quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Trânsito "só" congestiona duas vezes: nas piores horas

27 Fevereiro 2013


Cláudio Messias*

Já entrei em contradição, aqui neste espaço, quanto às alterações feitas no trânsito de Assis nos últimos dois anos. De início, critiquei e fui criticado por criticar. Depois, com o passar do tempo, dando razão a uma internauta que puxou-me a orelha, vi que, realmente, tratar-se-ia de uma questão de cultura de adequação ao novo.

Hoje, passados os já referidos dois anos, arrisco dizer que 90% das alterações deram certo, ou seja, foram positivas. Mas, os 10% que ficam no status de "problema"... Hum! Que problemaço!

Ouvi de Flávio Moretone, ex-todo poderoso da gestão Ezio Spera, que com o fim das passagens em cruzamentos com a avenida Dom Antônio far-se-ia o trajeto José Nogueira Marmontel>Avenida Max em 6 minutos. Fiz o teste no dia seguinte e, por volta de 15 horas, levei 8 minutos. Ok, margem de erro de 2 minutos, para mais ou para menos.

Mas, refiz o mesmo trajeto, naquela ocasião, às 18 horas. E levei 13 minutos. Na semana passada, depois de ir várias vezes à elétrica Apolo, na Marechal Deodoro, tive de correr àquele estabelecimento pouco antes das 18 horas, em cima do fechamento, para buscar uma fonte de computador - narrei essa epopeia aqui no Blog - e me surpreendi. Antes de chegar ao cruzamento com a Quintino Bocaiúva, subindo a Santos Dumont, uma fila imensa de carros. É o rush assisense. E quem mora na zona norte/oeste, utiliza a Marechal Deodoro para chegar à Dom Antônio.

Não tive alternativa: ou estacionava o carro, debaixo de chuva, e seguia a pé por três quadras ou corria o risco de não encontrar a Apolo aberta. Simplesmente, quem subia a Santos Dumont não tinha oportunidade de passagem pela Marechal Deodoro (veja foto da ocasião, abaixo).

Foto feita no dia 13 de fevereiro de 2013, às 17h58: Santos Dumont parada, 
Marechal Deodoro com trânsito intenso


Fonte comprada, resolvi voltar pra casa refazendo o trajeto que meses atrás testes durante o rush do crepúsculo. Desci até a José Nogueira Marmontel, fiz a rotatória de início da avenida Glória e iniciei a contagem de tempo. Levei 17 minutos para chegar ao Avenida Max.

Tudo bem, estava chovendo naquele final de tarde. E dias como hoje, que amanhecem cinzas de cerração e não necessariamente chuva, fazem com que os assisenses, dando jus à condição de maior frota urbana/habitante do país, tirem o carro da garagem. E congestionem o trânsito na sazonalidade das 7h30/8h30 e 17h30/19h30.

Alguma coisa, no entanto, precisa ser feita para acabar com verdadeiras insanidades do trânsito de Assis. Ouvi dizer que a nova engenharia de tráfego da cidade foi desenvolvida por um profissional de Ourinhos. Tudo bem. Oito elogios e duas críticas a ele no global. Mas, nessas duas críticas, há aberrações. E "pisadas" típicas de quem não dirige nesta cidade rotineiramente.

A cidade não foi devidamente sinalizada após as transformações feitas. Nessa semana, conversando com um representante de laboratório da indústria farmacêutica em sala de espera de consultório médico, ouvi dele, e acreditei, que ano passado foi necessário pegar táxi para conseguir cumprir com a agenda previamente definida para a passagem pelo centro médico de Assis. Ou seja, se quem é da cidade ficou perdido, imagine, raro e exceto leitor, quem é de outra cidade! Pior ainda para quem vem pra cá pela primeira vez.

Uma das aberrações a que me refiro está no prolongamento da rua Ângelo Bertoncini, já na Duque de Caxias. Com a inversão do sentido de direção da J.V. da Cunha e Silva, ir para o Terminal Rodoviário tem duas opções: pela Ângelo Bertoncini ou pela Marechal Deodoro. Depende do ponto onde o motorista se encontre. Se esse motorista for de fora e seguir pela Ângelo Bertoncini>Duque de Caxias, vai sair na avenida Glória. Só que a avenida Glória, assim como a Dom Antônio, teve as passagem bloqueadas pelos canteiros centrais. E o forasteiro terá de deduzir que, mesmo virando à direita, conseguirá chegar à Rodoviária, que fica à sua esquerda. Como resolver isso? Simples. Colocando uma placa, antes do cruzamento com a Padre Gusmões, indicando com seta a conversão à esquerda para, então, sair na avenida Getúlio Vargas, resolve-se o problema.




Aos poucos vou publicando, aqui, aquilo que corresponde aos 20% de minha rejeição às alterações feitas no trânsito de Assis. Desde já digo, contudo, que concordo com a distribuição de tráfego feita com a adoção de mão única na avenida Rui Barbosa. Uma coisa é reunir um grupo de comerciantes daquela via e ir à Câmara pedindo para voltar o sistema de mão dupla. Outra coisa, bem diferente e, por sinal, mais justa, é ouvir os comerciantes situados nas vias paralelas, que ganharam fluxo de movimento de consumidores justamente porque, agora, também são vistos e não ficam esquecidos ou abandonados, solitários.

Voltaremos ao tema!


*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.



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