15 Março 2013
Cláudio Messias*
Um dia da caça, 364 dias do
caçador. Tem sido essa a lógica do mercado desde que o comércio uniu-se para
ter garantias de redução do risco de calote. Me refiro ao controle de crédito,
ou seja, a serviços como o SCPC e a Serasa, que dominam invasivamente a vida de
todos os cidadãos na tentativa de torná-los aptos ou não a compras a prazo. Um recurso digno de países emergentes, com desconfiança
sobre aqueles que mais deveriam ser confiáveis.
Pois bem. Hoje é dia desse
sujeito, que corresponde à totalidade de 100% do povo brasileiro: o consumidor.
Nascemos, vivemos e morremos consumindo. Da roupa para o recém-nascido ao terno
de pinho, como diria o saudoso Bentinho, referindo-se ao caixão de madeira,
nascemos e morremos em consumo. E é melhor para o comércio que compremos a prazo, e não à vista, pois é essa parte pobre chamada crédito que o setor varejista administra em forma de moeda paralela de subsistência.
A hegemônica Rede Globo, através
da afiliada TV Tem, deu importância ao fato de mais de 40% dos consumidores
possuírem algum tipo de pendência com contas não pagas no prazo. E aí vêm as
aulas de economia doméstica, ensinando que não se deve gastar mais do que se ganha
e que é preciso racionalidade na gestão da vida financeira pessoal. Termina a
reportagem, vem o intervalo e lá está a propaganda das Casas Bahia com aquele
chato do garoto propaganda que voltou ao ar depois de dez anos, gritando “você
não pode perder essa promoção que a Casas Bahia programou para essa sexta-feira”.
Pasmem.
A didática global foi mais além.
De Marília veio o exemplo do banco de dados que cadastra os bons pagadores.
Nele, quem paga as contas em dia entra numa seleta lista que garante descontos,
em forma de redução de juros, para negociações futuras. Mas, já faz um ano que
ouço essa história e a versão é que o sistema ainda encontra-se em fase de
testes. Assim, nesse ínterim, sento, peço uma água, reflito e faço a pergunta:
e quem compra à vista? Afinal, não é essa a dica da maioria esmagadora dos
economistas entrevistados nos jabazões de finais e início de ano na TV, quando
o assunto são os investimentos do 13º salário e a fuga do janeirão em que vence
tudo, da paciência aos carnês de IPTU, IPVA e outros IPs da vida? “O mais
sensato é juntar o dinheiro e comprar o artigo à vista, negociando desconto no
valor bruto”, é a fala dos entrevistados. Se você paga à vista, não precisa de lista de bom pagador.
E em sentido contrário, você,
raro e exceto leitor, já viu algum tipo de divulgação? Me refiro a uma lista,
um ranking das empresas que são ótimas para consultar seu crédito em compras a
prazo, mas péssimas para respeitar os direitos previstos em leis em um país que
o mundo conhece como exemplo de desrespeito a leis. Essa lista, claro, a Rede
Globo não divulga. O jornal da sua cidade, também não. As emissoras de rádio,
que coisa, também não. Mas, ao contrário da cena Roberto Carlos de bermuda,
cabeça de bacalhau e foto de Hugo Chavez vivo em Caracas uma semana antes da data de sua
morte, muito mais do que mera especulação sobre existência essa lista é fruto
de verdade. Há empresas na lista negra de domínio dos consumidores. Quem administra esse ranking? O Procon.
Estou trazendo essa informação
porque o Procon de Assis pode ser, ainda em 2013, um dos 22 postos do serviço
de defesa do consumidor paulista a integrar o ranking que mostra as empresas
com maior índice de reclamações por parte dos consumidores. Hoje, esse serviço
contabiliza as reclamações registradas presencialmente nos postos de Santo
André, Jundiaí, Voruporanga, São José do Rio Preto, São José dos Campos, além
da capital. Ou seja, em breve poderemos saber quais são as empresas de Assis
que menos respeitam os direitos dos consumidores e/ou não cumprem com suas
obrigações mínimas de atendimento, seja ele na venda ou no pós-venda.
No acumulado do ano o ranking do
Procon tem o Grupo Vivo/Telefónica no topo, com 2.420 reclamações. Interessante,
pois nas dez primeiras colocações da lista negra do consumo há prevalência ou
de bancos ou de empresas de comunicação. São 6 de comunicação (Vivo, Claro, Tim,
Net, Oi e Sky) e 3 bancos (Itaú Unibanco, Bradesco e Santander). A décima
colocação fica com uma empresa de comércio eletrônico (Nova Pontocom).
Os dois rankings disponibilizados
pelo Procon/SP estão listados abaixo. Quando você adentrar a um estabelecimento
desses listados, saiba que da mesma forma que eles desconfiam de você, há motivos
de sobra para que você venha a colocar em xeque a confiança que deposita em forma de
credibilidade à marca deles:
Dados atualizados até: 15/03/2013 - 07:12:14
Ranking Geral
de Atendimentos - PROCON-SP
Fonte: SINDEC
Acumulado do Ano
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Fonte: Procon/SP
Sessenta
Dias
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*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre em
Ciências da Comunicação pela ECA/USP.
Um comentário :
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