Cláudio Messias*
Quem me conhece sabe que meu
discurso e minha prática são do diálogo, jamais do apelo físico. Briga, mesmo,
só conheci uma na vida, e ainda assim levei a pior, justamente por não saber
brigar quando tinha 13 anos de idade, discutindo com um colega de jogo de
futebol de rua e levando um senhor soco na cara, desprevenido, carregando para
casa um troféu em forma de corte interno, na boca, que levou semanas para
cicatrizar. Fui, pois, o agredido, e não o agressor, apesar de reconhecer que
a rispidez da discussão juvenil levou àquela circunstância.
A pior cena de briga que
testemunhei na vida remete à minha infância. Não sei exatamente o que eu estava
fazendo em um churrasco que, à noite, ocorria em um estacionamento de veículos –
à época chamavam-se esses estabelecimentos de “garagem” -, nas proximidades do
cruzamento entre a rua Santos Dumont e a Marechal Deodoro. Eu tinha 9 anos de
idade e recordo-me de dois adultos aumentarem o tom da voz, até que um deles
levanta bruscamente da cadeira de metal, dessas de armar, típicas de festas, e
derruba tudo o que estava sobre a mesinha igualmente de armar. O outro debatedor
também se levanta e dali saem socos dados com violência extrema, pois
tratavam-se de dois homens fortes. Fiquei acuado em um canto de onde, se
tentasse sair, entraria no raio dos socos e das agressões dos briguentos, ou
seja, fui obrigado a ver, durante infinitos minutos, aquela cena deprimente, a
questão de centímetros dos meus olhos.
Aquela cena muito me
impressionou, principalmente pelo fato de ninguém apartar a briga. A separação
dos briguentos só foi feita quando o que enfim apanhou rendeu-se e não esboçava
reação debaixo do agressor. Ou retirariam o vencedor da luta ou haveria, ali,
um homicídio, tamanha era a ira do que estava batendo. Igual ou maior
indignação eu tive, e ainda carrego comigo, ficou relacionada ao argumento dos demais
adultos que assistiram à briga e não intercederam. Segundo eles, o briguento
que apanhou estava merecendo, mesmo, uma surra. E terminada a luta, cadeiras e
mesas foram postas no lugar e voltou a ter cerveja e carne em abundância. Como
se nada tivesse acontecido.
Dos 9 anos em diante passei a observar atentamente as brigas. Na saída da escola, por exemplo, sempre havia acerto de contas. Daí a conhecida intimidação presente na rotina estudantil dos mais nervosos e temperamentais: “vou te pegar na saída”. E os estudantes se pegavam e se pegam na saída, com o agravante, hoje, de as meninas também integrarem esse lamentável cenário de selvageria. Cito esse exemplo porque quando estudante e, depois, como professor dos ensinos fundamental e médio, testemunhei circunstâncias em que dois sujeitos brigam e uma multidão assiste passivamente. É o espetáculo da briga, que tem antecedentes históricos, quase jurássicos. Dá audiência uma briga depois de horas enfiado em uma sala de aula, e prevalece a premissa de que “não me mete na briga dos outros”. Daí, pois, a não intervenção da audiência, que prefere ser meramente espectadora. Não fosse a presença de pais que buscam filhos ou passam pelos portões de saída das escolas, ou, ainda, a presença de funcionários dessas escolas, e correríamos o risco de ter mortes nessas circunstâncias. Em sala de aula, no dia seguinte, ouvia do alunado a mesma premissa de que uma ou outra parte envolvida na briga do dia anterior “merecia apanhar mesmo”.
Duas semanas atrás, no jogo
Assisense 2 x 2 Grêmio Prudente, pela Segunda Divisão do Campeonato Paulista,
testemunhei uma discussão que também me fez sentir aquele frio na barriga que
prenuncia, no meu imaginário, dois adultos brigando à base de socos e pontapés.
E os dois caras eram grandes, fortes e exigiriam a intervenção de mais algumas
pessoas para apartar. Tudo porque uma das partes gritava para que o técnico do
time da casa retirasse de campo o camisa 5, volante, segundo ele um
perna-de-pau. Essa vociferação durou uns 5 minutos, até que um sujeito que
estava sentado atrás desse bocudo, e à minha frente, levantou-se, cutucou o
falador e pediu para ele ficar quieto, pois, na sua opinião, o jogador mais brigador
(no sentido de disputa de bola) era justamente o camisa 5. O outro torcedor
boquejou, disse ter o direito de falar o que quisesse, mas ouviu do
interlocutor a determinação “aqui você não vai falar mal do 5, não”. Ninguém,
simplesmente ninguém (nem eu), intercedeu na discussão. O máximo que fiz foi,
quando o defensor do camisa 5 olhou para trás e buscou apoio moral para sua posição,
dizer “deixa isso quieto”, como recomendação de que aquilo não valia a pena. Ao
passo que, imediatamente, outro torcedor que estava ao meu lado disse: “vale a
pena, sim, pois aquele cara (o que criticava o camisa 5) merecia mesmo levar
uns tapas”.
