Cláudio Messias*
Após o sorteio da equipe de arbitragem escalada para atuar na abertura do returno da Primeira Fase da Segundona 2015, nessa quarta-feira, optei por fazer uma análise, digamos, minuciosa no quadro de arbitragem da Federação Paulista de Futebol. E verifiquei que o ranking de arbitragem da instituição do ano de 2015 tem 19 árbitros na Categoria Especial, 40 na Categoria 1; 50 na Categoria 2; 61 na Categoria 3; 74 na Categoria 4, e 23 na Categoria 5.
Meu questionamento é: se a comissão de arbitragem tem um total de 267 árbitros ativos e aptos para trabalhar, como um desses mediadores entre o que 22 jogadores fazem em campo e o que determinam as regras universais da modalidade pode cair, em sorteio, para atuar em jogo de um mesmo clube, duas vezes em pouco mais de um mês? Quem disser que é casualidade de sorteio precisa, primeiro, entender que o sorteio é feito de maneira que entre duas colunas com nomes de árbitros, uma seja sorteada e, assim, os clubes saibam com antecedência quem será o mediador em suas atuações. Se há apenas duas colunas, pois, esses dois nomes são listados por alguém ou mediante a algum critério.
Ontem à tarde, na sede da Federação, em São Paulo, havia duas possibilidades para a arbitragem de Vocem x José Bonifácio, confronto marcado para as 10 horas da manhã do próximo domingo, no estádio Tonicão. Na coluna da direita, Rafael de Araújo Pereira. Na da esquerda, Marcel Luis Biava Córdoba. Deu, no sorteio, a segunda opção. Havia, óbvio, somente duas opções.
Os dois árbitros colocados em sorteio já atuaram, nesse mesmo campeonato, em jogos do Vocem. O primeiro, na vitória do Esquadrão da Fé sobre o mesmo José Bonifácio (1x0), na abertura do campeonato. O segundo, no desastroso jogo Tanabi 0x0 Vocem, em que prevaleceu o excesso de faltas. Enfim, de mais de 260 árbitros, dois caírem para o sorteio de jogo de um mesmo clube em cujos confrontos já atuaram recentemente é, realmente, complicado. Nenhuma suspeita sobre os clubes envolvidos, mas, uma 'coincidência' desnecessária para a Federação, cujos árbitros têm decepcionado rodada após rodada.
Enfim, resta esperar que o senhor Marcel Luis Biava Córdoba tenha boa atuação nessa manhã de domingo. Que não repita, por exemplo, a arbitragem que proporcionou ao Tanabi, no jogo do dia 10 de maio, no estádio Pedro Marin Berbel, a autoria de 25 faltas, que levaram à advertência mediante aplicação de 5 cartões amarelos. O Vocem, na ocasião, cometeu 15 faltas e teve apenas um jogador advertido com cartão amarelo. Segurou o empate fora de casa, mas apanhou, à base da violência consentida pela arbitragem, daquele que hoje as estatísticas oficiais da Segundona mostram ser o time mais violento do certame, ou seja, o Tanabi.
O árbitro auxiliar 1 para Vocem x Tanabi será Fábio Rogério Baesteiro, formado em 2003. Experiente, vem de duas atuações nas Séries intermediárias do Brasileirão, nos confrontos Oeste 0x0 Mogi Mirim, dia 30 de maio, e Guarani 1x2 Londrina, dia 25 de maio. Fez dois jogos na Segundona, sendo um deles válido pelo Grupo 1: Noroeste 2x0 Bandeirante, dia 23 de maio. No Campeonato Paulista, 13 atuações no ano, sendo oito delas na Série A-1. Destaque para Palmeiras 3x0 Rio Claro, Palmeiras 1x0 Bragantino, Corinthians 1x0 São Bernardo e São Paulo 3x0 Portuguesa.
O árbitro auxiliar 2 será Bruno Salgado Rizo, formado em 2006. Destaque para 15 atuações em todas as divisões A do Paulista, sendo oito pela Série A-1. Pelo Brasileirão, atuação em Guarani 1x1 Tupi e Paraná x Luverdense.
O quarto árbitro será Clodoaldo Chaves da Silva, que esteve no estádio Tonicão no dia 3 de maio, mediando o jogo Atlético Assisense 2x1 José Bonifácio.
* Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA-USP.
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