dezembro, aos 94,7 kg, quase na casa dos 95 kg. Lembremos que em setembro eu baixei meu peso para a casa dos 93kg, dos 104 kg que pesava em abril de 2012.

Retomei minhas atividades físicas exatamente no dia 26 de dezembro, pós-Natal. Caminhadas no parque Buracão, preparando o corpo para o reinício das corridas. Quando parei de correr, na primeira quinzena de novembro, fazia 6 km por dia, intercalando com caminhadas, o que totalizava 1 hora de atividade física puxada. Foi dessa combinação, qual seja, caminha>corrida>exercícios abdominais, que reduzi a circunferência de minha cintura para 1,06m. Em abril de 2012 essa medida era de 1,17m.

Comecei 2014 com a rotina de atividades físicas refeita por completo. Falta, apenas, o reinício da hidromusculação, no clube, programada para a segunda-feira, dia 13. Considero essa atividade importante porque, por mais que sejam somente 50 minutos, obtenho um relaxamento completo da musculatura, dando sensação maior de equilíbrio, uma vez que inicio o dia com as caminhadas e corridas.

Cheguei às caminhadas seguidas de corridas sem dizer que recomecei a correr em 2 de janeiro, no pós-Ano Novo. Uma semana depois das caminhadas entendi que estava em condições de retomar os piques. A pista do parque Buracão deu lugar à pista do clube, cujo terreno, apropriado, dá menos impacto em minha coluna e, assim, minha escoliose dói menos.

São dadas 18 voltas na pista, perfazendo 6 km. Retomei a corrida intercalando 6 voltas caminhando, 6 voltas correndo, 6 voltas caminhando. Nessa semana consegui, devagar, inverter, de maneira a caminhar 6 voltas e correr 12. Minha expectativa é chegar à segunda quinzena de janeiro correndo todas as 18 voltas, com 4 voltas de caminhada e, assim, totalizando 1 hora de atividade diária total.

Continuo considerando como fator 'mais positivo' desse desafio todo o fato de as pessoas de meu convívio praticamente não perceberem minha perda de peso. Em vez de emagrecer abruptamente - e assustar aos olhos mais precipitados -, estou perdendo peso de forma gradativa. Impressionadas, mesmo, ficam as pessoas que revejo algumas vezes ao ano e que moram fora de Assis. Nesse final de ano, em reencontros do gênero, os olhares mais espantados buscavam a saliência da barriga, pois a medida abdominal realmente baixou bastante. Bermudas até mesmo de pijama tiveram de ser trocadas, assim como as calças. Guardo uma bermuda número 48 somente como lembrança do período em que cheguei aos 104 quilos. Até abril de 2015, quando encerro esse monitoramento de peso cá, no Blog, quero ter coragem de postar uma foto em que esteja dentro dessa bermuda.

Continuo, portanto, minha caminhada em busca de uma perda de peso que, vagarosa, implique em uma qualidade de vida cada vez maior. Não conto os números da balança, nem propago minha perda de peso. Digo isso porque, com toda sinceridade do mundo, não busco essencialmente o emagrecimento. Adotei uma reeducação alimentar a partir de um conjunto de programas que assisti no Bem Estar, da Globo, e sob consulta com o cardiologista Marcos Elias Nicolau. A intenção, no início, era - e é - chegar aos 45 anos com todos os fatores sanguíneos equilibrados, condição de que gozo há mais de um ano. Hoje, tenho 43 anos e estou a um mês de completar 44. Pressão arterial sob controle, assim como diabetes, triglicérides e colesterois bom e ruim.

Como advertência, para o que vivi nos últimos 90 dias, deixo, apenas, que jamais se deve abandonar a atividade física. Engordei pouco mais de um quilo nesse período sedentário aqui descrito, mas o pior ficou com a perda de minha qualidade de vida. Tive períodos de insônia ou sono interrompido nesses três meses de ostracismo, distúrbio que havia até esquecido desde que iniciei as atividades físicas frequentes. Isso, sem contar as dores musculares que senti quando voltei a caminhar e, principalmente, a correr. Minhas coxas, uma semana atrás, pareciam estar na carne viva quando dos primeiros piques de corrida.

Muitos dos raros e excetos leitores mantiveram contato via e-mail ou redes sociais dizendo-se estimulados a adotar iguais reeducação alimentar e atividades físicas moderadas, na busca pelo equilíbrio. Amigos e colegas que, iguais a mim, levam a vida em ritmo de gozo, e não de competição. Nada contra quem o faça por competição, pois o equilíbrio almejado é o mesmo. Mas, de minha parte, de competição já bastam os motivos que levam-me à fuga que esse conjunto de atividades físicas compensa.




*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.



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