Se duas pessoas decidem eventuais
diferenças nas agressões físicas o olhar coletivo predominante é que uma das
duas partes merece sair perdedora. Já relatei, aqui no Blog, minha experiência
de 3 anos e meio como jornalista que foi conhecer o regime prisional
trabalhando como agente penitenciário. Foram inúmeras as experiências que tive
naquele universo em que predomina a presença de pessoas que praticaram
violência nos mais variados níveis de gravidade. E lá, no cárcere, prevalece a
cultura do acerto de contas. Muitas mortes que ocorrem dentro das muralhas
resultam de circunstâncias em que fulano estava merecendo, prevalecendo o
parâmetro de um código interno em que existem dominantes e dominados. Se um dominado
fere as regras, paga. Nada diferente do que fazemos aqui fora, em liberdade,
nos mais variados aspectos sociais.
Nesses quase 30 anos em que
trabalho formalmente, parte do tempo fiz ‘bicos’ na noite. Trabalhei como DJ em
danceterias e vi jovens da minha idade brigando periodicamente. Muitas daquelas
brigas terminaram em morte na porta das discotecas de Assis e região. O capital
da discórdia, ali, eram as mulheres. Sangrentas formas de dança do
acasalamento. Mas, com um detalhe que também identifiquei, talvez influenciado
por aquela experiência lá da infância, dos 9 anos, quando vi aquela briga de
adultos no churrasco. Muitos jovens apanharam e apanham sem ter ofendido
ninguém. Sem sequer ter discutido. Pior, apanham tentando fugir da discussão e
da própria briga. São cercados pela audiência, ou seja, por aquelas pessoas que
querem assistir à cena a qualquer custo e fazem da muralha humana uma arena da
qual o inocente não tem chance de escapar.
Esses jovens que apanham na noite
muitas vezes sofrem agressões na frente de namoradas. Via de regra, não sabem
brigar, nunca deram um soco na vida e simplesmente descartam a hipótese de
voltar a determinada casa noturna ou balada justamente para evitar novas
agressões. Não tenho dúvidas de que essa seja a explicação para que alguns
pontos comerciais da cidade tenham alta concentração de público, porém pouco
faturamento, muitas vezes fechando as portas em meio à surpresa coletiva que
lamenta “poxa, como pode fechar se sempre teve movimento?”. Consumidor bom é
aquele que vai em grupo, consome de bebidas a lanches e pratos quentes e é
formado por casais. Uma abordagem em mesa que contenha esse perfil de
frequentadores da boemia permite facilmente identificar pessoas com formação
sólida e vida profissional estável. Jovens que sacrificaram a futilidade da
vida nas ruas e priorizaram foco nos estudos ou mesmo no crescimento
profissional, por mais humilde que seja a função. Basta um deles ter a namorada
que determinado briguento, truculento, que desfocou dos estudos e priorizou a
futilidade das ruas, inventou de paquerar e dali poderá sair a circunstância
que acabará em violência. É só um dos inúmeros exemplos de agressões que
testemunhei algumas décadas atrás, suficientes para que aqueles casais de
amigos simplesmente não frequentassem mais o local. E quem continuou frequentando?
Sim, claro, os briguentos, que pouco consomem e quase nada de lucro levam para
os pontos comerciais.
O rapaz boa pinta é, via de
regra, educado. E educado no sentido informal, ou seja, leva para a vida os
bons modos que aprendeu dentro de casa. Sabe falar, que tom de voz usar em
determinadas circunstâncias, tem semblante sereno, come de modo adequado e não
precisa de uma roupa cara ou de moda para ficar atraente. Sua personalidade é o
seu cartão de visitas. Atrai, claro, a atenção do público feminino. De mães,
tias e avós de suas amigas, esse tipo de rapaz agrada coletivamente a todas as
mulheres. Na balada, obviamente, esse rapaz atrairá os olhares de moças; das
jovens da mesma idade até as jovens mais experientes. Sorte no amor, desde que
uma dessas mulheres não esteja pretendida por outro jovem, homem, que tenha a
personalidade avessa a tudo o que foi elencado de qualidade pessoal
anteriormente. Sim, na selvagem vida noturna já vi jovem apanhar só porque a
paquera de determinado briguento estava olhando, admirando, determinado rapaz
boa pinta presente em referida festa. Briguento, claro, que não leu os mesmos
livros do agredido, nem dedicou parte de seu precioso tempo a ouvir os
conselhos de pais ou adultos mais próximos para que saísse um cidadão que
respeite outrem.
