Cláudio Messias*
Existe, definitivamente, um encanto, uma harmonia na relação do Atlético Assisense com a cidade de Assis. Nada, ainda, que seja suficiente para lotar as arquibancadas do eternamente inacabado estádio Tonicão. Mas, suficiente para se transformar em uma força de camisa 12, ou seja, um décimo segundo jogador que, simbólico, empurra o time. Não por acaso, foi jogando em casa, domingo passado, que o Falcão do Vale carimbou passaporte para a Segunda Fase da Segundona 2015.
O lema da torcida organizada Torcida Jovem, do Atlético Assisense, é "Assis tem dono". Alusão às treze temporadas ininterruptas que o clube registra de disputa do Campeonato Paulista. Só ficou fora em 2012, em mais um papelão protagonizada pela incompetente Prefeitura local, que, pra variar, não colocou o estádio Tonicão em condições para disputar o certame. Agora, pelo terceiro ano consecutivo, o Falcão do Vale avança para a Segunda Fase, deixando no passado temporadas que, em meio a dificuldades financeiras extremas, renderam currículo com mais derrotas do que vitórias. Experimentou o ensaio de uma gestão profissional em 2013, aprendeu duras lições em 2014, mas em 2015 assume o mais profissional de seus projetos em 20 anos de existência.
E, não adianta, torcida vai ao estádio para ver seu time correspondendo em campo. Assim, desde que embalou na Segundona 2015, na segunda metade do primeiro turno, o Atlético Assisense viu menos lugares vazios no Tonicão. Tem melhorado sensivelmente, rodada a rodada, seu desempenho de bilheteria. Bom para os cofres do clube, que, de uma situação de prejuízo aproximado de R$ 1 mil por jogo mandado, passou a cobrir os custos e conseguir fazer reserva para outras despesas eventuais que a organização de um jogo de futebol profissional exige.
Em quinze dias o Falcão do Vale levou ao Tonicão o equivalente a metade do público que registrou na Primeira Fase inteira. Para se ter uma ideia, na vitória sobre o Bandeirante (4x0), dia 27 de junho, um sábado, 76 torcedores pagaram ingresso para ir ao Tonicão. Três rodadas depois, vindo de dois jogos fora, o Falcão do Vale atendeu viu os apelos de sua diretoria, feitos nas redes sociais, ser atendido e colocou 279 pagantes no (1x1) empate como Fernandópolis.
Domingo passado, a confirmação de que a relação público-clube está mais que harmoniosa. Duzentos e noventa torcedores pagaram ingressos para assistir à vitória sobre o Tanabi (1x0), que deu a classificação antecipada para a Segunda Fase. E, agora, todas as expectativas positivas para o derby do domingo que vem, contra o Vocem, jogo que, quis o destino, tem o Falcão do Vale como mandante. Serão colocados à venda 3 mil ingressos, com expectativa de que o Falcão do Vale registre recorde histórico de público.
Para o jogo contra o Tanabi a diretoria do Atlético Assisense colocou 2 mil ingressos à venda, confeccionados pela IngressoFácil, empresa que detém junto à Federação Paulista de Futebol os direitos de exploração da gestão das bilheterias do Campeonato Paulista em todas as suas divisões. Foram devolvidos 1.710 bilhetes, com arrecadação de R$ 3.165,00, despesas totais de R$ 1.695,00 e renda final de R$ 1.469,50.
Os 290 torcedores que prestigiaram o Atlético Assisense domingo passado fizeram o clube ser o quinto, em público, na rodada. Domínio absoluto dos clubes do Grupo 1 no Ranking das Bilheterias gestado pelo Blog, coincidindo ou não que sejam agremiações classificadas com antecedência para a Segunda Fase. Destaque, novamente, para o Grêmio Prudente, que levou 692 torcedores para o empate (1x1) com o Vocem, no sábado. E olha que o time prudentino colocou 736 ingressos à venda e viu sobrar somente 44 bilhetes. Arrecadação de R$ 5.400,00, despesas de R$ 2.068,06 e renda final de R$ 3.331,94.
O Noroeste também fez jus à condição de clube classificado com destaque nas bilheterias. Levou 552 pagantes ao Alfredo de Castilho, sábado pela manhã, e também mandou confeccionar número reduzido de ingressos, devolvendo somente 47 bilhetes em pleno aniversário da cidade de Bauru. Arrecadação de R$ 5.540,00, ante despesas de R$ 2.280,00 e renda final de R$ 3.329,00.
Na parte de baixo do Ranking das Bilheterias 'liderança invertida' isolada do Diadema. Mandando seus jogos no estádio Baetão, em São Bernardo do Campo, o time do ABCD colocou somente 12 pagantes para ver a vitória sobre o Jabaquara (3x1), domingo, resultado insuficiente para mantê-lo vivo, matematicamente, na busca por uma vaga na Segunda Fase pelo Grupo 3, uma vez que dependia de tropeços de outras equipes melhor posicionadas.
Diadema colocou 200 ingressos à venda, devolveu 188 e viu sua arrecadação de R$ 180 ser estranhamente, de novo, suficiente para cobrir as despesas totais de R$ 9,30. Renda final de R$ 170,70, naquele que é o caso mais atípico de relação receita-despesa dessa edição do Campeonato Paulista, uma vez que mesmo o São Bernardo, quando manda seus jogos no Baetão, pelo mesmo Grupo 3, declara despesas de R$ 9,05 (jogo do dia 24 de julho, contra o ECUS, vitória por 2x1). Todos, pois, ao Baetão, para ver a forma milagrosa de realizar jogos com custo inferior a R$ 10. Nem em rachão de varziano paga-se tão pouco por aluguel de campo. Vai saber...
Média geral - Aos poucos a Segundona vai melhorando a média de público, apesar do pingue-pongue constante com, rodada sim, rodada não, haver ora excelentes jogos com público, ora jogos com estádios praticamente vazios.
No final de semana passado a média de público nos 14 jogos realizados (houve um jogo a menos, pois o ECUS não foi à Baixada Santista enfrentar a Portuguesa, no primeiro WO legítimo da Segundona em 2015) foi de 400,5 pagantes. Público menor se comparado à rodada anterior, que foi de 591,5, favorecido pelo mando da Inter de Bebedouro, clube que mais leva público a estádio na temporada (totaliza 11.277 pagantes até aqui).
Ao todo a Segundona 2015 levou quase um estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, às 30 bilheterias credenciadas pela Federação: 59.361 pagantes. A média geral de público no torneio é de 449,29 pagantes. Na Primeira Fase essa média era de 384,31.
* Professor universitário historiador e jornalista, é mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA-USP.
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