Cláudio Messias*
A cada janeiro posto, cá no Blog, os parâmetros sobre a economia da Sucupira do Vale, também chamada de Cidade de Assis. Detalhes pequenos diante de um contexto que ora mantém a Cidade Fraternal na dianteira no quesito qualidade de vida, ora a distancia dos parâmetros ideais de sobrevivência. Exploro, agora, um fator que há anos incomoda parte considerável da população economicamente ativa, ou, ao menos, quem tem algum tipo de veículo movido a gasolina.
Antes eram os viajantes que lamentavam encontrar, em Assis, combustíveis mais caros se comparados a localidades que são mais distantes das distribuidoras ou simplesmente não têm um pé de cana sequer. Como a tal da Nova Classe C passou não só a ter propriedade sobre automóveis, mas, principalmente, a viajar para outras localidades, além das divisas paulistas, esse mito foi substituído por um discurso à base da razão. Sim, nossa gasolina, nosso álcool, nosso diesel e nosso gás de cozinha são mais caros quando comparados ao que vemos em outros centros de igual ou maior porte.
Meu banco de dados para consulta, nesse aspecto, é o levantamento semanal de preços que a Agência Nacional de Petróleo (ANP) faz em todo o país. Verifico esses preços desde 1998, quando o órgão iniciou o levantamento, em forma de fiscalização contra abusos e formação de cartéis. O que posso dizer é que ora Assis tem, sim, preço mais elevado em comparação a outras regiões administrativas, ora não tem. Pelo contrário, já registrei aqui no Blog que a cidade praticara, em situações isoladas, o menor preço em comparação aos demais pólos.
Agora, contudo, a fama de cidade careira em combustíveis prevalece sobre a Sucupira do Vale. Alguns amigos vinham reclamando, no final do ano passado, durante as diversas festas de confraternização, que estavam pagando mais de R$ 3 pelo litro da gasolina só aqui, em Assis. Ouvi uma, duas, três, enfim, várias reclamações nesse sentido. E preferi esperar a divulgação do primeiro levantamento da ANP em 2015. E cá estou, confirmando os motivos parsa a choradeira.
Quando faço busca no sistema de dados da ANP verifico o que é praticado nos preços de combustíveis em Assis, Bauru, Marília, Ourinhos, Paraguaçu Paulista e Presidente Prudente. Um raio, pois, de 220 km no entorno. E encontrei, no balanço relacionado ao período de 28 de dezembro a 3 de janeiro, o preço mais baixo do litro da gasosa em Bauru, onde o preço médio é de R$ 2,88, resultante do mínimo de R$ 2,65 ao teto de R$ 2,99. Em Assis, que tem o preço mais caro, o valor médio da unidade é de R$ 3,07, com piso de 2,89 e teto de R$ 3,09.
Marília, Ourinhos, Paraguaçu Paulista e Presidente Prudente registram o mesmo preço médio do litro da gasolina, ou seja, R$ 2,9. A variação entre uma cidade e outra fica abaixo de 5 centavos. O mais incoerente, segundo a planilha da ANP, é que os proprietários de postos de combustíveis em Assis cobram mais caro pelo combustível, mas nem por isso são os que mais margem de lucro têm. Parece piada, mas em Marília a margem média de lucro por litro é de 50 centavos, enquanto em Assis esse lucro é de 49 centavos. Só que em Marília o preço médio do litro é de R$ 2,9 e em Assis, R$ 3,07.
*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA-USP.
Nenhum comentário :
Postar um comentário