É claro que tem muito rapaz boa
pinta e briguento, que caça confusão, ofende e dá origem a agressões. Não tenho
dados que comprovem isso, mas acredito que se essas estatísticas existem, devem
mostrar que tais brigas nasçam envolvendo pessoas que não se encaixam no perfil
desses rapazes que citei e que agradam de mães e tias a avós em geral. Sim,
você dirá que muitos dos agressores são uns dentro de casa e na vida social
como um todo, e outros na selvagem disputa que geralmente envolve a busca pelo
sexo oposto. Concordo com isso, mas ainda defendo que esses truculentos, no
bojo geral, não têm a qualidade geral do rapaz – e da moça também – de bem, da
paz. O que quero dizer, enfim, é que algumas pessoas saem literalmente de casa
dispostas a brigar, enquanto outras não têm essa predisposição.
Em muitas das circunstâncias que
figuram como nascente de uma briga o controle é perdido em meio ao diálogo. Em
2002, abastecendo o carro quando retornava, à noite, de Marília, onde
trabalhava, enfrentei uma fila. Estava no posto Aster, na avenida Dom Antônio,
e havia três veículos à minha frente, na bomba de álcool. Quando o carro da
frente avançou para ser abastecido eu estava trocando o CD do aparelho e em
questão de segundos ficou um espaço vago entre mim e o carro da frente. Havia,
àquela altura, outros veículos atrás do meu. Mas, um Corcel II que tinha o porta-malas
repleto de ferramentas de pedreiro entrou em velocidade até certo ponto
excessiva no posto. Seu condutor, passando devagar ao lado da fila, viu o
pequeno espaço à minha frente e colocou o “bico” do carro, cercando meu acesso.
O frentista, depois de abastecer o veículo da frente, ignorou o Corcel II e
veio até mim, perguntar se eu queria álcool ou gasolina. Era álcool e, então,
eu teria de abastecer na bomba da frente, obstruída pelo carro do pedreiro que,
por sinal, já estava estacionado e posicionado. Apaziguador, o frentista
perguntou se eu permitia que ele abastecesse primeiro o Corcel II. Ao que eu
respondi que sim, completando que aquele pedreiro deveria ter motivos maiores e
melhores do que o meu e dos outros proprietários de veículos que, atrás de mim,
revoltados e vociferando, não concordavam com aquele “fura-fila”. Ressaltei que
ele, o pedreiro, poderia ser uma pessoa muito importante ou mesmo estar a
caminho de uma casa cuja esposa e filhos fossem mais importantes que os nossos,
uma vez que ao menos eu estava fora de casa desde a madrugada, tendo, com
certeza, pulado da cama muito antes dele. Não terminei de falar e fui
interrompido pelo pedreiro, que desistiu de abastecer o carro mas não saiu
antes de enfiar o dedo em riste na minha cara e sentenciar: “você pode ser mais
inteligente do que eu, mas eu te quebro a cara”.
Essa é a realidade da violenta
sociedade contemporânea. Cessam os argumentos e surge a brecha para o acerto de
contas no braço. As próprias redes sociais, que são exclusivamente discursivas,
levam a desentendimentos que saem do controle pacífico e surpreendem igualmente.
