Cláudio Messias*
O blogueiro havia antecipado, dois anos atrás, a intenção da Federação Paulista de Futebol em efetuar mudanças na forma de disputa das denominadas divisões 'inferiores' do Campeonato Paulista. Fato, pois, que afora a miliionária Primeira Divisão, as demais séries A-2, A-2 e Segunda Divisão jamais foram prioridade para a instituição que nada mais, nada menos, colocou o atual - e suspeito - presidente da Confederação Brasileira de Futebol, a distinta CBF.
Quando o desaparecido Marco Polo Del Dero, vulgo presidente da CBF - aquele que não comparece a um evento sequer fora do Brasil e que aparentemente jamais, em vida, pisará em solo norte-americano -, deixou a presidência da Federação Paulista de Futebol, deu lugar a um vice-presidente que o blogueiro não conhece pessoalmente, mas que tem referências, digamos, interessantes. Tem vínculo com clube que não tem tradição na Primeira Divisão. E prioriza a formação de jogadores pelas categorias de base.
Opa! Isso basta para começar.
Reinaldo Bastos pode queimar a língua de muita gente, inclusive a do blogueiro. Mas, suas propostas de mudanças mexem diretamente na rotina dos clubes. Se quer disputar aquele que um dia recebeu o rótulo de maior torneio regional do planeta, que apresente e comprove condições. Aventureiros, amadores e politiqueiros que fiquem de fora. Jogador e comissão técnica, nesse ínterim, têm de receber salários, ter atividade profissional salubre e honrar compromissos com a parte mais importante, qual seja, a torcida.
Os dirigentes de clubes da Segundona não podem se dizer desavisados. As mudanças que agora serão anunciadas haviam sido ensaiadas dois anos atrás, no conselho técnico. Quem não acreditou, que agora jogue a toalha. Porque disputar o torneio, a partir de 2017, vai exigir, burocraticamente, garantias que nem todas as agremiações têm. Mudanças que vêm para melhorar. E como diz um amigo do blogueiro, é nessa hora que tem quem tem bala na agulha dispara e fica; quem não tem...
Alguns requisitos devem ser exigidos dos clubes na reunião que a Federação Paulista de Futebol fará nesse próximo dia 26 de janeiro, em São Paulo. Trata-se de um encontro prévio para a convocação do conselho técnico definitivo. Histórico dos últimos anos, como, por exemplo, participação efetiva nos torneios organizados pela FPF. certidões negativas de débito com, por exemplo, o FGTS, o INSS, as prefeituras, além de inexistência de pendências trabalhistas. Sim, chegou a hora de, enfim, um clube só contratar jogadores e comissões técnicas novas depois de ter acertado as pendências que deixou para trás. Sem, portanto, rastros negativos.
Outro requisito a ser exigido, com mais rigor, condiz aos estádios. A histórica cena de empurrar com a barriga - muitas vezes farta em pança - os laudos de corpo de bombeiros e vigilância sanitária não será tolerada. Estádio tem que ter banheiros em condições, seja para os torcedores, seja para a arbitragem, e também para a imprensa. Que os novos prefeitos apressem-se, principalmente aqueles que no final do ano passado apontaram o dedo aos atuais antecessores, apontando falhas nos estádios interditados. Quase um mês de nova gestão já é suficiente para regularizar aquilo de que foi zombado.
Não dá, hoje, para dizer se Assis terá dois clubes disputando a Segundona. Pode, claro, ter os dois. Mas, também, pode não ter um sequer. Esperemos as regras e as condições de disputa que serão anunciadas nesse dia 26 de janeiro. Que venha, definitivamente, o profissionalismo, seja na disputa, seja na gestão, mas, principalmente, na maneira como a Federação encara as divisões intermediárias, que há décadas merecem mais respeito.
Há especulação quanto a um afunilamento nas formas de disputa das Séries A-2, A-3 e Segundona. Podemos ter, de volta, a Divisão Intermediária, que seria a fusão entre A-2 e A-3. Nesse ínterim, em 2018, nem todos os clubes que disputam as duas divisões teriam lugar garantido, podendo, inclusive, compor a Segunda Divisão, disputas essas que seriam expandidas de maneira a não coincidir com o calendário do Campeonato Paulista da Primeira Divisão - como já ocorre com a Segundona).
Especulação não é notícia. Logo, fiquemos com os olhos fixados nessa reunião do dia 26, em que cada um dos dirigentes de clubes que disputaram a Segundona no ano passado receberão a "lista de compras" com os documentos que terão de apresentar como condição para a disputa do certame.
* Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre e doutorando em Ciências da Comunicação na e pela ECA-USP.
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