Cláudio Messias*
Classificar da primeira para a segunda fase da Segunda Divisão do Campeonato Paulista parece tarefa fácil. Afinal, de 5 clubes do grupo, três avançam. Tudo normal não fosse um detalhe: seu time cair no grupo da morte. Sim, essa é a definição que dou para o Grupo 2, do Clube Atlético Assisense.
Afora o Grêmio Prudente, que goza de privilegiados investimentos e trânsito sólido nos corredores da Federação Paulista de Futebol, Assisense, Tupã e Osvaldo Cruz travam briga parelha pelas três vagas do Grupo 2. Três clubes, três cidades com economia semelhante, duas vagas apenas para disputar. Um vai ficar de fora. Qual deles? Infelizmente, difícil prever agora.
O Presidente Prudente é o saco de pancadas do grupo. Mas foi justamente ele que tirou os 3 preciosos pontos do Assisense no returno. Aquela derrota por 3 a 1 custou caro. Além do saldo de gols prejudicado, o Assisense passou a carecer daquele resultado no planejamento. Tivesse empatado aquela partida e o único ponto somaria como fator de diferenciação agora, na véspera de encerramento da primeira fase.
Assisti ao jogo Presidente Prudente 3 x 1 Assisense pela Rede Vida, ou seja, na TV. E não fui a nenhum outro jogo fora de Assis. Aqui, em casa, no Tonicão, vi somente os jogos contra Presidente Prudente, Osvaldo Cruz e Grêmio Prudente. Não gostei e não gosto do modo como esse time joga. Culpa do técnico? Acho que não. Culpa dos jogadores? Talvez, sim, mas em parte deles. Culpa da diretoria? Jamais, pois todos os investimentos foram feitos da maneira mais profissional que já assisti nessa cidade de Assis. É fato, no entanto, que a expectativa de retorno criada sobre o Falcão do Vale não correspondeu nessas 8 partidas disputadas.
Com a vitória, hoje, sobre o Tupã, por 2x1, o Assisense assumiu a segunda colocação do Grupo 2, somando 12 pontos em 8 jogos. É pouco. Pouco o suficiente para poder custar a classificação. Simplesmente porque o Assisense já completou os 8 jogos a que tinha direito e fechará a primeira fase de folga. Não joga enquanto todos os demais dois concorrentes diretos pela vaga entram em campo no final de semana que vem. Dias de agonia na Fonte dos Amores.
Aquela derrota em Presidente Prudente, para o time homônimo local, é o espinho na garganta de todos. Foi a única vitória da equipe prudentina no campeonato. E se hoje o Assisense tem saldo negativo de 1 gol, é porque tomou 3 do pior time do campeonato. É exatamente nesse ponto que eu coloco em xeque todo o trabalho desenvolvido pelo Clube Atlético Assisense em 2013. Não dá, convenhamos, para chegar à última rodada dependendo do tropeço, por exemplo, do Tupã contra o péssimo Presidente Prudente e ainda tendo de torcer, em contrapartida, para que o mediano Osvaldo Cruz não vença o Grêmio Prudente já classificado e líder garantido do grupo. O mesmo Osvaldo Cruz que vencíamos fora de casa na semana passada e para quem cedemos o empate em mais uma mal explicada série de expulsões na equipe. O equilíbrio emocional que faltou naquele jogo também foi capital para o desespero de agora, uma vez que os três pontos de lá, somados aos outros três de hoje, nos colocariam na segunda fase com uma semana de antecedência.
Ao contrário de anos anteriores, em 2013 não acompanhei a rotina do Assisense. Bem que gostaria de ter ido a alguns coletivos aprontos, ter dialogado com comissão técnica e jogadores, ter sentido o clima de forma mais direta. Sobram, então, conclusões distantes da realidade. E se é para falar sobre o que me parece, prefiro ficar calado. Assumo, então, a condição apenas de torcedor. Admiro o trabalho realizado pela diretoria, o apoio dado pela cidade e a retomada da paixão da torcida, que tem feito sua parte e ido ao estádio Tonicão.
