Cláudio Messias*
Demorou para que a população regional confiasse que a massa de ar seco que predominava sobre o Médio Vale desde 27 de janeiro tivesse realmente perdido força. O fim dos efeitos desse fenômeno, atípico para a época do ano, aconteceu no final de semana, mas pode ser comprovado na madrugada dessa quarta-feira. Sem o ar seco, nuvens já predominaram no céu da região durante todo o dia de ontem, caracterizando o típico fim de tarde de verão, com pancadas isoladas de chuva. Mas a chuva propriamente dita veio algumas horas atrás.
O cenário de distribuição das chuvas desfavorece Assis. Resultado do avanço de uma massa de ar úmido e frio vindo sentido Leste>Oeste, o que é raro, a formação chuvosa passou por toda a região central do Estado durante o final da tarde e início da noite de ontem. Mas foi depois da serra de Botucatu que o ar úmido transformou-se em chuva. O encontro com os últimos resquícios da massa de ar seco provocou mais barulho do que necessariamente chuvas, ou seja, as trovoadas e raios caíram mais do que a água. A velocidade do vento, abaixo de 10 km/h, foi considerada normal.
Raios e trovões puderam ser vistos e ouvidos a partir das 3h30. A chuva chegou, em Assis, às 4h20, em forma de uma garoa fina. Uma hora depois choveu com um pouco mais de intensidade, sem regularidade de distribuição. Na estação experimental mantida pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, por exemplo, o acumulado não chegou a 1 milímetro, diferente de propriedades rurais situadas a Sul, onde a chuva passou dos 5 mm acumulados. Houve, também, sensível declínio da temperatura mínima, com os termômetros marcando 21 graus, antes a média de até 23 graus nas últimas semanas.
Cândido Mota continua sendo o município do Médio Vale com melhor índices de chuvas nesse início de ano. Lá, a estação experimental marcou 14 milímetros de chuva nessa madrugada. No acumulado dos últimos 30 dias o Gigante Vermelho já ultrapassa os 30 milímetros reais, favorecendo sobremaneira quem plantou soja e milho nessa safra de verão.
Alívio, também, aos produtores rurais e à população de Pedrinhas Paulista. Naquela colônia italiana a estação experimental registrou 11,2 milímetros de chuva nesse início de quarta-feira, aliviando a estiagem e reduzindo um pouco a sensação de calor extremo. Ontem, Pedrinhas bateu novo recorde de temperatura máxima no ano: 37 graus. É, disparado, o município mais quente do Médio Vale nessa segunda metade dio verão.
Tristeza, mesmo, para agricultores de Palmital. Não choveu na estação experimental daquele município, onde o calor das últimas 24 horas atingiu a marca de 36 graus. A passagem da massa de ar úmido apenas fez com que Palmital registrasse, na noite, a temperatura mais amena da região: 20 graus.
Mais chuvas - Com o fim definitivo da massa de ar seco o clima começa a ficar gradativamente mais agradável no Médio Vale. A tendência é que os dias registrem, de agora em diante, temperaturas na casa dos 33 ou 34 graus, favorecendo a formação de chuvas aos finais de tarde. A situação melhora, mesmo, a partir do final de semana, com a chegada dos efeitos da primeira frente fria do ano, que já afeta, nesse momento, todo o Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina. A tendência é que a chuva e consequente queda de temperatura provocadas por esse fenômeno sejam sentidas na região de Assis a partir de sábado.
De acordo com projeções feitas pelos institutos de meteorologia, o maior índice de chuvas ocorrerá após a passagem dessa frente fria, que deixará como rastro a presença de umidade sobre a região, favorecendo a ligação com outro canal de umidade, vindo da Amazônia. Essa zona de convergência provoca pancadas de chuva o dia inteiro a partir da próxima terça-feira.
Imagem: Climatempo
Imagem de satélite mostra o momento da chuva
na região, às 4h45 (horário de Brasília)
*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.
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