Cito o caso de um “amigo” que conheci pessoalmente e que mais velho que eu, inclusive,
é pai de um ex-companheiro de trabalho. Já até viajamos juntos em algumas
ocasiões profissionais, de maneira a ter aquela amizade como sólida. Essa
pessoa é torcedora do São Paulo e a cada postagem minha, ano passado, sobre o
Corinthians, meu time, no Facebook, ironizava com comentários que são típicos,
e normais, para assuntos relacionados ao futebol. O alvo dele era o sonho
corintiano de conquista da Libertadores, motivo para o que definia como “eterno
motivo de riso”. Quando o Corinthians foi campeão da Libertadores, claro, foram
infinitas as piadas que correram as redes sociais, dando início a movimentos
como “os anti piram”, etc. Jamais fiz qualquer postagem àquela pessoa em
específico, em forma de ofensa ou qualquer outro tipo de provocação. Tudo, sim,
dentro do movimento de resposta dos corintianos, e sabendo distinguir o que era
pesado demais e o que não era. Semanas atrás vi uma postagem futebolística dessa
pessoa no mesmo Facebook e fiz um comentário, recebendo como resposta que nem
deveria estar, ali, dialogando, pois havia sido excluído da lista de amigos
daquela conta. Não questionei, obviamente, pois se existe algo sobre o que não
temos propriedade é a vontade alheia pela nossa amizade. Esforço-me, sim, para fazer
e ter amigos, mas se da outra parte não há o mesmo interesse, que ao menos
fiquemos em paz. Contudo, como tratava-se de rompimento relacionado à
virtualidade das redes sociais, imaginei que a amizade real continuasse, literalmente
com os pés no chão. Mas, reencontrei essa pessoa no estádio Tonicão, duas
semanas atrás, e não houve recíproca para o que defino como esboço de
cumprimento de minha parte. Vi, então, que algo realmente aconteceu nas
leituras e interpretações de postagens no Facebook, suficiente para acabar com
uma amizade de mais de 15 anos, mesmo sem que eu entenda necessariamente o que
ocorreu de ato.
Jamais vi risco de briga com esse
amigo, que me tem como ex-amigo. Até porque jamais discutimos e, pelo contrário,
dele só tenho as lembranças das vezes em que nos reencontramos e falamos, sim,
de futebol, seja do Vocem, do Assisense, da Seleção, do Corinthians, do São
Paulo, enfim, da vida. Mas, com certeza, faltou diálogo, que é o principal
recurso que esclarece e finda desavenças. Uma conversa atravessada, mal
esclarecida, e lá estão amigos, familiares, colegas de trabalho, vizinhos,
enfim, uma infinidade de grupos sociais com representantes em conflito.
Bobagens, claro, mas espelho de uma sociedade contemporânea cada vez mais
pavio-curto.
Escrevi tudo isso para chegar ao
episódio que nesse final de semana nos desestruturou em família. Um de meus
filhos foi agredido por outros dois jovens no final da noite de sábado. Foi
durante uma festa? Não. Meu filho consome bebida ou tem qualquer outro tipo de
vício? Também não. Estava paquerando a namorada ou paquera de outra pessoa?
Igualmente, não? Então, em que circunstância ele foi agredido? Simplesmente, ele
aguardava que eu e minha esposa o buscássemos, de carro, em frente ao
residencial Renascence. Havia ido à festa junina do colégio Xereta e, terminado
evento, desceu com amigos até o condomínio, que fica nas proximidades e é
morada de um colega que estava no grupo. Nosso trato era busca-lo à meia-noite
e quando deu 23h50, por telefone, anunciei que estaria indo para lá. Enquanto
eu saía de casa e ia para o outro lado da cidade dois jovens abordaram meu
filho, já sozinho, em frente à rotatória, na porta do residencial. Estavam, segundo
ele, trajando roupas costumeiramente usadas por pessoas de classe média.
Primeiro, perguntaram se ele residia ali, no Renascense. Quando respondeu que
não, meu filho ouviu de um dos bandidos que deveria passar o “radinho”, ou
seja, o celular. Percebendo que poderia ser roubado, ele precaveu-se segurando
celular dentro do bolso da blusa de frio e tentou correr de volta para o
condomínio. Um dos bandidos chutou-lhe as pernas, derrubou e desferiu chutes na
cabeça e pelo corpo todo. O outro marginal assistia a tudo e ria da cena. Cheguei
ao local e deparei com meu filho todo sujo, zonzo, com sangramento nos
cotovelos e, com palavras confusas, tentando definir o que ocorrera.
Optamos por leva-lo para casa, coloca-lo
em observação e, se fosse o caso, leva-lo depois ao hospital. Não foi
necessário, pois a dor no quadril devia-se à queda ao chão que teve quando suas
pernas foram chutadas na corrida. A dor na cabeça era o que mais preocupava,
porém passou quando remediada com analgésico que temos em casa. E você, raro e
exceto leitor, deve estar perguntando por quer optamos por não fazer boletim de
ocorrência nem acionar a polícia militar. Explico.