Neste domingo, preferi ficar em casa e não ir ao estádio. Na última vez em que lá estive não consegui comprar nem cerveja, pois a desorganização no estádio era tamanha que a bebida acabou já no intervalo do jogo. Saí do Tonicão, naquele dia, com a certeza de que há algo nesse trabalho do Assisense que não está batendo. Sinceramente, não sei se a cidade está acreditando mais no time do que a própria diretoria, ou se é a diretoria que não acredita que a cidade vá abarcar o time com a paixão que volta e meia é despertada. Convenhamos, se a cerveja acaba no intervalo de um jogo é porque esperava-se metade do público que realmente compareceu. E se tem uma coisa que não dá certo no universo chamado futebol é subestimar a paixão do público pelo esporte.
Soube do 2x1 do Assisense sobre o Tupã através do placar online da Federação Paulista de Futebol. E igualmente sofri, igual ou até mais se estivesse no estádio, pois o 1x1 ficou estampado rodapé da telinha do computador até minutos antes do encerramento da partida. Era empatar e, aí sim, dar praticamente adeus à vaga. Mas a vitória veio e, agora, é depender de reza e pensamento positivo para que a classificação se confirme.
Um aprendizado muito sério tem de ser tirado dessa experiência na primeira fase. Olhando ceticamente a tabela creio que Assisense e Tupã somem-se ao Grêmio Prudente como classificados do grupo 2. Nessa condição, ficaríamos com a terceira colocação, pois não acredito que o Osvaldo Cruz empate ou vença o Grêmio Prudente na última rodada. É de se ressaltar, nesse ínterim, a delicada situação do Assisense, pois o Osvaldo Cruz receberá o líder e já classificado Grêmio em casa, com sua torcida, e caso consiga um empate passará à frente do time de Assis, pois tem saldo de gol zero, enquanto nós temos um gol negativo no saldo.
Revejo a trajetória do Assisense nessa primeira fase e entendo que não fizemos uma campanha péssima. Perdemos para o Grêmio Prudente no primeiro turno, o que é normal. Anormal, mesmo, foi perder para o Presidente Prudente, que até aqueles 3 a 1 sobre nós não tinha marcado um gol sequer no campeonato. Mesmo o empate contra o Osvaldo Cruz, fora de casa, apesar de ter um jogador a mais durante boa parte do segundo tempo, também pode ser considerado normal, guardadas as circunstâncias.
Na segunda fase o Assisense tende a pegar pedreiras pela frente e isso exige, desde já, um melhor afinamento da equipe. Farei, abaixo, duas simulações para sabermos o possível grupo em que cairemos, com a ressalva de que ainda falta uma rodada e que as posições atuais das classificações podem ser alteradas.
Simulação 1
Ficando em terceiro lugar no Grupo 2 o Assisense cairá no Grupo 9, com Araçatuba (1º do grupo 1), Osasco (1º do grupo 5) e Portuguesa Santista (3ª do grupo 8). Todos esses adversários ainda têm um jogo pela frente na última rodada e, portanto, podem ser considerados apenas como possíveis confrontos.
Simulação 2
Mantendo a segunda colocação no Grupo 2 o Assisense ficaria no Grupo 14, com a já confirmada primeira colocada do grupo 6, a SEV, o Américo (2º colocado do grupo 4) e o Elosport (3º colocado no Grupo 5). Faltando uma rodada para o fechamento desses grupos 4 e 5 ainda pode haver alteração na composição dos futuros adversários.
No rol das possibilidades, o Assisense ainda corre o risco de enfrentar, caso se classifique em terceiro lugar no Grupo 2, Fernandópolis ou Tanabi (que disputam a liderança do grupo 1) ou Taboão da Serra (que disputa a liderança do grupo 5). Ficando em segundo lugar e havendo mudanças na classificação na última rodada, os outros possíveis adversários seriam XV de Jaú (que disputa a segunda posição do Grupo 4), e Cotia (que disputa a terceira colocação do Grupo 5).
