21 Fevereiro 2013
Foto: Blog do Messias
O acidente desta quinta-feira (21/02) envolveu um Siena e uma caminhonete furgão D-10
Cláudio Messias*
Com a inversão das mãos de direção nas ruas de Assis, em
2012, muitos condutores de veículos, confusos, têm avançado em cruzamentos com
vias preferenciais e, apesar de sinalização de solo e aérea (placas), provocado
acidentes. O cruzamento entre as ruas André Perine e Santos Dumont,
historicamente trágico, tem registrado colisões freqüentes, ora envolvendo
automóveis, ora motocicletas.
No final da manhã desta quinta-feira, 21/02, a cena se
repetiu. Em menos de doze meses a André Perine, que sempre ‘subiu’ no sentido
centro/bairro, ou seja, vila Xavier>Avenida Dom Antônio, passou a descer. E
a Santos Dumont, igualmente histórica sempre descia, passou a subir no sentido
Tênis Clube>Mercadão. Desnorteados, principalmente os condutores mais idosos
centram a atenção nas placas de sentido de direção, ignorando, muitas vezes, a
sinalização de “pare”. O resultado é esse da foto acima: colisão.
Já vi, em 1995, um condutor morrer nesse cruzamento. E não
foi o primeiro, nem o único, nem será o último. De todas as vias preferenciais
de Assis creio que a André Perine seja a que maior trajeto de descida íngreme
registra. Desde a avenida Dom Antônio até a rotatória do Parque Buracão são,
pelo menos, mil metros de “banguela”, ladeira, descida, enfim, de um retão que
só desce. Antes, no cruzamento com a Santos Dumont, havia um semáforo. E os
acidentes aconteciam. A morte a que assisti em 1995, aliás, ocorreu com um dos
veículos avançando o sinal vermelho.
Antes da reforma da engenharia de tráfego de Assis tínhamos
uma sinalização, na André Perine, que eu considerava interessante. Foram aplicadas
faixas sinalizadoras de solo, com dispositivo de “olho-de-gato”, que reflete a
luz à noite, de maneira que o tráfego daquela rua, na descida, fosse lançado
unicamente para a faixa da direita. Assim, o condutor que descesse pela Santos
Dumont, por mais que avançasse o ´bico´ do carro na faixa preferencial, tinha
visão suficiente para perceber a aproximação ou não de veículos na via
transversal.
Antes de chegar ao cruzamento pela Santos Dumont, aliás, os
condutores tinham de passar por um redutor de velocidade. Sim, um quebra-molas,
também chamado de obstáculo, que tirava a pressa dos mais ligeiros. E isso tudo
foi feito quando a André Perine passou a ter mão única, dois anos atrás, na
primeira geração das alterações na engenharia de tráfego dessa desvairada Sucupira do Vale. Muitos profetizaram
novos acidentes e até mortes no local, pois o semáforo fora retirado do local.
Os acidentes naquele cruzamento aconteceram, sim, nos
primeiros dias. Depois, tornaram-se semanais. Mais adiante, quinzenais. Até chegar
à periodicidade esporádica. Resultado, claro, do fato de as duas vias, estando
com sentido de mão único, reduzirem o trânsito em 50% naquele trecho.
Mas, no segundo semestre de 2012 veio outra alteração nos sentidos
de direção. A André Perine continuou somente a descer, enquanto a Santos Dumont
passou a subir. Parece piada, mas depois que se passa a André Perine,
transitando pela Santos Dumont, tem-se um obstáculo redutor de velocidade.
Claro, aquele quebra-molas perdeu sentido com as alterações de mão de direção,
uma vez que encontra-se vinte metros depois do cruzamento de maior movimento.
O mais grave, contudo, está na não manutenção do principal
recurso que desviava o tráfego da André Perine e dava visão para quem cruzasse
passando pela Santos Dumont. Explico: quem sobe pela Santos Dumont é amplamente
prejudicado, em visão, quando há veículos estacionados à direita na André
Perine. Fosse mantido o recurso de aplicar faixas afunilando o trânsito para a
pista da esquerda e, como antes, quem sobe a Santos Dumont ganharia ângulo para
enxergar melhor a aproximação ou não de veículos que descem a André Perine.
E se na Santos Dumont tinha e tem um obstáculo redutor de
velocidade, o mesmo deveria e tem de ocorrer na André Perine, preferencialmente
no meio da quadra compreendida entre as ruas Santos Dumont e Visconde do Rio
Branco.
Defendo que os condutores estejam, sim, sempre atentos à
sinalização, seja ela de solo ou aérea. Contudo, compreendo, também, a situação
de quem avança o bico do carro no cruzamento com a André Perine, prejudicado
pela falta de visão. E quando se vê o outro veículo vindo talvez possa ser
tarde, dependendo da velocidade com que se transita.
Sou amplamente defensor da instalação de radares redutores
de velocidade dentro da cidade de Assis. Concordo que aqui, numa cidade com
menos de 100 mil habitantes e que pode ser cruzada de norte a sul, de leste a
oeste, em menos de vinte minutos, a velocidade máxima tolerada tenha de ser de
50 km/h. Já vi gente esbravejar que esse limite, na baixa do ginásio Jairão,
pela avenida Perimetral, deveria ser aumentado para 60km/h. Insanidade total,
pois nosso trânsito tem matado, e muito, nos últimos dez anos. E aumentar a
velocidade será, obviamente, transferir esse crescimento para as estatísticas.
Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre
em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.
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