quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Gasolina de Assis é a mais cara em 2013; de Ourinhos, a mais barata

Cláudio Messias*

Todos estão, eu concordo, de saco cheio de retrospectivas. Tem notícia ruim que é negativa só de assistir, ler ou ouvir uma única vez, quiçá ser suportada e lembrada em final de ano, justo em um período que todos definem como sendo de "festas". E mesmo as notícias boas, quando lembradas, se não passarem por edições equilibradas, tornam-se igualmente chatas, assemelhando-se a piadas, que têm de ser contadas, para ter graça - e olhe lá! - uma vez.

Mas, tem informações que não chegam em forma de notícias com a frequência com que deveriam. Fatos que, ignorados por rádios, jornais e, mais recentemente, sites de Assis e região, afetam a rotina de todos aqueles que fazem parte da audiência. Pequenos detalhes que quando somados representam médio ou até grande impacto na rotina de todos nós. É o caso, nessa pauta que exploro agora, do preço dos combustíveis. Vou começar, hoje, pela gasolina, depois chegando ao álcool e, enfim, ao botijão de gás.

Garanto que você, raro e exceto leitor, acreditou na PresidenTe Dilma e sua política econômica e concordou que não houve alteração de preços nos combustíveis em 2013. Essa sensação de estabilidade e inalterabilidade na tabela principalmente dos derivados do petróleo deve-se, entre outros fatores, ao custo médio que sua economia pessoal computou para os quilômetros rodados na estrada da vida. Sensação, contudo, não corresponde ao real. Quem comprova isso é um órgão vinculado ao próprio governo federal, ou seja, a Agência Nacional de Petróleo, a ANP, que há mais de dez anos faz levantamento semanal de preços em todo o país e os torna democraticamente públicos.

Perceba, raro e exceto leitor, que os números dessa minha postagem não correspondem a pesquisa feita por mim. São e estão disponibilizados pela ANP, de maneira que não incida qualquer acusação de que houve intenção de promover os postos revendedores de combustíveis de outras cidades e desmerecer os daqui, da cidade. Digo isso porque em postagens feitas há um ano, quando encerrei minha parceria no Assiscity.com e retomei as atividades do Blog, fui acusado de inventar números e tentar convencer meus seguidores de que compensa abastecer fora de Assis. Acusação leviana, claro, partindo de conhecidas figuras vinculadas a um setor que para o Ministério Público local é chamado de cartel, figura de linguagem que opto por não adotar justamente porque, como jornalista, já acompanhei a rotina de parte dos postos revendedores sérios e sei o quão árdua é a concorrência. Nada que signifique, contudo, que eu concorde com o preço final que vejo nas bombas.

Enfim, nos 12 meses de 2013 quem abasteceu em Assis pagou pela gasolina mais cara em um raio de 120 quilômetros, dentro do estado de São Paulo. Quem teve a oportunidade de passar por Ourinhos e completar o tanque, seja qual for o período do ano passado, economizou razoavelmente. Só não passamos 2013 inteiro com a gasolina mais cara porque Marília e Presidente Prudente também tiveram períodos com o preço mais elevado do derivado de petróleo.

Em janeiro, ou seja, um ano atrás, o preço do litro da gasolina em Assis era de R$ 2,75, enquanto em Ourinhos pagavam-se R$ 2,40 pela mesma unidade. Doze meses depois, em dezembro, o mesmo litro de gasolina era vendido nas bombas de Assis por R$ 2,94 (aumento de 9%), enquanto em Ourinhos saía por R$ 2,72. O leitor mais atento já percebeu que um ano depois os postos de Ourinhos ainda vendem o litro de gasolina mais barato do que Assis praticava nos óbvios 12 meses anteriores.

Depois de Ourinhos a cidade que mais barato vende gasolina na região é Paraguaçu Paulista. Lá, o litro do combustível começou 2013 sendo comercializado a R$ 2,69 e encerrou o ano vendido a R$ 2,87. Em contrapartida, Marília e Presidente Prudente não ficam muito atrás de Assis como as localidades da região onde a gasolina custa mais caro, de acordo com a ANP (confira na tabela abaixo).

Geral - Se a coisa não está nada boa no preço praticado pelos postos revendedores de combustíveis em Assis, pior ainda o quadro fica quando observa-se o cenário nacional. Em dezembro passado, enquanto o litro da gasolina era vendido a R$ 2,94 por aqui, na Sucupira do Vale, em nível nacional o preço médio, na soma geral de todo o levantamento da ANP, era de R$ 3,45.

Um ano atrás, se em Assis pagavam-se R$ 2,75 pelo litro da gasolina, no estado de São Paulo como um todo a média da unidade era de R$ 2,64. Mas, no Acre, o preço era de R$ 3,12, em Mato Grosso, R$ 2,98, em Rondônia, R$ 2,95 e em Tocantins, R$2,91.

Hoje, um ano depois, como já informado, esse preço médio, em Assis, é de R$ 2,94, ou seja, acima da média do estado de São Paulo, que é de R$ 2,82, mas abaixo dos R$ 3,37 do Acre, R$ 3,06 de Mato Grosso, R$ 3,14 de Rondônia e R$ 3,09 de Tocantins.

Na próxima postagem faço o comparativo de preços do etanol, ou seja, o álcool combustível. Minha análise recairá sobre as mesmas cidades analisadas e que estão situadas em um raio de 120 km de Assis. Como parâmetro, contudo, vou acrescentar o quanto o mesmo litro de álcool é comercializado em outras cidades igualmente produtoras de cana-de-açúcar e com usinas de beneficiamento instaladas em suas regiões administrativas.




*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.

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