Em 2010, nossos dois filhos,
ainda crianças, retornavam da catequese, na comunidade, e foram abordados por
um bando de marginais adolescentes, um deles portando revólver. Levaram, deles,
camisa e blusa, além, também, de agredir com socos e pontapés. A PM foi
acionada, chegou muitos minutos depois, fez rondas pelas imediações, mas o herói
daquela noite, mesmo, foi um motorista a quem nunca tive oportunidade de agradecer
com um abraço de reconhecimento. Um proprietário de carro de luxo que viu a
cena de dois inocentes sendo assaltados, ignorou o fato de haver arma de fogo
em punho por parte de um dos bandidos e partiu para cima. Além de interromper o
assalto ele colocou meus filhos no carro e os trouxe até a porta de nossa casa,
saindo em alta velocidade na tentativa de ainda reencontrar os bandidos. Foi, e
não mais voltou. Fomos conduzidos pelos policiais militares até o plantão,
registramos ocorrência e, ainda por cima, submetemos os filhos à constrangedora
situação de testemunhar o flagrante de diversos jovens, detidos sob as mais
variadas suspeitas. Quase seis horas entre o assalto a meus filhos e o desfecho
da ocorrência e, até hoje, ninguém preso, apesar de meus filhos já terem
reencontrado, nas proximidades de casa, os mesmos jovens autores daquela ação
criminosa, um deles, inclusive, trajando a camisa roubada. Nesse erro, de ficar
horas no circo do plantão policial, não caímos mais.
Meus filhos foram educados, em
casa, para dialogar e jamais entrar em briga física. E assim fazem, e muito bem.
São da paz, do bem, como nós, adultos, costumamos definir. O resultado disso é
que o perfil da roda de amigos deles, que é muito grande, por sinal, define um
grupo de jovens com rotina de lazer sem vícios nem extravagâncias. Todos têm
suas paqueras, namoradas, enfim, suas vivências típicas de jovens,
adolescentes, que os definem como aquele rapaz que agrada aos olhos de mães,
avós e tias que citei anteriormente nesse texto. Estão aprendendo a encarar o
que é a vida, mas, somado a uma rotina que exige firmeza nos estudos e foco na
formação universitária que advém, passam por situações em que incomodam pelo
simples fato de não representarem ameaça alguma. Digo isso porque meu filho,
sábado, ficou menos de 5 minutos em frente ao residencial Renascence até ser
abordado por dois bandidos que muito provavelmente estavam na mesma festa
junina do Xereta minutos antes. Dois jovens que não foram até lá nem passavam
por ali especificamente para assaltar alguém. Tanto que não levaram o celular
do agredido. Simplesmente, encontraram um cara do bem e de maneira criminosa,
bandida, delituosa, o espancaram. Poderiam tê-lo matado, pois golpes na cabeça
esse risco permitem. E custo de quê? Com que fundamento? Qual o motivo?
Estamos, em um grupo de amigos,
iniciando uma investigação independente. Sabemos que roupas trajavam e quais
características físicas aqueles dois bandidos têm. Há imagens filmadas em três
pontos por onde pedestres passaram naquele final de noite de sábado, no prolongamento
da avenida Rui Barbosa. A agressão, em si, nem precisa ser mostrada. Basta
identificar os autores, lançar suas caras nas redes sociais e chegar aos responsáveis.
Aí, sim, os elementos serão juntados e apresentados diretamente à Justiça em
forma de denúncia, com processo. Não entendo aquilo como agressão, mas
tentativa de latrocínio, uma vez que meu filho, agora, poderia estar
engrossando a estatística que faz de Assis uma cidade muito mais violenta do
que a Assis da minha juventude. Ainda é cedo para dizer que tratam-se de novos
playboys assisenses agindo à base da certeza da impunidade na cidade, mas de
uma coisa em tenho certeza: o sossego, deles, acabou, pois se menores se
confirmarem, será com os pais (ir)responsáveis a minha conversa de acerto de
contas. Conversa e diálogo, pois a única punição virá, não tenho dúvidas, da
mesma Justiça em que sempre confiei em 43 anos de vida.
Atualização 1 - 20h37: Já foi feita a identificação do principal agressor, em fotos tiradas no interior do colégio Xereta, sábado. Igualmente, as imagens de câmeras foram cruzadas. Próximo passo, confirmar o nome do indivíduo, seu endereço e, assim, localizá-lo para as providências legais.
Atualização 1 - 20h37: Já foi feita a identificação do principal agressor, em fotos tiradas no interior do colégio Xereta, sábado. Igualmente, as imagens de câmeras foram cruzadas. Próximo passo, confirmar o nome do indivíduo, seu endereço e, assim, localizá-lo para as providências legais.
*Professor universitário,
historiador e jornalista, é mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.
Nenhum comentário :
Postar um comentário