Cláudio Messias*
Um vídeo postado no canal Youtube, do Google, mostra o procedimento de pouso da aeronave King Air PP-AJV no aeroporto estadual "Arthur Siqueira", em Bragança Paulista, no interior de São Paulo. O veículo cairia em Cândido Mota/SP no início da chuvosa noite de 3 de fevereiro do ano passado, matando piloto, co-piloto e três passageiros.
Ainda não há relatório final sobre o acidente de pouco mais de um ano atrás. O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) expediu relatórios de acidentes e incidentes, graves ou não, ocorridos antes e após 3 de fevereiro de 2013. Mas, até agora, nada da ocorrência envolvendo o King Air PP-AJV.
O vídeo postado no Youtube (veja ao final dessa postagem) é público. Gravado pelo co-piloto Sidney Ferreira Júnior, mostra os procedimentos de pouso do King Air em dia igualmente chuvoso, questão de 48 horas antes da queda. Sidney descreve que as condições climáticas fizeram com que houvesse a aterrissagem, filmada por ele, que ocorreu normal e tranquilamente, conforme pode ser observado no vídeo e no áudio postados. Ele também afirma que era co-piloto de Luiz Eduardo Marcondes, comandante, que morreu no acidente em Cândido Mota.
Nos comentários postados Sidney diz:
"Infelizmente o pessoal todo q morreu.. eu sou o copiloto desse aviao, o Luiz era um grande amigo, alias, ainda é, lendas nao morrem...eu era o escalado p esse voo, mas eu nao fui graças a minha prima q foi aprovada na usp, fui parabeniza-la e por isso estou vivo, obgd a todos pelas msgs".
Além de Luiz Marcondes estava na aeronave a co-piloto Luciana Aguiar da Costa e Souza, Elizete Piveta e Letícia Piveta Assunção (mãe e filha) e José Eduardo Ermírio de Moraes, noivo de Letícia e sobrinho-neto do empresário Antônio Ermírio de Moraes. Todos os ocupantes da aeronave tiveram morte instantânea.
Também na internet, alguns fóruns reservados a praticantes e apreciadores da aviação civil especulam, desde fevereiro do ano passado sobre os motivos que levaram ao acidente, uma vez que fatores relacionados à tragédia surpreenderam a todos. Tive acesso a alguns conteúdos do gênero por ter sido citado, através do Blog, em postagens. Careço, porém, de autorização para publicar tais conteúdos, uma vez que tratam-se de ambientes privados.
Algumas das especulações (são assim tratadas porque ainda não saiu o relatório do Cenipa) apontam para fatores interessantes, analisados por quem entende de aviação e circunstâncias como a que envolveu o acidente aéreo aqui na região. A primeira delas é referente a condições climáticas totalmente atípicas naquele momento do voo, que saiu de Maringá com destino a São Paulo e teve rota desviada a Norte, chegando a Assis. Condições essas que não são sentidas aqui, em solo, mas que no espaço aéreo, em média e elevada altitudes, são capazes de prejudicar e desestabilizar aeronaves de porte, inclusive, maior que o do King Air. Outra especulação condiz a eventuais características de que o King Air poderia ter tentado um pouso anterior à queda, dada a circunstância de desprendimento de um dos motores. Ou seja, por mais forte que tenha sido a tempestade enfrentada lá em cima, não seria suficiente para danificar a estrutura da aeronave ao ponto de retirar-lhe uma parte 'vital' como o motor.
É consenso, aqui na região, que a fatalidade maior do acidente está no fato de o King Air ter embicado (caído de frente e fazendo com que a parte dianteira afundasse no solo encharcado) em uma pequena elevação do solo, ou seja, uma curva-de-nível. Assim, todos os procedimentos de pouso de emergência teriam sido perfeitos, uma vez que a plantação de soja escolhida para o procedimento era de terreno extremamente plano. O choque de bico no solo, contudo, provoca desaceleração suficiente para implicar em pouca destruição na fuselagem, porém levar a óbito os frágeis corpos humanos envolvidos.
Confira, abaixo, o vídeo disponibilizado por Sidney Ferreira Jr. no Youtube:
*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.
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