Seja qual for a colocação em que o Assisense se classificará para a segunda fase, serão 6 jogos a serem disputados no próximo desafio. Para se classificar e avançar, o Falcão do Vale precisará ficar entre os dois primeiros colocados, ou, então, ficar no desespero de ser um dos 4 melhores terceiros colocados entre os 6 grupos que sobram. Caso obtenha êxito, irá compor um dos quatro grupos restantes, sendo que somente os dois primeiros colocados avançam para a quarta fase. Dali, então, com dois grupos contendo quatro clubes cada, saem os dois primeiros colocados (4 no total) que terão acesso à Série A-3 de 2014.
Trago como parâmetro o último grande trabalho feito no Assisense, o que remete à temporada de 2004. Nove anos atrás tínhamos apoio comercial da cidade e políticas públicas que viabilizavam a campanha do Falcão do Vale. Ficamos no quase, mas tínhamos o melhor técnico que já comandar um time local nesse estádio Tonicão, ou seja, Sérgio Caetano. Treinador que tinha o domínio sobre a equipe, mexia no momento certo e mantinha um sistema tático em que os jogadores revezavam-se conforme o comportamento do adversário.
É nesse aspecto que não vejo um Assisense afinado hoje. Nenhuma crítica à comissão técnica ou ao elenco, pois os trabalhos são feitos conforme o calo aperta. Mas, tem momento nos jogos do Assisense que sinto que o time precisa mudar, e não muda. E não é um mudar de troca de jogadores, de substituições. É de comportamento mesmo. E essa postura não muda, o torcedor se irrita e o caos se estabelece. Talvez, reconheço, tenhamos de esperar 2014 para que o trabalho atinja o patamar que consideramos ideal.
O saldo geral, agora, é que teremos de aguardar os resultados. E, daqui, vou olhar novamente para o placar online da Federação Paulista de Futebol e acionar meus amigos jornalistas em Osvaldo Cruz e Tupã para ao menos diminuir a ansiedade inevitável. Preço, caro, pago por termos caído no grupo da morte, mas, principalmente, por termos vacilado no momento que não permitia vacilo. Que a vaga venha, mas, concomitante, mudanças no planejamento e na gestão ocorram igualmente.
Trago como parâmetro o último grande trabalho feito no Assisense, o que remete à temporada de 2004. Nove anos atrás tínhamos apoio comercial da cidade e políticas públicas que viabilizavam a campanha do Falcão do Vale. Ficamos no quase, mas tínhamos o melhor técnico que já comandar um time local nesse estádio Tonicão, ou seja, Sérgio Caetano. Treinador que tinha o domínio sobre a equipe, mexia no momento certo e mantinha um sistema tático em que os jogadores revezavam-se conforme o comportamento do adversário.
É nesse aspecto que não vejo um Assisense afinado hoje. Nenhuma crítica à comissão técnica ou ao elenco, pois os trabalhos são feitos conforme o calo aperta. Mas, tem momento nos jogos do Assisense que sinto que o time precisa mudar, e não muda. E não é um mudar de troca de jogadores, de substituições. É de comportamento mesmo. E essa postura não muda, o torcedor se irrita e o caos se estabelece. Talvez, reconheço, tenhamos de esperar 2014 para que o trabalho atinja o patamar que consideramos ideal.
O saldo geral, agora, é que teremos de aguardar os resultados. E, daqui, vou olhar novamente para o placar online da Federação Paulista de Futebol e acionar meus amigos jornalistas em Osvaldo Cruz e Tupã para ao menos diminuir a ansiedade inevitável. Preço, caro, pago por termos caído no grupo da morte, mas, principalmente, por termos vacilado no momento que não permitia vacilo. Que a vaga venha, mas, concomitante, mudanças no planejamento e na gestão ocorram igualmente.
*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.
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